Nos próximos três anos, sete bancos centrais espalhados pelo mundo podem emitir suas próprias moedas digitais (CBDC). Isso significa que, até 2023, cerca de 1,5 bilhão de pessoas – número de indivíduos atendidos por essas instituições bancárias – provavelmente usarão criptomoedas ou tolkens digitais em suas transações.
A informação consta em uma pesquisa feita pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, em inglês). No estudo, divulgado neste mês, a organização responsável pela supervisão bancária global ouviu 66 bancos centrais. Desse total, 21 estão localizados em países desenvolvidos e 45 em países com economias emergentes. O Brasil é um deles.
Por que os bancos pretendem lançar suas próprias criptomoedas?
Os pesquisadores do Bis perguntaram aos representantes dos bancos centrais quais as principais motivações para o uso da nova tecnologia. Na pesquisa, foi feita a divisão entre “criptomoedas para uso geral”, que servem como dinheiro digital, por exemplo, e tokens digitais com acesso restrito (wholesale).
As respostas dadas variaram.
Os países como economias emergentes, como o Brasil e Colômbia, por exemplo, têm “motivações mais fortes” para utilizar criptomoedas para uso geral. As principais razões são substituição de cédulas, eficiência de pagamentos domésticos, segurança nos pagamentos e inclusão financeira. Já para economias bem desenvolvidas, a única motivação citada foi a segurança dos pagamentos.
No caso dos tolkens “wholesale”, as motivações para os países em desenvolvimento são melhorar eficiência de pagamentos domésticos, segurança das transações e estabilidade financeira.No caso das economias avançadas, o aumento da eficiência dos pagamentos transfronteiriços é a principal razão.
80% dos bancos centrais mundiais têm pesquisas na área de criptomoeda
Apesar de apenas sete bancos centrais afirmarem que estão prestes a lançar criptomoedas próprias, a pesquisa também mostrou que 80% das instituições pesquisadas estão envolvidas em algum tipo de trabalho focado nas CBDC’s. Desse total, 40% já estão passando por experimentos.
Essas instituições têm feito, por exemplo, pesquisas sobre moedas digitais, experimentos com a nova tecnologia e até desenvolvendo projetos pilotos. No geral, de acordo com a pesquisa, o número de bancos centrais que trabalham com algum tipo de pesquisa voltada à criptomoeda aumentou 10% nesse levantamento, quando comparado com o feito ano anterior.
Países que já anunciaram a criação de CBCD’s
Alguns bancos centrais já anunciaram o desenvolvimento de criptomoedas próprias. Um deles é o da China.
Em novembro, Mu Changchun, vice-diretor do Banco do Povo da China (PBOC, na sigla em inglês), afirmou que existe um grupo de pesquisa sobre dinheiro digital, que pretende adotar a tecnologia blockchain.
O Banco Central Europeu também está discutindo a criação de uma moeda digital. No final do ano passado, por exemplo, representantes da instituição chegaram a discutir o tema em Frankfurt, na Alemanha.