Construir “DeFi (Finanças Descentralizada)” sobre o Bitcoin faz todo sentido, pois a camada base é a blockchain mais imutável, confiável e descentralizado para se construir um sistema financeiro e monetária de liquidação final.
O provedor de infraestrutura Galoy que oferece produtos Bitcoin Banking-as-a-Service (BaaS) fáceis de usar, acredita que o protocolo Bitcoin servirá como a camada de liquidação de base global para MOIP (Money Over IP) assim como protocolo VoIP (Voice over Internet Protocol) é para Internet.
O Bitcoin já serve como centro gravitacional do metaverso, onde as interações entre as camadas acima desbloqueiam todo o seu potencial na área financeira e monetária.
Um breve momento de reflexão
Utilizar nomenclatura “DeFi” para abarcar todos os projetos que utilizam Bitcoin como camada financeira descentralizada é algo um tanto sem sentido, pois este é um termo amplo a ponto de se tornar vago (perde o significado e iguala-se a salada de frutas do mundo dos DeFi de altcoins….)
A exemplo da rede Lightning Network que comumente os sites agregadores de informações sobre DeFi atribuem as mesmas métricas para LN.
A Lightning não é um protocolo de empréstimo ou um Automated Market Maker (AMM) por tanto ela não se encaixa na categoria de DeFi. Além disso, a ideia de que o Bitcoin está “bloqueado” na Lightning Network é uma informação enganosa. A LN é uma peça fundamental para a levar serviços financeiros as massas.
Utilizar propostas de termos como BitFi (Bitcoin Finance), BiFi (Bitcoin Finance) ou SoFi (Sound Finance) são excelentes, muito melhores do que usar DeFi para aglutinar tudo. — Particularmente eu escolheria o termo “BitFi” …
O termo DeFi estaria contido dentro do ecossistema BitFi como uma subcategoria e dentro do Bitocin Finance estariam os projetos: Bitcoin native, Lightning Finance (LiFi); Liquid Finance (LiqFi); RSK Finance (RskFi); Stack Finance (StacFi) dentre outros.
E outra proposta de termo para o desenvolvimento de uma infraestrutura de Front End e Back End, o “BaaS (Bitcoin as a Service)” e Bitcoin Banking-as-a-Service, que é o futuro da infraestrutura financeira dentro do ecossistema BitFi (Bitcoin Finance).
Construir soluções seguras e robustas para o mercado através de toda a infraestrutura distribuída e descentralizada será um marco para o novo futuro financeiro e monetário.
— Você pode construir CeFi (Finanças centralizada) em cima de BitFi (Bitcoin Finance) mas não pode construir BitFi em cima de CeFi; sempre pergunte quem possui as chaves.
Por que Bitcoin Finance (BitFi)?
O maior inimigo, no longo prazo, para o bitcoin é o KYC/AML (Know Your Customer, Anti-Money Laundering) como bem explicado pelo @EdanYago: Aqui e Aqui; e não necessariamente as altcoins e ou shitcoins representam uma ameaça de grande magnitude (a pesar de a maioria delas serem golpes de engenharia social contra o Bitcoin).
“KYC/AML É COMO “AS MASSAS” SÃO IMPEDIDAS DE PARTICIPAR DA ECONOMIA MUNDIAL.”
O inimigo de curto prazo em termo de vulnerabilidade são exchanges grandes e centralizadas, concentrando milhões em saldos e dados da maioria dos usuários e prestando informações a governos (vide a “Instrução Normativa 1888 para criptoativos” da receita federal brasileira e diversas normas do tipo pelo mundo); exchange essas sem padrões mínimos de governança ou segurança.
Empresas do setor que prestam serviço de colateralizados e capitalização (como Blockfi, nexo.io, Celcius.network, crypto.com) não são muito transparentes, taxas aleatórias, subsídios para atrair mais clientes que não compreendem os riscos inerentes do processo.
Essas empresas também são vulneráveis a reguladores estatais por razões puramente questionáveis (caso Coinbase e caso BlockFi e Aqui, pois esses mesmos reguladores protegem o mercado de títulos (global bonds), com uma boa parte da parcela desses títulos em faixas negativas (negative yielding) os produtos de rendimentos em bitcoin possuem “prêmios” atraentes que acabam por competir com prêmios negativos do legacy que não valem nada.
Informações interessante apresentadas em um relatório (Banking on Bitcoin – The State of Bitcoin as Collateral – 2021) produzido pela Arcane Research, onde estima-se que mais de 400.000 BTCs sejam usados como garantia para empréstimos lastreados em bitcoin. — O montante de BTCs usado como garantia mais do que dobrou nos últimos tempos.
Há também o fato de a maioria das plataformas utilizarem processadores de pagamentos com moeda fiat, algo que as tornam vulneráveis legalmente via regulamentações financeiras assim deixando rastros no sistema bancário. Há diversos outros problemas a serem abordados que estão sendo discutidos e projetos sendo desenvolvidos na comunidade Bitcoiner para mitigar intervenções estatais.
Há um mercado grande e inexplorado no BitFi (Bitcoin Finance), o bitcoin vem crescendo como um dinheiro soberano, mas precisa se tornar algo mais produtivo como uma rede financeira e monetária sem passar necessariamente por exchanges centralizadas ou outras blockchains na forma de BTC “embrulhado”, como muitos noobs pensam “estar dentro de outra blockchain”, e na realidade, não há como BTCs entrar no blockchain do ethereum ou qualquer outra, obviamente.
BTC to ETH significa “BITCOIN sob a custódia de terceiros, que emitem IOUs equivalentes aos respectivos BTCs, em tokens que funcionam na rede Ethereum”. BTCs “embrulhados” não é Bitcoin, e muitos Bitcoiners não confiam na segurança e descentralização de blockchains de altcoins ou soluções de custódia de um terceiro.
O artigo (“A Sound Finance Manifesto”) é muito interessante e fala sobre a importância de serviços financeiros em que os Bitcoiners mantêm total transparência e autossoberania sobre seus ativos.
Não posso deixar de reconhecer que em alguns quesitos CeFis serão superiores devido suas vantagens competitivas como maior controle e escala em suas operações. O Bitcoin Finance (Bitcoin Defi) é surpreendente por transitar em ambos os espaços e se beneficiar de uma camada base mais segura, imutável, descentralizada e confiável.
Riscos do mercado DeFi atualmente
À primeira vista parece tudo muito deslumbrante, mas há riscos significativos assumidos ao apostar nos protocolos DeFis, como demonstrado por Arthur Hayes (Ex CEO da BitMEX e Co-fundador da 100xGroup) em seu artigo “Poor Wojak’s Almanack” .
Estar ciente desses riscos amplamente ligados ao quão seguro é o código dessas plataformas é muito importante, perder parte ou todo o seu capital investido é uma das consequências, como pode ser visto nas últimas noticiais sobre hacks em “DeFis”.
A maioria dos protocolos DeFi se dizem de código aberto e a maioria dos usuários não confere por não possuírem o conhecimento necessário para descobrir as inconsistências do código.
A maioria dos projetos DeFi são de qualidade duvidosa e aplicam puro golpes de marketing para tentar convencer “investidores” a colocarem dinheiro em seus projetos. Outros DeFis mais “respeitáveis” encomendam revisões de segurança de contrato inteligente por uma empresa de auditoria para provar a sua idoneidade.
Assim como “blockchain para tudo”, DeFi não é uma panaceia que resolverá todos os problemas financeiros do sistema legacy existente. Existem inúmeros problemas estruturais de riscos que podem ou não ser solucionáveis a longo prazo.
Tipos de ataques e vulnerabilidades mais comuns em DeFis: Backdoor Hack; Locked Contract; Economic Exploit; Multiple Crops; Tech Due Diligence; Farm or Buy; Downside; Upside; Downside.
Obviamente DeFis que utilizam o Bitcoin como camada base através de camadas superiores tendem a ser muito mais seguros por questões de maior comprometimento por parte da comunidade em seu entorno, longas discussões e exaustivos teste de conceito.
A Security Exchange Commission (SEC) está de olho…
Algo bastante polêmico… Em uma entrevista recente o presidente da SEC Gary Gensler disse que a entidade reguladora irá atrás de vários projetos que fizeram ICOs e projetos DeFis, com o argumento de que muitos deles são considerados “Security” (títulos).
Se esses projetos são tão descentralizados quanto dizem, tai aí uma “prova de fogo” para sabermos mesmo se são imunes a expropriações, controles de capitais, censura e a regulamentações, do contrário são empresas centralizadas que estão sob as jurisdições estatais.
Concentrar esforços para construir o Bitcoin Finance (BitFi) é necessário
O dinheiro sólido merece uma infraestrutura financeira sólida… Protocolos que estão sendo desenvolvidos no BitFi desfrutam de uma alta reputação e garantias de uma ampla discussão na comunidade bitcoinheira através de revisões de código e conceito de projeto.
– @AlyseKilleen (The Bitcoin VC)
Desenvolver o ambiente de financeirização para o Bitcoin com a criação de serviços financeiros descentralizados, sem custódia e sem intermediários é o foco desses projetos.
— E o mais importante o protocolo Bitcoin é imune as imprevisibilidades… Combatendo uma cultura dos hards forks “sem sentidos”, falta de uma política monetária clara e propostas de ajustes que tornam a compatibilidade com versões anteriores impossível.
“O BITCOIN move-se mais devagar, mas prioriza não introduzir risco de plataforma…”
– @RyanTheGentry
Assim como SegWit habilitou a LN, que destruiu a narrativa de todas as moedas que alegavam ser mais rápidas e mais baratas do que o bitcoin. O Taproot trará mais funcionalidades de contratos inteligentes e “Bitcoin DeFi” que acabarão com as narrativas de todas as altcoins que alegam ter melhores funcionalidades.
O Taproot tornará as transações de contratos inteligentes bem mais baratas via Schnorr sig; e junto com Tapscript possibilitará contratos inteligentes mais elaborados. E futuramente o Sapio também permitirá mais funcionalidade para Bitcoin em níveis “mais baixos”.
Muneeb Ali (Co fundador da Stack) vem explicando em suas conversas com outros bitcoiners que “Bitcoin DeFi” vem atraindo muitas pessoas que estão procurando ancorar seus projetos na segurança do Bitcoin quando se trata de produtos financeiros. Munneb explica mais neste artigo como o Stack está alinhando para construir sobre o Bitcoin: Bitcoin DeFi is Here: A Deep Dive into Trust-less Swaps.
Munneb também observa que há uma visão bastante equivocada de muitas pessoas pensarem que é mais fácil recriar o Bitcoin sobre o Ethereum, mas na verdade faz mais sentido criar a funcionalidade do Ethereum sobre o Bitcoin. A adoção disso ainda é incipiente, mas as pessoas definitivamente estão começando a perceber o valor de construir no ecossistema Bitcoin em vez de paralelo a ele.
Algumas vantagens com Bitcoin Finance
Sem a necessidade de KYC/AML, sem a necessidade de “embrulhar” BTCs, sem abrir mãos da custodia do BTC (em alguns projetos), sem terceiros de confiança, sem fronteiras, maior transparência, sem necessidade de sistemas bancários, trocas offchain, sintéticos de fiat (stablecoins) etc.
Soluções que fornecem serviços e plataformas completas de: capitalização, colateralizado, futuros, opções, margin, trocas offchain, swaps, mercado de liquidez etc, estão sendo desenvolvidos ao mesmo tempo em que desencadeia uma onda de hiper-bitcoinização.
A ascensão e a materialização do BitFi / Bitcoin DeFi
Em julho Jack Dorsey (CEO Twitter e da Square) falou sobre planos para construir uma plataforma aberta focada na criação de serviços financeiros descentralizado para o Bitcoin , projeto de codinome TBD que ainda encontra-se em fase de discussões internas.
Esta iniciativa é só mais um dos planos do Jack que através da Square já havia criado uma divisão chamada Square Crypto focada em prover soluções utilizando o bitcoin como o centro de tudo.
E também agora é oficial o Twitter acaba de lançar a função Tipping Lightning onde os usuários podem dar “gorjetas” em BTC através da Lightning Network.
“O BITCOIN TERÁ UM “GRANDE PAPEL” NO FUTURO DO TWITTER…” – JACK DORSEY
Alguns projetos BitFi: DeFis (Descentralized Finance), BaaS (Bitcoin as a Service) e Protocolo de pagamento
Enquanto Jack possui sua ambição pessoal de levar o bitcoin para as massas, outros projetos focados em serviços financeiros descentralizados para o Bitcoin estão em fase de funcionamento e aprimoramentos no ecossistema BitFi (Bitocin Finance), são eles:
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Bitcoin-Native
BTCPAY Server: Um processador de pagamento bitcoin de código aberto e auto-hospedado. Seguro, privado, resistente à censura e gratuito.
Atomic Finance: Plataforma que permite finanças descentralizadas nativas no bitcoin. Uma forma transparente de ganhar rendimento com bitcoin, sem “abrir mão” da custódia. Tudo isso graças ao Discreet Log Contract (DLC) que é uma forma de transação Bitcoin que usa um oráculo para executar um contrato inteligente (do tipo contrato monetário).
Suredbits: Provedor de soluções personalizadas e consultoria para ajudar empresas a desenvolver plataformas de derivativos liquidados diretamente no bitcoins através de Discreet Log Contracts (DLCs). Engenharia financeira bitcoin, derivativos com bitcoin, Oracle explorer. — Isso é o que chamo de BaaS (Bitcoin as a Service)
P2P Derivatives app: Sendo desenvolvido pela Crypto Garage (https://cryptogarage.co.jp/en ), o serviço permitirá negociações de derivativos P2P (sem exigência de garantia, manutenção de privacidade, Trust Minimized) com base em contratos de Discreet Log Contracts.
Hodl Hodl: Plataforma P2P com foco em bitcoin que não detém fundos dos usuários e sem KYC/AML.
Bisq: Uma protocolo DEX (Exchange descentralizada) de código aberto.
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Liquid Finance
Bitmatrix: Focado no mercado de Automated Market Maker (AMM). Um provedor de liquidez construído na Liquid Network focado no fornecimento automatizado de liquidez para L-BTC e outros ativos baseados em Liquid.
TDEX: Focado no mercado AMM e DEX. É Um protocolo aberto com foco em privacidade, e uma plataforma DEX construída na Liquid Network, permitindo usuários bitcoin e Liquid assests usando atomic swaps.
SideSwap: Exchange de ativos Liquid (Liquid assets) usando atomic swaps.
Liquiditi: Serviço que permite converter ativos Liquid, permite trocas onchain (BTC) e bitcoin Liquid (LBTC).
Aqua Wallet e Blockstream Green: Carteiras com foco em armazenamento bitcoin e Liquid Assests.
Marina: Foco em gateway para acesso a rede Liquid diretamente de um navegador.
Lend Hodl Hodl: Plataforma com foco no mercado de empréstimos P2P, sem custódia.
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RSK Finance
Sovryn: Sovryn é um DeFi baseado em contrato inteligente sem custódia e sem permissão para empréstimos de bitcoin, yield farming e margin trading. Ele está implementado na sidechain da Rootstock (RSK).
BabelFish: Protocolo construído no Sovryn. Os principais objetivos do protocolo são aprimorar o fluxo de várias cadeias, agregar stablecoins para oferecer maior liquidez e uma interface simples.
Origins: Subprotocolo que contém uma plataforma de Launchpad para Bitcoin DeFi desenvolvida dentro do protocolo Sovryn. O objetivo do sistema é fornecer um mecanismo para a comunidade Sovryn dar início a novos projetos e fazer crescer o ecossistema financeiro desenvolvendo produtos, serviços, e protocolos sem permissão em Bitcoin.
Moneyonchain: Plataforma que fornece um conjunto de Stablecoins com as mais diversas aplicações (renda passiva em Bitcoin, alavancagem, colateralizado em bitcoin, dentre outros…).
Rsk Swap: É um protocolo descentralizado para fornecimento automatizado de liquidez e uma DEX.
TEX: Uma DEX focada em trocas de token descentralizada na rede RSK (https://www.rsk.co/openfinance/ )
Lightning Finance (LiFi) e Lightning as a service (LaaS)
LN Markets: Plataforma de derivativos de Bitcoin construída na Lightning Network sem KYC/AML.
Kollider: Plataforma de derivativo de Bitcoin utilizando Lightning Network e outras altcoins sem KYC/AML.
Lightning Pool: Foco em prover liquidez na Lightning.
Serviços de Node Lighning: Umbrel; Greenlight; myNode; RaspiBlitz; lightning network Plus
Galoy: Uma empresa e um projeto de código aberto com foco em oferecer produtos Bitcoin ‘Banking-as-a-Service’ (BaaS), com base protocolo Bitcoin e Lightning Network, fáceis de implementar atendendo o mercado B2B.
Lightning Polar: Plataforma de código aberto com foco em prover serviços para desenvolvedores, fazendo com que eles gastem menos tempo configurando seu ambiente de desenvolvimento e possa gastar mais tempo construindo seus aplicativos Lightning.
Lightning Labs: Desenvolvedores de software para construção da “infraestrutura financeira” baseada em Lightning com foco atender desenvolvedores que desejam construir aplicações em Lightning. Atualmente possui os seguintes produtos: Lightning Pool, Lightning Loop, Neutrino, Lightning Network Daemon.
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Stacks Finance
AlexGo: Protocolo DeFi construído no Stacks (blockchain camada 2 focada em contratos inteligentes para Bitcoin). O protocolo acessa liquidez, serviço de empréstimos e juros em BTC, mercado de derivatiovos em BTC.
Stacking (Stacks) by yourself (No-custodial): Stacks Wallet; Boom
Stacking (Stack in a pool) (No-custodial): Staked; Xverse; Friedger Pool; PlanBetter
Arkadiko Finance: Protocolo de liquidez descentralizado e sem custodia que contem Stablecoin, Stacking, DEX e Governance.
Swapr.Finance: Troca de tokens sem confiança para Stacks 2.0.
Catamaran Swap: A primeira troca (swap) sem confiança entre a cadeia Bitcoin e a cadeia Stacks.
City Coins: CityCoins são movidos na blockchain da Stacks com suporte da blcockchain do Bitcoin. Qualquer um pode competir para minerar CityCoins encaminhando seus tokens STX por meio do protocolo Stacks e poder ganhar BTCs.
Vários desafios e reconhecê-los é de fundamental importância
Mas o trabalho não pode parar…
Assim como os Estados irão reagir as novas tecnologias, eles também avançarão no uso de tecnologias de controle totalitário através de regulações, CBDCs, Big data, reconhecimento facial dentre outras ações repressivas. Por isso desenvolver a infraestrutura financeira no Bitcoin para as massas será algo de extrema relevância.