Após a terceira maior corretora de criptomoedas do mundo provar-se insolvente, o temor se espalhou pela indústria. Um bom exemplo é a carteira da Crypto.com batendo um recorde de transações enquanto usuários tentam sacar suas criptomoedas.
Segundo dados on-chain, a corretora realizou cerca de 90.000 transações apenas neste domingo (13). Em dias comuns, este número fica na volta das 5.000 transações, ou seja, houve um aumento de 18 vezes nos pedidos de saque.
Outro ponto que pode estar causando medo nos investidores foi a notícia que a Crypto.com enviou US$ 2 bilhões em ETH para o endereço errado. Segundo Kris Marszalek, CEO da Crypto.com, tais fundos acabaram nas mãos da Gate.io, mas já foram devolvidos.
A transação ocorreu ainda em outubro, antes da falência da FTX, mas só foi percebida na última semana. Alguns usuários estranharam que a Gate.io, receptora dos fundos, realizou uma auditoria de fundos próximo à data da transação bilionária, comentando que ambas poderiam estar fraudando relatórios.
Usuários relatam problemas de saque na Crypto.com
Relatos de alguns usuários do Twitter apontam que a Crypto.com está com lentidão no processamento de saques. Segundo um levantamento do Livecoins, outros também estão reclamando da dificuldade no saque de criptomoedas específicas, como Hedera (HBAR).
“Ok, enviei alguns fundos de volta para a Crypto.com para testar se as retiradas estão funcionando. Nunca tive um problema porque geralmente é instantâneo. Mas já se passaram mais de 4 horas”, relata um usuário.
Horas depois o mesmo usuário comenta que seu pedido de saque foi concluído. “Melhor prevenir do que remediar”, finalizou.
Outro tuíte com mais de 300 respostas pede se os usuários realmente estão tendo problemas nos saques. Em sua maioria, os comentários são que não há problemas e que o todo alvoroço não passa de FUD, sigla em inglês para Medo, Incerteza e Dúvida.
Por que as pessoas estão com medo da Crypto.com estar insolvente?
O medo de insolvência da Crypto.com pode estar relacionado as suas semelhanças com a FTX, que deixou milhões de clientes no prejuízo na semana passada. Enquanto a FTX possui o token FTT, a Crypto.com possui o CRO, por exemplo.
Indo além, ambas gastaram milhões em anúncios do Super Bowl. Enquanto a FTX trouxe Larry David, a Crypto.com criou uma propaganda com LeBron James, astro da NBA, mas é ainda mais lembrada por outro anúncio, com Matt Damon.
“A fortuna favorece os bravos.”
As semelhanças seguem, afinal a Crypto.com adquiriu os direitos de nome do Staples Center, famoso estádio dos Los Angeles Lakers, assim como a FTX fez com uma arena em Miami.
Ou seja, as pessoas estão desconfiadas que esse marketing excessivo seja uma bandeira vermelha, algo que foi ignorado no caso da FTX. Portanto, embora seja impossível saber se a Crypto.com está insolvente ou não, quem sacar suas criptomoedas primeiro corre menos risco, como notado por Arthur Hayes.
CEO da Crypto.com fala sobre rumores
Em semana agitada, Kris Marszalek passou a semana respondendo a acusações e participando de entrevistas para diversas mídias. Segundo o CEO da Crypto.com, sua corretora não está com nenhum problema de caixa e provará isso conforme o número de saques aumenta.
“CEO da Crypto.com minimiza os medos de contágio do FTX, diz que provará que os opositores estão errados à medida que as retiradas aumentam”, aponta uma manchete da CNBC compartilhada pelo CEO da Crypto.com.
https://t.co/pStrsPFhQg CEO downplays FTX contagion fears, says he’ll prove naysayers wrong as withdrawals rise https://t.co/HsZF7IawP4
— CNBC (@CNBC) November 14, 2022
Contudo, isso não foi o suficiente para acalmar a comunidade. Afinal, Sam Bankman-Fried da FTX também tentou tranquilizar com falas semelhantes, que até convenceram os mais ingênuos, mas provaram-se falsas.
Pedido de saques contagia indústria de criptomoedas
A Crypto.com não é a única trabalhando em excesso para processar os saques de clientes. Segundo dados da Nansen, as corretoras Binance, Huobi e Gate.io são as três que estão registrando mais saques que depósitos de suas plataformas.
Em outra imagem, a Nansen aponta que a maioria dos saques são na stablecoin USDT, um total de US$ 24,3 milhões. Na sequência aparecem saques de ETH e USDC, com 11,7 e 10,7 milhões de dólares, respectivamente, em apenas uma hora. Entretanto, nota que apenas saques de ETH e tokens ERC20 foram observados.
Por fim, a falência da FTX é um lembrete que nenhuma instituição é confiável e que devemos manter nossas criptomoedas sobre nossa própria custódia. Afinal, foi para isso que Satoshi Nakamoto criou o Bitcoin.