Taproot: Bitcoin recebe atualização mais importante da história

Embora o taproot não vá transformar o Bitcoin imediatamente em um concorrente do Ethereum em questão de contratos inteligentes, sua linguagem será melhorada tanto na primeira camada quanto na segunda, como no caso da lightning network.

A atualização Taproot acaba de ser implementada na rede do Bitcoin nesta madrugada de domingo (14) no bloco 709.632. Ela consiste na aprovação de três propostas de melhoria do bitcoin (BIP), os BIPs 340, 341 e 342 e tem como principais objetivos melhorar a segurança, eficiência e sobretudo a privacidade dos usuários.

Estes BIPs estão relacionados a assinatura de Schnorr, ao próprio taproot e ao tapscript. Seu sucesso agora está nas mãos de serviços e usuários que podem escolher se desejam utilizar os novos recursos, bem como abre caminho para contratos inteligentes no Bitcoin.

Os mineradores já haviam sinalizado apoio ao Taproot em junho deste ano e, por questões de segurança, sua introdução levou cinco meses para finalmente ser implementada.

Assinaturas de Schnorr

A assinatura de Schnorr leva o sobrenome de seu criador, Claus-Peter Schnorr, e embora já existisse na data de criação do Bitcoin, não foi utilizada devido a sua patente ainda estar ativa, expirando em 2008. Vale notar que o bloco gênesis foi minerado em janeiro de 2009, porém Satoshi Nakamoto já estava trabalhando no projeto antes disso.

Por conta disso, Nakamoto utilizou ECDSA (Algoritmo de Assinatura Digital de Curvas Elípticas), como o próprio nome sugere, é um algoritmo que assegura que uma transação só pode ser feita por seu devido dono. Em outras palavras, ela é responsável pela geração das chaves privadas e pública, permitindo que os fundos sejam gastos através de uma assinatura digital.

Conforme as assinaturas de Schnorr são mais simples do que as ECDSA, seu uso no Bitcoin já está sendo mencionado desde 2012, sendo citado inúmeras vezes. Então, após anos de espera, finalmente elas chegaram ao Bitcoin neste domingo (14) junto com o taproot e o tapscript.

Benefício das atualizações

Um dos principais benefícios desta atualização tripla é a melhoria em transações que usam assinaturas múltiplas (multisig), ou seja, transações que precisam de duas de três (2/3) assinaturas para serem realizadas. Este uso é muito comum por empresas para uma melhor prática de segurança dos fundos, porém não se limita apenas a isso.

Conforme estas assinaturas múltiplas podem requerer mais partes, como 5 de 8 assinaturas, por exemplo, estas transações ficam mais pesadas. Como as assinaturas de Schnorr conseguem diminuir o peso delas com assinaturas mais leves, isso representa taxas menores, além de ocupar menos espaço na blockchain como um todo.

Outro ponto melhorado, e esperado por muitos, é a privacidade. Agora as transações multisig serão idênticas a transações comuns, dificultando as suas identificações.

Dois casos que se terão benefício direto disso tudo são o CoinJoin, no qual várias pessoas reúnem suas transações em apenas uma, dificultando o rastreamento das moedas transacionadas, e a lightning network durante a abertura de canais privados.

Dito isso, a sua adoção será de extrema importância para que esta maior privacidade seja realmente impactante dentro do Bitcoin.

Bitcoin mais inteligente

Embora o taproot não vá transformar o Bitcoin imediatamente em um concorrente do Ethereum em questão de contratos inteligentes, sua linguagem será melhorada tanto na primeira camada quanto na segunda, como no caso da lightning network.

Dentre alguns exemplos estarão o bloqueio e liberação de fundos após um certo período ao usar Point Time Locked Contracts (PTLC), sem revelar isso publicamente como é feito hoje através do HTCL (Hash Time Locked Contract).

Desta forma o Bitcoin poderá ter mais uso em seus contratos, bem como ocultar certas partes de um script, que não precisaram ser executadas, revelando apenas a parte executada, tornando estas transações mais leves e por consequência mais baratas.

Por fim, os endereços usados serão bench32m — uma variação do bench32 introduzido com o SegWit — e começarão pelos caracteres bc1p.

Quanto tempo para a adoção dos usuários

Como esta atualização do Bitcoin não é obrigatória, seus usuários poderão continuar usando a rede como sempre utilizaram. Um bom comparativo é o SegWit, introduzido em agosto de 2017, que necessitou de mais de um ano para atingir 50% do uso da rede, embora ainda crescente. Hoje, quatro anos depois, endereços segwit são responsáveis por mais de 80% dos envios no Bitcoin.

Envios usando endereços SegWit. Fonte: transactionfee.info

Todavia vale lembrar que essa atualização não será tão usada por transações e usuários comuns, em comparação com o SegWit. Apesar disso, transações multisig já representam 11% de todas transações, e esta atualização, conforme utilizada, beneficiará todos usuários da rede.

Qual o impacto econômico e financeiro que o Taproot teria no mercado?

O taproot do bitcoin traz mais segurança às transações, melhora a escalabilidade e a privacidade, mas seu impacto no mercado é praticamente zero, porque os drivers de investimento ainda não sabem o que é taproot e de que forma ele impacta nas transações de bitcoin, disse Ray Nasser, CEO da Arthur Mining.

As melhorias promovidas por essa atualização estão mais relacionadas à experiência de transferir Bitcoin. As taxas tendem a ficar mais baixas, e haverá mais transações por bloco, mas acredito que por as mudanças serem mais técnicas, só serão sentidas de fato por quem faz muitas transações no bloco.

Como o preço do bitcoin será afetado?

O preço do bitcoin não será afetado por essa atualização. Quando meses atrás foi anunciado pelos mineradores que haveria o taproot, por exemplo, o preço do bitcoin não mudou nada.

Vale ressaltar que as altas sucessivas do bitcoin que temos acompanhado se dão por um crescimento no spot do BTC, e não nos futuros com alavancagem, o que torna essas subidas mais sólidas – até porque o chão do preço do BTC hoje está em US$ 60 mil.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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