Analistas do JPMorgan acreditam que stablecoins podem ter um grande impacto no setor financeiro tradicional dos EUA. O motivo seria a proibição do Banco Central dos EUA sobre o acesso a fundos monetários criados com o único intuito de acessar seu programa de recompra inversa overnight (ON RRP, na sigla inglesa).
Com a proibição, emissores de stablecoins precisaram recorrer a outros ativos para ganhar dividendos, como os títulos do Tesouro americano. Em outras palavras, isso estaria enfraquecendo um mercado que já está fraco.
Segundo dados do CoinMarketCap, as cinco maiores stablecoins possuem um valor agregado de US$ 117,5 bilhões (R$ 592 bilhões), mas estão em declínio desde o colapso da TerraUSD (UST) em maio de 2022.
JPMorgan está preocupado com emissores de stablecoins
Estatísticas revelam que o programa de compra reversa do Fed atraiu mais de US$ 2,4 trilhões desde o início de 2021 até o início deste ano. No entanto, esse número já caiu US$ 1 trilhão nos últimos meses, chegando até US$ 1,4 trilhão atualmente.
“Embora proibir o acesso a fundos não padronizados do mercado monetário faça sentido do ponto de vista da estabilidade financeira, corre o risco de perturbar o piso já fraco para as taxas de mercado que o ON RRP do Fed fornece atualmente”, escreveram os estrategistas do JPMorgan. O texto foi divulgado pela Bloomberg.
Tal proibição aconteceu ainda em abril deste ano, obrigando emissores de stablecoins a recorrerem a outras fontes de renda. Segundo a Bloomberg, 60% dos ativos das duas maiores stablecoins estão em títulos do Tesouro e apenas 25% no programa acima.
No caso da Tether, seus investimentos nos títulos do Tesouro dos EUA já são maiores do que países como Emirados Árabes Unidos, México, Tailândia e diversos outros.
Já o motivo dessa migração seria uma busca por retornos mais altos, fornecidos pelos títulos do Tesouro. Embora stablecoins sejam responsáveis por apenas 2% desse mercado, os estrategistas estão apontam que elas podem causar um desiquilíbrio na oferta e demanda de tais ativos, reduzindo suas taxas no caso de grandes liquidações.
“Embora seja um risco de cauda (improvável), o mercado de criptomoedas parece estar mais propenso a ele.”
“Além disso, qualquer liquidação massiva provavelmente seria limitada pelos balanços dos revendedores e sua capacidade limitada de intermediação, o que também poderia impactar o NAV de outros emissores de stablecoin e outros detentores de liquidez”, finalizaram os estrategistas do JPMorgan.
Por fim, a Receita Federal Brasileira revelou nesta terça-feira (26) que a principal criptomoeda negociada por brasileiros é a Tether (USDT). Portanto, a situação também impactaria a vida de investidores não-americanos no caso de uma crise de liquidez.