Em carta aberta publicada nesta quarta-feira (3), a Binance pediu para o governo da Nigéria liberar Tigran Gambaryan, executivo que atua no setor de compliance da corretora e foi detido em fevereiro ao visitar o país africano para conversar com seus governantes.
Outro executivo que havia sido preso junto a ele, Nadeem Anjarwalla, conseguiu fugir no final do mês passado ao sair para rezar. Na data, o governo nigeriano afirmou que acionaria a Interpol para ajudá-los a prender Anjarwalla novamente.
A prisão dos executivos está ligada ao descontentamento da Nigéria sobre as operações da Binance no país. Segundo Bayo Onanuga, conselheiro do presidente nigeriano Bola Tinubu, as criptomoedas estão fazendo a moeda local, a naira, se desvalorizar.
Binance pede que executivo seja liberado
A carta da Binance aos governantes da Nigéria aponta que Tigran Gambaryan não possui nenhum poder de decisão na corretora. Ou seja, o executivo não pode negociar em nome da empresa e, portanto, deve ser liberado.
O texto também revela o trabalho de Gambaryan na Binance, mas também como agente da Receita Federal dos EUA, incluindo sua liderança em grandes casos do setor.
“Tigran liderou várias investigações multibilionárias, incluindo as investigações de corrupção da Silk Road, a corretora de bitcoin BTC-e e o hack da Mt. Gox”, escreveu a Binance. “Ele também desempenhou um papel fundamental na investigação do Alphabay, do Wall Street Marketplace, do Welcome2Video e do famoso hack ‘VIP’ do Twitter, trabalhando ao lado do FBI e do Serviço Secreto dos Estados Unidos.”
A Binance também nota que Gambaryan ajudou o governo nigeriano diversas vezes desde que se juntou à corretora em 2021. No total, respondeu mais de 600 pedidos de informações vindas da Nigéria, levando ao congelamento e apreensão de US$ 400.000 (R$ 2 milhões) apenas nesses casos.
“A Binance solicita respeitosamente que Tigran Gambaryan, que não tem poder de decisão na empresa, não seja responsabilizado enquanto as discussões atuais estiverem em andamento entre a Binance e funcionários do governo nigeriano.”
Segundo a última atualização do caso, Gambaryan deverá comparecer aos tribunais nesta quinta-feira (4). As acusações são de lavagem de dinheiro e da corretora estar atuando sem licença no país.
Portanto, o executivo pode estar prestes a ser julgado em nome da empresa. Até o fechamento desta reportagem, a Nigéria não se pronunciou sobre o pedido da Binance.
Além da Binance, outras corretoras foram banidas da Nigéria em 2024. Já os investidores de criptomoedas nigerianos foram chamados de “manipuladores”, sendo acusados de estarem enfraquecendo o poder de compra da naira nigeriana.