Rafael Ángel Carrillo Rodríguez, um ex-integrante da Polícia Venezuelana é suspeito de ter participado do sequestro de Javier M, dono de um supermercado na Argentina. Segundo informações do site argentino La Nacion, o sequestro durou cerca de cinco dias e após várias ameaças, o suspeito supostamente extorquiu bitcoins da vítima. O resgate teria sido pago em cerca de 4 transferências com a moeda digital.
Um dos cúmplices de Rafael, o também venezuelano e ex-policial, Junior Argenis Páez Peña, foi preso no dia 5 de fevereiro deste ano no Brasil e sua extradição já foi solicitada.
Este é um caso inédito para a polícia do país, não só por causa do pedido de resgate em bitcoins, mas também porque todo o sequestro foi orquestrado e realizado com comunicação através de aplicativos como o WhatsApp e com pessoas que estavam na Colômbia.
Ex-funcionário sequestrou dono do supermercado
No dia do sequestro, 13 de outubro de 2020, Javier estava indo até o local de trabalho quando foi abordado por Carrillo Rodríguez, que já tinha sido funcionário do super mercado de Javier. A vítima foi sequestrada e levada até um cativeiro em Los Hornos, em La Plata. Lá ele foi ameaçado por Carrillo e Argenis Páez, além de outros suspeitos envolvidos no crime.
Fotos e vídeos da vítima foram gravados como prova de vida e enviados para seus conhecidos, junto da exigência do pagamento de um resgate em Bitcoin. O resgate, com valor total de US$ 65 mil, cerca de R$ 348 mil, foi pago pelo irmão da vítima.
“Durante o período em que esteve privado de liberdade, os sequestradores gravaram vídeos como prova de vida e mensagens de extorsão através do WhatsApp, que encaminharam para a Colômbia, de onde posteriormente o encaminharam para o telefone do irmão da vítima, exigindo o resgate para a sua libertação ”, explicou o juiz federal de Quilmes, Luis Armella, durante a conclusão do processo de indiciamento dos suspeitos.
Um dos suspeitos foi preso no Brasil
De acordo com o inquérito, Carrilo foi o mandante e principal orquestrador do crime. O ex-policial está foragido, mas há um pedido de prisão emitido pela Interpol contra o suspeito.
No entanto, um dos participantes do sequestro, também ex-policial na Venezuela, Junior Argenis Páez Peña, de 29 anos, foi preso no Brasil no mês de fevereiro.
De acordo com fontes do La Nacion, Carrilo e outros suspeitos fugiram para a Venezuela e não há possibilidade de colaboração com as autoridades locais para uma eventual prisão.
Inicialmente os sequestradores exigiram uma quantia de US $ 650 mil para liberar a vítima. O irmão de Javier conseguiu apenas US $ 11 mil e 670 mil em pesos argentinos, quantia que não satisfez os criminosos. Após muita negociação, o valor do resgate ficou acordado em US $ 65 mil, o pagamento foi realizado em Bitcoin.
A vítima não possuía as criptomoedas, isso indica que a exigência do uso do Bitcoin teve como objetivo dificultar o rastreio do dinheiro e não foi um crime focado em um investidor do criptomercado, como está ficando cada vez mais comum.
Apesar do inquérito concluído, a justiça ainda trabalha para garantir a prisão dos outros suspeitos.