Os bancos no Brasil e as corretoras de Bitcoin enfrentam uma série de problemas há alguns anos. Mesmo assim, um especialista em Bitcoin no Brasil compartilhou que o melhor caminho seria a união dessas diferentes entidades financeiras.
De um lado, os bancos atuam no oferecimento de serviços financeiros, com regulamentação no Banco Central do Brasil. Do outro, as corretoras de Bitcoin, ainda não regulamentadas, que atuam para levar às criptomoedas ao público interessado.
Contudo, nos últimos anos as corretoras têm enfrentado problemas com os bancos, que encerram suas contas sem aviso prévio. Entre os motivos, estão alegações de fraudes das corretoras ou falta de interesse comercial, o que prejudica a atuação das fintechs junto aos clientes.
Cabe o destaque que, as principais corretoras afetadas são aquelas do tipo Bitcoin/FIAT, que precisam oferecer serviços de depósitos e saques com real. A moeda brasileira, BRL, em formato digital, só consegue chegar em corretoras através de instituições bancárias.
“Melhor caminho para prevenção de fraudes é união entre bancos e corretoras de Bitcoin”, afirma especialista brasileiro
O Bitcoin é uma moeda digital com uma tecnologia nova, contudo, já atrai milhares de investidores pelo mundo. Na região da América do Sul, por exemplo, o volume de negociações tem aumentado em meio à pandemia, na contramão do mundo, que vê um menor interesse da moeda.
Mesmo assim, para um interessado em comprar Bitcoin hoje, os principais caminhos podem o levar a uma corretora. Essas empresas proporcionam um market place, ou seja, uma plataforma para o encontro entre vendedores e compradores, facilitando o processo de se comprar um Bitcoin.
Entretanto, o caminho, que teoricamente é mais fácil, pode estar encontrando os bancos em seu percalço, que não tem facilitado o processo de negociações de criptomoedas. Uma investigação está em aberto pelo CADE para apurar supostas irregularidades sendo cometidas pelos bancos.
Mesmo assim, nos últimos dias, a conta da corretora CryptoMKT foi encerrada pela Caixa Econômica Federal. Além disso, outras corretoras enfrentam esse mesmo problema de encerramento de conta nos últimos anos, sendo prejudicial aos clientes.
De acordo com o especialista Daniel Coquieri, fundador da corretora BitcoinTrade, a união entre bancos e corretoras de Bitcoin é o melhor caminho contra fraudes. Ao comentar sobre a recente invasão de uma conta no Banco do Brasil de um idoso, e posterior transferência para uma corretora de Bitcoin, Daniel afirmou que esse tem sido um dos motivos de encerramento de contas de corretoras.
“Corretoras devem fortalecer processos e KYC para evitar fraudes”
Apontando como uma das principais causas de encerramento de contas em bancos de corretoras de Bitcoin as fraudes cometidas, Daniel acredita que cabe às fintechs aprimorar seus processos. Isso porque, com processos de Conheça seu Cliente (KYC) bem estruturados, fraudes usando corretoras podem ser evitadas.
Se a corretora não investir em processos, KYC dentre outros procedimentos para tentar ao máximo evitar isso, a mesma vai ser alvo de muita fraude. Banco nao fecha conta por questões de concorrência e sim por fraudes utilizando criptomoedas e corretoras como fim.
De acordo com Daniel, quando uma corretora de Bitcoin deixa um fraudador entrar e trocar um produto roubado, ela assume uma parcela da culpa. Por isso, as corretoras de Bitcoin também podem ter culpa quando são utilizadas em fraudes, e devem buscar a união com bancos para evitar que isso ocorra.
Daniel destacou, ao comentar sobre a recente fraude, que os bancos não demostram interesse em se aliar com as corretoras. Entretanto, cabe a cada corretora implementar medidas contra fraudes e depois iniciar o diálogo com os bancos.
Não demonstram [interesse em parcerias], mas o primeiro passo é a corretora tentar mostrar que faz todos os esforços para: primeiro conter a fraude, segundo começar um diálogo com o banco.
Por fim, o especialista afirmou que não defende os bancos, até porque, a fraude se inicia neles. Mesmo assim, é importante que as corretoras reconheçam sua responsabilidade e atuem na contenção dessas fraudes, que buscam envolver o Bitcoin.
Bancos e Corretoras têm se unido nos EUA e movimento é promissor
Nos Estados Unidos, principalmente em 2020, a união entre corretoras de Bitcoin e Bancos começam a dar frutos. Isso porque, no início do ano, a corretora Coinbase foi uma das primeiras a abrir conta no gigante banco JPMorgan.
Após a abertura dessa conta, a Coinbase agora busca abrir seu capital em bolsa de valores nos EUA. Ou seja, com a parceria junto a um grande banco, a corretora conseguiu mostrar que é séria e está alinhada com as regulamentações do país. O resultado é promissor para os envolvidos com a Coinbase.
Em recente live à imprensa, o Mercado Bitcoin deixou claro que tem buscado atuar na prevenção, inclusive junto ao COAF. Ou seja, como um mercado novo, o potencial das criptomoedas é enorme e, na medida em que cresce este mercado, sua estrutura tem ficado mais sólida.