Apesar da Unick Forex e Indeal serem possíveis pirâmides de Bitcoin que atuavam com sede na mesma cidade, o fim da última tremeu as estruturas da primeira. Isso porque a operação Egypto, com vários policiais federais, movimentou a região e mostrou que as autoridades estavam de olho nos golpes.
A Indeal foi encerrada de forma abrupta, sem conversa ou pedido de explicações, com seus líderes indo para a prisão. Na condução da Operação Egypto, em maio de 2019, 150 Policiais Federais cumpriram mandados de prisão em três estados.
Ao ver o fim da principal concorrente no setor de pirâmides financeiras cair, a Unick sentiu “o frio na espinha“. Isso é o que mostra nas interceptações telefônicas obtidas pelo Livecoins.
Com fim da Indeal, a estrutura da Unick Forex tremeu, líderes do esquema se mostraram preocupados
O município de Novo Hamburgo, no estado do Rio Grande do Sul, foi palco de grandes operações da PF no ano de 2019. A primeira foi quando a Indeal, que prometia rendimentos fixos com Bitcoin, foi encerrada na cidade.
A sede da empresa foi revistada, líderes foram presos e a cidade viu um movimento anormal. De fato, vários investidores da Indeal eram moradores de Novo Hamburgo e viram seus investimentos irem pelo ralo.
Contudo, não foi apenas os clientes da Indeal que se sentiram intimidados pela Operação Egypto. De acordo com interceptações telefônicas, feitas pela PF e obtidas pelo Livecoins, os líderes da Unick Forex sentiram que o vento estava mudando.
No mesmo dia em que a Indeal foi encerrada, 21 de maio de 2019, o líder da Unick Fernando Lusvargui ligou para Danter Navar. Em conversa gravada pela PF, ocorrida em 12:33 horas daquele dia, Fernando pediu que Danter criasse um material educativo para fazer com que a Unick dissociasse a imagem de pirâmide.
Essa movimentação dos Diretores da UNICK ocorreu no mesmo dia em que foi deflagrada a “Operação Egyto”, realizada pela Polícia Federal em conjunto com a Receita Federal e Polícia Civil, onde 10 pessoas foram presas preventivamente por suspeita de participação nos crimes de operação de instituição financeira sem autorização legal, gestão fraudulenta, apropriação indébita financeira, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Ligação de Fernando para Danter expôs medo do fim da Indeal
Ao que tudo indica, quando a Indeal foi encerrada a Polícia Federal já estava de olho na Unick Forex, ou seja, já não adiantava mais realizar muitas mudanças no modelo de negócios. Apesar disso, os líderes da Unick tentaram mudar sua imagem pública, inclusive criando a Unick Academy.
Esse diálogo demonstra a preocupação de DANTER NAVAR DA SILVA, diretor de marketing da empresa UNICK, bem como de FERNANDO LUSVARGUI em oferecerem o mais rápido possível os cursos anunciados para os investidores da UNICK como uma forma de demonstrar que eles oferecem produtos para os clientes e não agem na captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros.
Após conversar com Danter e alinhar que a Unick deveria se reposicionar, Fernando entrou em contato com Fabrício Romão, proprietário da Locness Informática e Comunicação EIRELI. A empresa Locness, com sede em Brasília, construía os sistemas utilizados pela Unick.
De acordo com interceptações feitas pela PF, a Locness era uma empresa de Fernando Lusvarghi, usada para suposta lavagem de dinheiro e prestação de serviços para a Unick. Uma conversa gravada de Fernando expõe que, após o fim da Indeal, os líderes corriam para mudar a imagem da Unick Forex.
“Então, mas aí tem um plano de contingência publicitária, de marketing, pra reeduca a rede e o pessoal foca em educacional. O produto da SMITH que a LOTUMUS [“Locness”] tá desenvolvendo e que vai começa a entra no ar aos poucos aí nos próximos dias. Já tem um produto quase finalizado e tal. É o principal foco agora pra inverte essa imagem, do, do pessoal para de fala em investimento e passa a fala em educação.”