Usando a plataforma Substack pela primeira vez, Sam Bankman-Fried fez um longo resumo sobre a falência de sua corretora, a FTX. Como destaque, o ex-bilionário afirmou que além de não ter roubado seus clientes, também usou sua fortuna pessoal para cobrir os prejuízos dos mesmos.
Tentando explicar como a FTX chegou ao seu fim, SBF mostra a série de eventos que derrubaram a Alameda Research. No entanto, afirma que os problemas de insolvência foram causados por Changpeng Zhao, CEO da Binance.
“Em novembro de 2022, uma queda extrema, rápida e direcionada precipitada pelo CEO da Binance tornou a Alameda insolvente.”
Outro ponto curioso no texto está relacionado a FTX US. Segundo SBF, sua empresa baseada nos EUA está, e sempre esteve, solvente. Ou seja, isso pode estar sendo usado nos tribunais para aliviar seu julgamento.
Sam Bankman-Fried diz que é inocente
Na casa de seus pais após o pagamento de R$ 1,2 bilhão em fiança, Sam Bankman-Fried segue utilizando suas redes sociais para falar sobre a falência da FTX.
No entanto, seu novo texto era grande demais para ser diluído em tuítes. Por conta disso, SBF utilizou outra plataforma para novamente se declarar inocente e tentar ganhar alguma credibilidade com o público.
“Não roubei fundos e certamente não guardei bilhões. Quase todos os meus ativos foram e ainda são utilizáveis para ajudar clientes da FTX.”
Fundador da FTX põe culpa em seu maior rival
Sendo a Alameda Resarch, outra empresa fundada por SBF, a raiz dos problemas da FTX, o ex-bilionário usou boa parte do texto para tentar explicar o que aconteceu com sua empresa de trading.
Citando uma alavancagem de 1,06x da Alameda, SBF então lista as principais quedas de 2022 que a levaram a falência.
Como exemplo, cita três quedas seguidas do Bitcoin, de 30% cada, bem como o preço da Terra (LUNA) chegando a zero e o aumento da taxa de juros pelos EUA, o que enfraqueceu o mercado. Na sequência, aponta para a falência de gigantes como 3AC, Voyager, BlockFi, Celsius e Genesis.
“Então veio o fatídico tuíte de CZ [Changpeng Zhao], após uma campanha de relações-públicas extremamente eficaz de meses contra a FTX — e o crash.”
Tal tuíte, mostrado abaixo, foi publicado pelo fundador da Binance no dia 6 de novembro, dando início a uma corrida de saques da FTX, bem como uma forte queda de preços no token FTT.
“Como parte da saída da Binance da FTX no ano passado, a Binance recebeu cerca de US$ 2,1 bilhões equivalentes em dinheiro (BUSD e FTT). Devido às recentes revelações que vieram à tona, decidimos liquidar qualquer FTT remanescente em nossos livros.”
As part of Binance’s exit from FTX equity last year, Binance received roughly $2.1 billion USD equivalent in cash (BUSD and FTT). Due to recent revelations that have came to light, we have decided to liquidate any remaining FTT on our books. 1/4
— CZ 🔶 Binance (@cz_binance) November 6, 2022
Por fim, o ex-bilionário aponta que “nenhum montante foi roubado” e que a “Alameda perdeu dinheiro devido a um crash do mercado”, assim como aconteceu com tantas outras empresas no ano passado.
SBF tenta deixar a FTX US fora dos tribunais
Outro ponto novamente comentado por SBF está relacionado a FTX US, corretora que atuava apenas nos EUA. Segundo Bankman-Fried, esta não tem nenhuma ligação com a insolvência da FTX Internacional.
“A FTX US está totalmente solvente e sempre esteve”, escreve SBF. “Quando passei a FTX US para o Sr. Ray […] ela tinha cerca de US$ 350+ milhões em caixa líquido disponível além dos saldos dos clientes. Seus fundos e clientes eram segregados da FTX International.”
Conforme a FTX US era uma corretora regulamentada nos EUA, sua falência (e calote a clientes americanos) pode gerar um resultado bastante diferente nos tribunais.
Portanto, a tentativa de separar as duas é uma mostra que Sam Bankman-Fried está tentando aliviar a decisão de seu julgamento. Outras partes do texto, como sua declaração de inocência, parecem ter o mesmo propósito.