Questionando já se esse seria o fim de jogo para as criptomoedas em artigo escrito para o The New York Times, Paul Krugman mostra-se surpreso que o Bitcoin ainda esteja vivo, mas aponta que o setor evoluiu exatamente para aquilo que deveria substituir.
Ou seja, o economista conta que o Bitcoin foi criado em 2008, após a crise financeira de 2008, para que as pessoas não precisassem confiar em bancos, mas hoje corretoras como a FTX representam um papel crucial para as criptomoedas.
Sobre a autocustódia dos fundos, Krugman nota que poucas pessoas ainda possuem conhecimento para cuidar de suas chaves privadas. Como exemplo, cita o antigo exemplo do britânico que jogou 8.000 bitcoins no lixo, montante equivalente a R$ 700 milhões atualmente.
Falência da FTX expõe problemas do setor de criptomoedas
Paul Krugman já chamou o Bitcoin até mesmo de esquema Ponzi, mas desta vez pegou mais leve em suas críticas. Sua análise sobre a atual situação do setor poderia ter sido escrita por um investidor de criptomoedas, afinal, ela faz sentido, ao contrário de seus outros textos.
O colapso da FTX, mais um entre tantos na indústria, apenas expôs o que está acontecendo há quase 14 anos. Embora o Bitcoin tenha sido criado para não depender de terceiros, estes são os donos das maiores carteiras de bitcoin.
“O ecossistema das criptomoedas basicamente evoluiu para exatamente o que deveria substituir: um sistema de intermediários financeiros cuja capacidade de operar depende de sua confiabilidade percebida.”
Ou seja, investidores estão usando corretoras como bancos e, mesmo após uma corrida de saques, isso deve continuar sendo o padrão para a maioria das pessoas.
Krugman, vencedor do Nobel de Economia justamente em 2008, argumenta que a maioria das pessoas não possui habilidades para cuidar de seu próprio dinheiro. Portanto, preferem confiar em terceiros do que em si mesmos.
Fim do jogo para as criptomoedas?
Em vez de chamar o Bitcoin de esquema Ponzi, Paul Krugman compara a maior criptomoeda com o ouro desta vez. Ou seja, nota que o Bitcoin não ganhou tração como dinheiro, mas que seus defensores o tratam como uma reserva de valor.
É uma evolução de pensamento do economista, ainda que ele continue pessimista sobre o futuro das criptomoedas. Seu principal argumento é que o futuro das criptomoedas está nas mãos de reguladores, sendo a mesma opinião do CEO da PIMCO.
“Mesmo que o valor do Bitcoin não chegue a zero (o que ainda pode acontecer), há um forte argumento de que a indústria de criptomoedas, que era tão grande há apenas alguns meses, está caminhando para o esquecimento”, finaliza Paul Krugman.
Por fim, ainda é cedo para saber as consequências da falência da terceira maior corretora de criptomoedas do mundo, a FTX. Entretanto, é possível que investidores aprendam com mais este erro, o que poderia fortalecer o Bitcoin, que, apesar da queda de preço, segue com seus valores intactos.