Rússia acusa EUA de usar criptomoedas para eliminar a sua dívida “às custas do mundo inteiro”

“Com o tempo, quando parte da dívida nacional dos EUA for colocada em stablecoins, os EUA irão desvalorizar essa dívida”, disse o conselheiro de Putin

Anton Kobyakov, conselheiro do presidente russo Vladimir Putin, acusou os EUA de estarem usando criptomoedas para eliminar a sua dívida pública, hoje avaliada em US$ 35 trilhões. Suas falas foram ditas no Fórum Econômico Oriental, que ocorreu entre os dias 3 e 6 de setembro em Vladivostok.

Embora a Rússia também esteja se aproveitando das criptomoedas para driblar sanções impostas pelos próprios EUA, as afirmações de Kobyakov são mais duras e sugerem que o governo americano está preparando um grande reset econômico.

Outro ativo citado foi o ouro, que opera em alta de 39% desde o início do ano e segue registrando novas máximas históricas.

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Rússia diz que EUA estão usando criptomoedas para sumir com sua dívida

Donald Trump prometeu transformar os EUA na capital mundial das criptomoedas. Desde que voltou ao comando do país no início do ano, o presidente impulsionou o setor através de diversas iniciativas.

No entanto, a Rússia parece preocupada com esse avanço. Para Anton Kobyakov, conselheiro de Putin, os EUA estariam usando as criptomoedas para superar a crise de confiança em relação ao dólar americano.

“Neste momento, os Estados Unidos estão tentando mudar as regras nos mercados de ouro e de criptomoedas”, iniciou o conselheiro de Putin. “Lembre-se de quanto é a dívida deles: 35 trilhões de dólares.”

Segundo dados do FMI, a dívida da Rússia equivale hoje a 21,4% do seu PIB. Já nos EUA, essa proporção chega a 122,5%, deixando o país na oitava posição por essa métrica e como o mais endividado do mundo em termos nominais.

Dívida pública de países em relação ao seu PIB. Fonte: FMI.
Dívida pública de países em relação ao seu PIB. Fonte: FMI.

Próximo aos EUA também aparecem outros membros do G7, como Japão (234,9%), Itália (137,3%), França (116,3%), Canadá (112,5%) e Reino Unido (103,9%).

Afirmando que os EUA possuem um problema de confiança sobre o dólar, Kobyakov aponta que as criptomoedas e o ouro seriam as duas principais alternativas ao mercado global de moedas.

“As ações de Washington nessa direção demonstram claramente um dos principais objetivos da América”, disse Kobyakov. “Eles estão muito ansiosos para resolver o problema da queda da confiança no dólar.”

“Os EUA, assim como fizeram nas décadas de 1930 e 1970, resolverão seus problemas financeiros às custas do mundo inteiro, empurrando todos para a nuvem das criptomoedas.”

Esses períodos também foram recentemente citados por Ray Dalio. Na semana passada, o lendário investidor afirmou que as criptomoedas poderiam se beneficiar de uma possível crise inflacionárias.

Já a Rússia acredita que os EUA serão espertos o bastante para usá-las a seu favor.

“Com o tempo, quando parte da dívida nacional dos EUA for colocada em stablecoins, os EUA irão desvalorizar essa dívida.”

“Mais uma vez, em termos simples: neste momento eles têm uma dívida de 35 trilhões de dólares”, repetiu o conselheiro de Putin. “Eles a transferem para as criptomoedas, para a nuvem, desvalorizam e recomeçam do zero. Isto é para aqueles que realmente gostam de lidar com criptomoedas.”

As falas de Kobyakov estão sendo compartilhadas nas redes sociais, como pode ser visto no tuíte abaixo que conta com legendas em português, bem como pela grande mídia com versões dubladas para inglês.

Como funciona o xadrez das stablecoins?

Stablecoins são tokens emitidos em alguma blockchain e seu valor é atrelado ao dólar americano. Já as empresas emissoras dessas moedas ficam livres para investir o dinheiro que dá lastro aos seus ativos.

A Tether, emissora da USDT, por exemplo, já detém US$ 130 bilhões em títulos do governo americano, as chamadas ‘T-Bills’. Isso deixa a empresa entre os principais financiadores da dívida americana, superando países como Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos e Alemanha.

Tether, emissora da stablecoin USDT, é um dos maiores compradores da dívida pública dos EUA. Fonte: Messari/Reprodução.
Tether, emissora da stablecoin USDT, é um dos maiores compradores da dívida pública dos EUA. Fonte: Messari/Reprodução.

“A Tether foi o 7º maior comprador de títulos do Tesouro dos EUA em 2024, comparável a países.”

Paolo Ardoino, CEO da Tether, mostra que sua empresa foi uma das maiores compradoras da dívida pública dos EUA, superando diversos países. Fonte: X.
Paolo Ardoino, CEO da Tether, mostra que sua empresa foi uma das maiores compradoras da dívida pública dos EUA, superando diversos países. Fonte: X.

Outras empresas como Circle, emissora da USDC, fazem o mesmo processo, principalmente agora com os juros altos e o ótimo rendimento desses títulos quando comparado ao seu risco e liquidez, adicionando outros bilhões à conta.

No entanto, tanto USDT quanto USDC são limitados ao mercado de criptomoedas, sem grande penetração no uso diário como um método de pagamento.

Por conta disso, Donald Trump assinou o chamado Genius Act em julho, abrindo caminho para a digitalização do dólar por empresas privadas enquanto se mostrava contra a criação de uma CBDC (sigla para Moeda Digital de Banco Central).

Conforme essas empresas lucram bilhões, vide os números da Tether no segundo trimestre deste ano, a expectativa é que bancos também comecem a emitir suas próprias stablecoins devido a essa maior clareza regulatória.

Portanto, é possível que a dívida americana seja absorvida rapidamente com essa nova demanda, sem depender de investimento estrangeiro, diminuindo a crescente desconfiança em relação ao futuro do dólar.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.
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