Um youtuber brasileiro tem rodado o Brasil com seu projeto “Palavra de Satoshi“, mostrando que o Bitcoin não é uma especulação de mercado, mas sim uma moeda e promissor meio de pagamento.
Ex-músico, Vinícius Kinczel conversou com o Livecoins e apresentou tudo que tem feito para levar mais conhecimento para as pessoas sobre o assunto.
Visionário e entusiasta do bitcoin, ele planeja os próximos passos para ajudar o Brasil a ter um projeto pioneiro com a moeda digital.
“Voltei da Europa nas manifestações de 2013, quando conheci o Bitcoin”
De Porto Alegre, Vinícius Kinczel morou por alguns anos na Europa e, quando voltou ao Brasil, o país vivia um clima de manifestações públicas em 2013, às vésperas das eleições de 2014.
Na ocasião, ele lembra que muitos de seus amigos ou torciam para a ex-presidente Dilma ou para Aécio Neves, mas ele entendeu que não compactuava com nenhuma dessas visões para um futuro melhor.
Assim, percebeu em meio ao movimento que havia um grupo de youtubers, como Daniel Fraga, por exemplo, que não tinham lado e defendiam uma sociedade livre e sem os poderes do estado.
Ao conhecer o debate libertário, logo o Bitcoin apareceu em sua vida como uma solução de dinheiro que não dependia do estado brasileiro e nem sofria influência do mesmo. Quando conheceu o bitcoin, ele viu a moeda apenas pela sua cotação, que logo desvalorizou muito e ele então deixou para lá o assunto.
Em 2015, tomando uma cerveja, Vinícius conheceu o bitcoin de verdade
Após conhecer o bitcoin como uma especulação, vendo sua volatilidade de preços em corretoras, Vinícius resolveu ir até um bar em 2015, onde teria um encontro com Fernando Ulrich e Raphael Lima do canal Ideias Radicais.
Ele se lembra haverem no máximo sete pessoas na mesa do bar, quando conheceu o bitcoin de verdade, como uma moeda promissora e livre do estado.
Rapidamente retomou os estudos sobre bitcoin e começou a divulgar em suas redes sociais as teorias libertárias e o assunto da moeda digital. Vários de seus amigos se interessaram pelo debate e Vinícius ajudou muitos deles a comprar seus primeiros satoshis.
Ao ajudar conhecidos, ele viu que o Bitcoin poderia ser um nicho de mercado, quando ele resolveu se tornar um P2P e logo abandonou a carreira de músico.
Vivendo apenas de bitcoin desde então, ele seguiu estudando sobre liberdade e a moeda digital, dando conselhos sobre o assunto.
“Queda de 2018 afetou a confiança no mercado, mas vendi tudo que eu tinha para comprar bitcoin”
Vivendo de bitcoin, Vinícius se lembra de que em 2017 muitos novos investidores chegaram no mercado e compraram muito da moeda digital, movimentando seu negócio.
Contudo, em 2018, muitos que compraram bitcoin com ele ficaram com a confiança abalada com a queda brutal da moeda, que saiu de R$ 70 mil para R$ 16 mil em poucos meses.
Ao ver a queda do bitcoin, o entusiasta acabou vendo uma oportunidade de sua vida e vendeu tudo que tinha, uma casa e outros bens, comprando o que pode para seu futuro.
“Eu vendi tudo que tinha. Eu tinha uma casa, um carro, uma parte de um negócio, um terreno, dei all in no começo de 2019 e resolvi que não queria mais ter dinheiro estatal, passando a ter apenas bitcoin.”
Naquele ano, ele ainda conheceu o projeto Bitcoineta e deu apoio quando a Kombi passou pelo Brasil apresentando o Bitcoin, momento que ele conheceu ainda mais sobre a moeda e viu como era o processo de educação.
Ali, Vinícius Kinczel resolveu criar um canal no YouTube para espalhar conhecimento pela internet.
“Youtubers querem ensinar o Bitcoin como especulação e gráficos, eu ensino os fundamentos da moeda”
Resolvido a criar um canal no YouTube para ajudar outras pessoas a compreenderem o bitcoin como ele entende, Vinícius se preparou em 2019 para começar o seu projeto.
No entanto, ele não contava que meses depois uma pandemia restringiria viagens e comércios pelo Brasil, então ele esperou até que tudo melhorasse para começar o que tanto queria.
Agora em 2022, Kinczel retomou com seu projeto de espalhar a palavra de Satoshi Nakamoto pelo Brasil, fazendo viagens por todo país, muitas vezes sem um roteiro definido, para ajudar pequenos comerciantes a aceitarem a moeda digital como meio de pagamento.
Vinícius lembra que muitos youtubers brasileiros focam em ensinar o bitcoin como uma especulação, mas para ele, essa é uma moeda que pode mudar a história do Brasil, assim como tem feito em outros países.
“Eu estou fazendo algo que eu não vejo muitos fazendo, que é o pequeno comerciante, eu abordo a ideia filosófica do dinheiro livre e tento convencê-los a aceitar essa moeda. No Brasil, eu vejo que se balançar uma árvore aparece muitos youtubers falando de gráficos, de especulação, médias móveis. Quem assiste aquilo acha que bitcoin é gráfico, é trade. Eu quero ajudar as pessoas a realizarem transações com bitcoin, por isso eu abri meu canal.”
Bitcoiner quer criar uma Bitcoineta no Brasil para rodar o país ensinando as pessoas, mas antes tem uma missão no Nordeste
Ao Livecoins, Vinícius, o fundador do canal Palavra de Satoshi, que está ainda em seus primeiros meses, contou que tem o plano de criar um projeto similar ao da Bitcoineta no Brasil, rodando o país para ajudar a todos que querem conhecer melhor a moeda digital.
No entanto, ele conheceu o projeto Bitcoin Beach Brasil, idealizado por Fernando Motolese em Jericoacoara (CE), se apaixonando pelo que está sendo construído no local.
Considerado um paraíso no litoral do Brasil, essa cidade tem visto uma rápida adoção de bitcoin como meio de pagamento e os planos da comunidade local não param por aí.
Vendo que Jeri está adotando o bitcoin, Vinícius resolveu que vai morar no local em 2023, ajudando a comunidade a criar as bases do que pode ser um movimento pioneiro em todo o mundo.
Isso porque, de acordo com ele a intenção é ajudar as pessoas a colocarem o preço de seus produtos em Bitcoin, algo ainda não realizado nem mesmo em El Salvador.
“Queremos tornar Jericoacoara na primeira cidade cripto do mundo. Em 2023, queremos fazer o primeiro evento com tudo precificado em Bitcoin do Brasil.”
Quais as maiores barreiras para comerciantes aceitarem bitcoin?
Em conversa com o P2P de Bitcoin que tem buscado ensinar sobre a criptomoeda, Vinícius disse que estamos ainda na infância da moeda digital, ou seja, ainda há algumas barreiras que impedem comerciantes de aceitarem a moeda.
Uma das barreiras que Vinícius já viu foi em Goiânia, quando tentou ajudar comerciantes da 44 a aceitarem a moeda como meio de pagamento, mas todos estavam traumatizados com uma pirâmide de criptomoedas que lesou vários dos lojistas da região.
Mesmo assim, um dos lojistas locais já era fã do bitcoin e explicou a situação para o youtuber, ao aceitar o pagamento em uma camisa.
Outro problema que Vinícius viu foi de pessoas que investiram em criptomoedas alternativas no passado e perderam muito dinheiro com isso.
Um exemplo dado pelo youtuber foi de São Tomé das Letras, em Minas Gerais, que teve a comunidade Dash tentando colocar essa moeda como meio de pagamento. Contudo, o preço da Dash desvalorizou muito e a comunidade ficou com grande prejuízo, então, aceitar bitcoin ainda é complicado para alguns comerciantes locais, ainda que outros tenham entendido que altcoins são um problema e já considerem experimentar o bitcoin.
“Eu não vejo problemas na existência de outras criptomoedas, mas acho que o foco deveria ser sair da era Dólar e colocar o Bitcoin como a moeda principal para isso. Assim, acho que a comunidade deveria se unir em prol dessa causa.”
Outra barreira vista pelo youtuber ao ensinar as pessoas é quando ele tem de explicar o conceito de dinheiro, passo que considera inicial ao apresentar o bitcoin. Dessa forma, há um processo para convencer as pessoas a aceitarem bitcoin, algo que as escolas não ensinam ninguém.
“Estou muito motivado a continuar meu trabalho”
Ao ensinar as pessoas, ele costuma ajudar os iniciantes a baixarem a BlueWallet e envia alguns satoshis para já mostrar como funciona.
Após já ter ajudado muitos a aceitarem BTC, mas ainda em seu estágio inicial, o youtuber acredita que seu trabalho está apenas começando e se diz muito motivado para ajudar o bitcoin a ser uma moeda no Brasil.
Todas as experiências são gravadas e apresentadas no canal Palavra de Satoshi, que mostra na prática o que é aceitar bitcoin como meio de pagamento.
Sobre quem é Satoshi Nakamoto, claramente homenageado por seu canal, Vinícius Kinczel diz que não vê esse como uma pessoa, mas como uma divindade que transcendeu.
“Eu vejo Satoshi como o criador, então quando eu abordo comerciantes, eu considero que estou levando a palavra do criador. Minha forma de ver é que Satoshi é uma entidade divina, não humanos por trás. Não quero saber se é homem, mulher ou grupo de pessoas, para mim ele transcendeu a humanidade.”
Sobre o que daria de conselhos para as pessoas, o youtuber disse a primeira seria de que todos assistissem seu canal, sendo a segunda de que todos aceitem bitcoin como meio de pagamento. Como P2P, ele considera ser o único que aconselha seus clientes a nunca vender.