Huang Yi-ping, professor de economia da Universidade de Pequim e ex-membro do comitê de política monetária do Banco do Povo da China, afirmou que a China pode precisar mudar sua postura em relação às criptomoedas para não ficar para trás e perder a corrida pelo avanço tecnológico em ativos digitais.
Huang acredita que as criptomoedas são mais como ativos digitais do que moedas digitais e que a proibição atual da China contra transações com criptomoedas pode ser benéfica no curto prazo, mas que novas tecnologias digitais, como a tokenização, têm valor de aplicação importante para o sistema financeiro e não devem ser perdidas.
Em seu artigo publicado na rede social Weixin, o professor da Universidade de Pequim destacou que a proibição de criptomoedas na China pode não ser efetiva no longo prazo.
Ele argumenta que a China precisa considerar cuidadosamente sua abordagem em relação às criptomoedas, pois corre o risco de perder importantes desenvolvimentos tecnológicos em ativos digitais. Além disso, ele acredita que é importante que o país desenvolva uma direção mais abrangente, segura e padronizada para sua moeda digital.
Moeda digital da China
Huang afirmou que os benefícios e custos da moeda digital do banco central da China dependem do design específico do sistema. Ele acredita que, ao projetar uma moeda digital, é necessário considerar várias dimensões, como a proteção da privacidade e a neutralização de riscos financeiros.
O renminbi digital, ou yuan digital da China podem ser uma referência para a concepção e emissão de moeda digital de banco central. Ele também enfatiza a importância da governança de dados e a necessidade de evitar o armazenamento de dados em “ilhas”.
Huang, no entanto, disse que as criptomoedas, como o Bitcoin, são mais como ativos digitais do que moedas, devido à falta de valor intrínseco. Portanto, ele destaca a importância de considerar os riscos relacionados às criptomoedas ao se avaliar sua utilização.
China e criptomoedas
Conforme levantamento feito pelo Livecoins, a China vem brigando para manter o yuan como a única moeda usada no país, proibindo que seus cidadãos tenham qualquer tipo de poder de escolha.
O discurso é o mesmo em todos os banimentos: proteger a economia do país e cuidar do bem estar social.
Assim, a China já baniu o bitcoin e criptomoedas pelo menos 9 vezes desde 2009, com o primeiro banimento sendo causado por jogos online, cujo tanto seus créditos quanto itens em jogos eram negociados com a moeda local, o yuan.
Em 2017, o governo chinês voltou a pressionar o mercado nacional, exigindo que exchanges cumprissem normas rígidas, semelhantes as do mercado de forex, para continuar operando.
Já em 2021, o governo da China começava a sua série de banimentos, começando por instituições financeiras e companhias de pagamentos. Determinando que estas não poderiam realizar qualquer atividade que envolvesse o uso de Bitcoin ou outra criptomoedas.
Ainda em 2021 a China encontrou uma forma de frear a adoção do Bitcoin em seu país, desta vez proibindo a mineração de criptomoedas.
China quer taxar criptomoedas
Apesar de ter banido o bitcoin diversas vezes, em 2023 a China parece estar planejando mudar sua postura, já que uma matéria do jornalista chinês Colin Wu revelou que o recente modelo de taxação sobre criptomoedas da China é uma “clara indicação que o governo chinês vê as criptomoedas como forma legítima de riqueza”.
“A China deu um grande passo em direção à regulamentação das criptomoedas com a implementação de um imposto sobre transações de criptomoedas”, disse Wu.
“Isso sinaliza a crescente adoção de criptomoedas pelo país”, escreveu Justin Sun, fundador da Tron sobre o assunto. “Com o aumento do uso de criptomoedas na China, espera-se que o governo regule ainda mais a indústria, proporcionando maior legitimidade e estabilidade.”