Um servidor público de Marília, interior de São Paulo, recebeu uma suspensão por minerar criptomoedas no ambiente de trabalho. O caso foi flagrado em 2021, quando fiscais da prefeitura identificaram uma situação um pouco estranha no ambiente de trabalho do servidor.
Programador e eletricista no Departamento Municipal de Água e Esgoto de Marília, ele é tido pelos colegas como um bom profissional, que ajuda sempre que chamado. Além disso, ele desenvolvia suas atividades em uma sala pequena e considerada insalubre até pelo técnico de segurança do trabalho local, o que o levou a instalar um ar condicionado por sua conta.
Cabe o destaque que a mineração de criptomoedas é uma atividade essencial para o funcionamento das redes públicas, garantindo sua segurança e validando transações.
Servidor municipal tentou se defender de acusações
Acusado de minerar criptomoedas ilegalmente, o servidor foi flagrado por técnicos de computação da prefeitura, que viram telas em seu computador que remetiam a possível prática de mineração.
Na ausência do servidor, eles ligaram seu computador e flagraram programas em seu computador que são utilizados neste processo, filmando toda a ação de fiscalização e apresentando para os superiores.
Em sua defesa, o eletricista respondeu a um processo instaurado sobre seu caso, dizendo que a fiscalização foi ilegal, visto que foi realizada em sua ausência, ou seja, não seria claro que ele seria o responsável por praticar a atividade estranha.
Colegas chamados a testemunharem sobre o caso elogiaram o servidor e disseram que sua conduta sempre foi de um bom profissional, prestativo, e que nunca praticou nada em desacordo com o cargo. A comissão que analisou o processo administrativo também verificou que ele não tinha antecedentes que desabonassem sua conduta.
Servidor público acusado de minerar criptomoedas quase foi demitido
Após a apuração do caso, em conversas com vários servidores da prefeitura de Marília, a comissão que julgou o caso chegou a uma decisão.
De acordo com eles, as provas de que o servidor minerou criptomoedas, utilizando energia do trabalho, são fartas. Assim, ele poderia ser demitido por utilizar bens públicos para proveito pessoal.
“Há farta prova documental nos autos (fotos e gravações) que demonstram, incólume de dúvidas, que o servidor acusado utilizou computador e a energia elétrica da Autarquia para desenvolver atividade estranha ao seu serviço (mineração de criptomoedas) objetivando proveito pessoal.”
Contudo, como ele tem bons antecedentes, sempre ajudou e está em final de carreira, aguardando para se aposentar, a comissão julgou razoável não o demitir. Dessa forma, o servidor recebeu uma pena de suspensão de 90 dias pela suposta prática fraudulenta, decisão essa publicada no Diário Oficial de Marília nesta quinta-feira (7).
O caso chama atenção por ser um dos primeiros relatos de servidores públicos acusados de roubar energia para minerar criptomoedas no país.