Publicado nesta segunda-feira (13), o relatório do Banco da Inglaterra (BoE) deu destaque ao rápido crescimento das criptomoedas, afirmando que estão de olho no setor conforme ele pode apresentar riscos para a estabilidade do sistema financeiro do Reino Unido.
O relatório de 67 páginas faz 51 menções as criptomoedas, mostrando como o Banco está preocupado com o interesse da população tanto por moeda apolíticas, como o Bitcoin, como também a moedas estrangeiras, através de stablecoins.
Outros pontos abordados pelo Banco são os efeitos da Covid-19 na economia, a resiliência bancária e medidas hipotecárias. Dentro destes temas estão citações sobre a inflação, principal vilão destes regimes monetários estatais.
Riscos das criptomoedas podem aumentar
Embora o Banco da Inglaterra afirme que os riscos financeiros são pequenos, ele mostra preocupação com a expansão da demanda por tais ativos, seja como reserva de valor ou moeda, afirmando que as criptomoedas podem ser um risco futuro.
Segundo o banco, tal risco ainda é pequeno porque apenas 2,3 milhões de pessoas possuem criptomoedas no Reino Unido, um montante equivalente a apenas 0,1% da riqueza financeira líquida de seus cidadãos.
“Os riscos diretos para a estabilidade do sistema financeiro do Reino Unido decorrentes de criptoativos são atualmente limitados. No entanto, no atual ritmo acelerado de crescimento e à medida que esses ativos se tornam mais interconectados com o sistema financeiro mais amplo, os criptoativos apresentarão vários riscos para a estabilidade financeira.”, aponta o relatório do Banco da Inglaterra
A grande crítica do Banco é que a maioria, 95% segundo o relatório, deste mercado de 2,6 trilhões de dólares não possui qualquer lastro. Sendo assim, estas moedas não contém valor intrínseco e estão vulneráveis a grandes correções de preço.
Quanto aos outros 5%, as chamadas stablecoins, o relatório afirma que muitas delas pecam em fornecer transparência, e qualidade, de suas reservas. Outro ponto que o BoE esqueceu de mencionar, é que este lastro ocorre com moedas fiduciárias, que não possuem lastro algum e só perdem poder de compra com o passar do tempo.
Um dos argumentos do Banco é que a queda de preço de uma criptomoeda, como o Bitcoin, também pode fazer o preço da ação de uma empresa que possui BTC em caixa cair junto a ele, ocorrendo um efeito cascata na economia.
Coordenação global é necessária
Seguindo a linha de pensamento do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco da Inglaterra também cita a importância de uma coordenação global em relação a regulamentação destes ativos. Atualmente países estão tentando, por conta própria, encaixar as criptomoedas em suas leis obsoletas.
O Banco também mostra-se curioso com as finanças descentralizadas, DeFi, e novamente afirma que este setor pode trazer novos riscos. Sendo assim, para eles, apenas a libra esterlina e serviços bancários obsoletos é que são seguros.
Por fim, podemos concluir que o relatório do Banco da Inglaterra mostra que há muito espaço para as criptomoedas crescerem, visto que apenas 0,1% da riqueza de seus cidadãos está concentrada nelas. Hoje ainda poucas instituições e países usam BTC, e a vasta maioria que já o usa não pretende trocá-lo por nenhuma moedas fiduciária.