A empresa Binary Bit, apontada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) como uma possível pirâmide financeira, está sendo investigada pelo Ministério Público de São Paulo. O negócio, segundo o órgão, pode ter gerado prejuízo de R$ 80 milhões a 27 mil clientes, de um total de 50 mil.
Na CVM, também há um processo administrativo aberto para investigar denúncias contra a atuação da empresa. Em agosto, o órgão notificou o negócio por uso indevido do nome da autarquia com a finalidade de “transmitir aparência de credibilidade para possível esquema de fraude, na modalidade de pirâmide”.
Empresa oferece lucro de 300%
Com sede em Lisboa, mas atuação no Brasil, a empresa vende “pacotes de investimentos” atrelados a rendimentos de 3% ou 300% em 200 dias úteis (período do contrato). Esses lucros seriam obtidos por meio de um software que atua com opções binárias, prática que consiste em apostar na tendência de alta e queda de ativos financeiros.
Além disso, como nos clássicos modelos de pirâmide, a empresa também paga comissões de 10% aos clientes que indicam produtos para outras pessoas e tem até um “plano de carreira” – com oito níveis – que dá prêmios aqueles que conseguem atrair outros membros para o esquema.
Saques atrasados desde outubro
Desde outubro, os clientes não conseguem mais realizar saques na plataforma da empresa. Nas redes sociais e no Reclame Aqui há diversos relatos de investidores que perderam seus recursos. “Essa empresa é um lixo. Se aproveitaram de pessoas sem conhecimento”, diz um deles.
No final do mês passado, diversos investidores fizeram uma manifestação em frente ao condomínio onde mora Ricardo Toro, em Salvador, na Bahia. Toro, que é responsável pelo marketing, é um dos fundadores da empresa, ao lado de Marcos Monteiro e Israel Soares.
Ainda em outubro, alguns investidores teriam ido à Delegacia de Polícia Civil de Guarapari, no Espírito Santo, para registrar queixas contra a Binary. Já no começo deste mês, um dos sócios do negócio afirmou em uma live que uma quadrilha teria invadido sua casa e feito ameaças de morte.
Um cliente também ofereceu pouco mais de R$ 60 mil reais por informações sobre o paradeiro dos sócios.
Sócios foram embora do Brasil, diz empresário
Toro afirmou em entrevista realizada na segunda-feira (11) que os sócios foram embora para Europa e ele terá que arcar com as dívidas. Segundo o empresário, os antigos colegas de trabalho fizeram uma má gestão dos ativos financeiros dos clientes e isso teria gerado os atrasos.
“Como sempre fui o responsável por ser a cara da empresa e o solucionador dos problemas, vou resolver esse também”, disse.
Para resolver a situação, Toro afirmou que está fazendo uma auditoria em todo o sistema e deve migrar os investidores para uma nova plataforma. Falou ainda que nesta semana deve divulgar por meio do Instagram e de outras redes sociais como irá sanar todas as dívidas.
Justiça determina bloqueio de bens da Binary Bit
A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de bens da empresa, além de veículos, imóveis e demais bens declarados em declaração de renda dos sócios; além de busca e apreensão de uma BMW.
Os autores do processo alegam que foram “vítimas de um golpe da Binary Bit”.
O Juíz determinou:
- bloqueio de ativos financeiros, através do sistema Bacenjud;
- o bloqueio de circulação de veiculos, através do sistema Renajud;
- o bloqueio de imóveis, através do sistema Arisp.