A alta do Bitcoin ainda não começou

Após vários motivos derrubarem a maior criptomoeda do mercado para os US$ 20.000 na última sexta-feira (10), o Bitcoin atinge seu maior nível das últimas três semanas nesta segunda-feira (13). Valorizando 25,8% em apenas quatro dias, o bitcoin chegou aos US$ 24.300, mas sua alta ainda não começou.

Afinal, a crise bancária americana está levando o Bitcoin às suas origens. Falas do criador do Bitcoin estão fazendo total sentido agora e estão sendo espalhadas nas redes sociais.

No primeiro bloco da rede Bitcoin, por exemplo, Nakamoto gravou a manchete do jornal britânico The Times, apontando para a falência de bancos que eram considerados grandes demais para quebrar.

“The Times 03/Jan/2009 Chanceler à beira do segundo resgate aos bancos”

The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks

Também é possível encontrar críticas ao modelo bancário tradicional no whitepaper do Bitcoin. No entanto, uma menção mais ampla é encontrada em um de seus comentários no fórum P2P Foundation.

“Os bancos devem ser confiáveis para guardar nosso dinheiro e transferi-lo eletronicamente, mas eles o emprestam em ondas de bolhas de crédito com apenas uma fração em reserva”, escreveu Satoshi Nakamoto em fevereiro de 2009 enquanto explicava o Bitcoin. “Temos que confiar neles com nossa privacidade, confiar neles para não permitir que ladrões de identidade esvaziem nossas contas.”

Satoshi Nakamoto, criador do Bitcoin, falando sobre bolhas de crédito e reservas fracionárias de bancos. Fonte: P2P Foundation.

E foi justamente isso que aconteceu com os bancos Silvergate, Silicon Valley Bank e Signature nos últimos dias.

Como falir um banco? Saque seu dinheiro

Como explicado acima pelo criador do Bitcoin, bancos usam o dinheiro de seus clientes para realizar investimentos. Ou seja, realizam empréstimos, investem em títulos do Tesouro ou então em outros ativos.

Conforme os EUA elevaram a taxa de juros para controlar a inflação, a economia americana desacelerou. Os maiores exemplos foram as demissões das gigantes de tecnologia, como Google e Microsoft, mas que também chegaram a empresas menores.

No caso do Silicon Valley Bank, parte de seus clientes eram empresas de capital de risco. Ou seja, conforme os negócios não estavam indo bem, haviam mais saques do que depósitos no banco, deixando o SVB sem dinheiro.

No entanto, há uma grande diferença entre o banco SVB e a corretora FTX, por exemplo. Enquanto a FTX usava o dos clientes para benefício próprio, o SVB tinha esses fundos em investimentos de longo prazo, mas que não podiam ser resgatados sem prejuízo.

O grande problema vem depois

O SVB era o 16º maior banco dos EUA. Dado isso, sua falência está fazendo com que clientes de outros bancos corram para sacar seu dinheiro antes dos outros clientes. Isso gera mais problemas, como censura, como mencionado pelo senador americano Thomas Massie neste domingo (12).

“Acabei de sair de uma reunião no Zoom com o Fed, Tesouro, FDIC, Câmara e Senado. Um senador democrata perguntou essencialmente se havia um programa em vigor para censurar informações nas mídias sociais que poderiam levar a uma corrida aos bancos.”

Enquanto isso, outras pessoas destacam que os EUA estão dividindo o setor bancário em dois. O primeiro grupo, dos considerados “grandes demais para quebrar”, seriam salvos pelo governo, como foi o SVB, já o segundo grupo não teria tal proteção.

Ou seja, isso pode provocar uma nova corrida bancária nestes bancos menores.

Crise bancária impulsionou o Bitcoin

A Circle, emissora da USDC, logo admitiu ter uma exposição de 3,3 bilhões (R$ 17,4 bi) ao SVB, fazendo o preço de sua stablecoin perder a estabilidade que promete. No sábado (12), a USDC chegou a ser negociada por US$ 0,82 em algumas corretoras, mas não foi a única.

Mais tarde, Fed, FDIC e o Tesouro resgataram o SVB e garantiram que seus clientes conseguiriam sacar seus fundos nesta segunda-feira (13). A USDC voltou a US$ 1, mas a confiança das pessoas sobre o sistema bancário e as stablecoins já havia ido embora.

A corretora Binance, por exemplo, converteu R$ 5 bilhões de sua própria stablecoin, Binance USD (BUSD), em Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e Binance Coin (BNB) nesta madrugada. Pelo barulho nas redes sociais e alta nos gráficos, tudo indica que eles não foram os únicos.

Por fim, além dessa falta de confiança, analistas também esperam que o Fed baixe a taxa de juros para evitar uma nova crise em sua economia. De qualquer forma, ambos os casos são ótimos para o Bitcoin, tudo por conta da criação desenfreada de dinheiro pelo governo.

“A raiz do problema com a moeda convencional é toda a confiança necessária para fazê-la funcionar”, disse Satoshi Nakamoto em 2009. “Deve-se confiar no banco central para não rebaixar a moeda, mas a história das moedas fiduciárias está cheia de violações dessa confiança.”

Quanto a alta do Bitcoin, essa deve começar apenas depois dos US$ 25.000, mas a briga entre ursos e touros nesta região deve ser complicada. Ou seja, é possível que o Bitcoin caia nos dias seguintes, mas deve decolar após romper essa resistência.

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Henrique HK
Henrique HKhttps://github.com/sabotag3x
Formado em desenvolvimento web há mais de 20 anos, Henrique Kalashnikov encontrou-se com o Bitcoin em 2016 e desde então está desvendando seus pormenores. Tradutor de mais de 100 documentos sobre criptomoedas alternativas, também já teve uma pequena fazenda de mineração com mais de 50 placas de vídeo. Atualmente segue acompanhando as tendências do setor, usando seu conhecimento para entregar bons conteúdos aos leitores do Livecoins.

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