A Tether, emissora da stablecoin USDT, congelou uma quantia equivalente a R$ 15 milhões (3.027.396 USDT) que estavam no endereço de um hacker.
O bloqueio dos fundos foi realizado na última segunda-feira (10), cerca de uma semana após o hacker roubar R$ 126 milhões de bots conhecidos como MEV em um plano elaborado.
A decisão da Tether, no entanto, foi criticada pela comunidade. Como destaque, muitos apontam que os verdadeiros golpistas são esses bots que tiram vantagens de todos os outros usuários da rede, mas estes seguem livres.
Como uma criptomoeda pode congelar fundos?
Ao contrário de criptomoedas como o Bitcoin, a stablecoin Tether (USDT) é um token gerenciado por um contrato inteligente. Em tal contrato, a Tether (empresa homônima por trás da USDT) tem permissões para bloquear quaisquer endereços.
Ou seja, embora o histórico de transações da Tether seja imutável, o hacker censurado já não consegue mais mover suas USDT. Seguindo, a Tether pode então re-imprimir tal quantia e ressarcir o montante as vítimas, por exemplo.
Em outros casos, onde o emissor não tem tal comando sobre o contrato do token, já aconteceu de projetos abandonarem seu contrato original após um grande hack para criar um segundo. Ou seja, há uma centralização imensa em tais projetos, ao contrário do Bitcoin.
Tether congela endereço de hacker com R$ 15 milhões em USDT
Este não é o primeiro endereço congelado pela Tether. No total, a empresa já baniu 865 endereços, totalizando 456 milhões de USDT (R$ 2,2 bilhões). Entretanto, tal censura não é única da Tether. A stablecoin USD Coin (USDC) possui 159 endereços banidos, um total equivalente a R$ 42,7 milhões.
Embora o recurso seja útil, já que pode servir como um contra-ataque, também é polêmico. Falando sobre o assunto em 2021, Edward Snowden criticou a prática de stablecoins centralizadas.
“Uma moeda estável (stablecoin) que tem uma lista negra, na minha opinião, não é uma moeda estável”
A polêmica voltou à tona nesta semana com a Tether congelando 3 milhões de USDT (R$ 15 milhões) de um hacker que atuou como validador do Ethereum.
Em suma, muitos defendem que a decisão foi arbitrária. Afinal, as vítimas do hacker que teve seus fundos congelados foram bots que são considerados como os verdadeiros golpistas, mas que nunca foram censurados por ninguém.
“Parece justo colocar bots MEV na lista negra também”, comentou um deles.
Por fim, na data do hack um usuário comentou que “sempre há um peixe maior” enquanto se referia ao hacker roubando os bots que até então eram tidos como intocáveis. Agora, com o congelamento de seus fundos, a Tether parece ser este novo peixe maior.