Em nota divulgada à imprensa na última segunda-feira (25), uma mineradora de ouro afirmou que estaria emitindo ações para comprar 24.800 bitcoins. O anúncio foi logo tratado com descrença pela comunidade, já que o valor de mercado da empresa estava na faixa dos R$ 20 milhões e os bitcoins a serem adquiridos valiam R$ 8,5 bilhões.
Independente disso, as ações da Nilam Resources (NILA) subiram de US$ 0,0165 para US$ 0,375. A valorização chegou a 2.172% nesta terça-feira (26) conforme a compra dos bitcoins representaria um grande ganho para a empresa.
No entanto, os papeis da Nilam despencaram 98% nesta quarta-feira (27), caindo para níveis menores que os anteriores ao anúncio.
CEO abandona cargo e faz denúncia de manipulação de mercado
Tentando entender a situação, o portal Protos ligou para Ron McIntyreo, CEO da Nilam Resources. Para surpresa do jornalista, o executivo afirmou que estava renunciando seu cargo, acusando seus colegas de aplicarem um golpe.
“Basta olhar o gráfico — é um clássico [esquema de] pump & dump.”
“Haverá uma investigação da FINRA sobre a Nilam Resources”, continuou McIntyreo, notando que lhe avisaram sobre uma “transação iminente”, mas que nunca lhe forneceram informações detalhadas e que o comunicado à imprensa foi publicado sem a sua revisão ou autorização.
O Livecoins também entrou em contato com a Nilam na data do anúncio para saber a veracidade da intenção da empresa em adquirir 24.800 bitcoins (R$ 8,5 bilhões). A resposta foi curta, mas indicava que o texto era verdadeiro.
“Sim, pfvr”
“A Nilam Resources anunciou hoje que celebrou uma Carta de Intenções com a Xyberdata Ltd para adquirir 100% das ações ordinárias de uma entidade de propósito específico, a ser estabelecida sob o nome MindWave, que deterá 24.800 Bitcoins”, apontava o comunicado que, ao que tudo indica, é falso. “A Nilam Resources emitirá ações preferenciais de Série C recentemente autorizadas em troca de 24.800 Bitcoins a uma taxa com desconto em relação aos preços atuais de mercado.”
Já McIntyreo, embora ainda esteja listado como presidente, diretor, secretário e tesoureiro da empresa, afirma ter sido removido do comando da Nilam ainda na semana passada, antes do infame comunicado.
Por fim, o caso ainda está longe de virar uma história de filme como “O Lobo de Wall Street”, mas mostra que o mercado continua cheio de malandros.