
Bitmain. Foto: N509FZ/Wikimedia.
A Bitmain, maior fabricante de ASICs para mineração de Bitcoin, está sendo investigada pelo governo americano. Segundo informações da Bloomberg, os EUA estão avaliando se os produtos da empresa chinesa oferecem riscos à segurança nacional dos EUA.
Ainda em 2024, relatos de outras fontes apontavam que a importação dos modelos Antminer S21 e Antminer T21 estaria sendo barrada, enquanto máquinas de outras fabricantes entravam livremente no país.
Na data, uma das hipóteses levantadas era que a Bitmain usava chips da Sophgo, que estava sendo investigada por violar sanções ao fornecer chips para a Huawei. Ambas empresas, Bitmain e Sophgo, foram fundadas por Micree Zhan.
Meses depois, em feveiro deste ano, mineradoras americanas continuavam tendo problemas na importação de ASICs da Bitmain. Antes disso, em dezembro, a empresa afirmou que estaria lançando uma linha de produção nos EUA.
O nome da Bitmain aparece quatro vezes em um documento do governo americano sobre gastos com inteligência no ano fiscal de 2026.
“Ameaças da Mineração de Criptomoedas à Segurança Nacional”
“O Comitê está preocupado com o fato de que instalações de mineração de criptomoedas de propriedade chinesa dentro dos Estados Unidos representem um perigo para a segurança nacional”, aponta o governo americano. “Localizadas em todos os 50 estados e equipadas com máquinas fabricadas pela Bitmain, uma empresa privada chinesa com ligações ao PCC (Partido Comunista Chinês), essas operações estão situadas próximas a instalações de defesa sensíveis ou a infraestrutura crítica dos EUA, como redes elétricas, criando vulnerabilidades perturbadoras.”
O texto também cita que antigas ASICs da Bitmain continham um backdoor, permitindo que elas fossem controladas remotamente. Na data da descoberta, em meados de 2017, o evento ficou conhecido como “Antbleed”.
“Estima-se que cada instalação de mineração abrigue cerca de 10 mil máquinas. Considerando as ligações da Bitmain com o PCC (Partido Comunista Chinês), ter dezenas de milhares de equipamentos que podem ser operados a partir de Pequim, localizados próximos a instalações sensíveis de defesa, é um risco inaceitável.”
Continuando, os EUA afirmam que a maioria dessas máquinas entrou ilegalmente no país e a Alfândega descobriu fraudes na importação desses equipamentos, o que explica o motivo dos problemas de importação citados anteriormente.
Como exemplo de suas ações, o governo cita que uma empresa foi proibida de operar em Cheyenne, Wyoming, por estar próxima a uma base militar. O caso aconteceu em 2023.
Em conversa com a Bloomberg, fontes anônimas apontaram que a Bitmain é o centro de uma operação chamada de Por do Sol Vermelho (Operation Red Sunset), que investiga riscos de espionagem.
Respondendo ao jornal, a empresa disse ser “inequivocamente falso” que eles consigam controlar suas máquinas remotamente. Indo além, também afirmaram que a Bitmain “cumpre rigorosamente as leis e regulamentações dos EUA e aplicáveis e nunca se envolveu em atividades que representem riscos à segurança nacional dos EUA”, também negando ter conhecimento sobre essa operação.
Em relação às apreensões passadas, a empresa disse que “nada fora do comum foi encontrado” pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) e que não foi notificada de nenhuma outra investigação.
Fontes do governo americano não deram mais declarações sobre o assunto, afirmando que não podem comentar sobre investigações em andamento.
Na semana passada, a China acusou os EUA de roubarem 127 mil bitcoins de Chen Zhi, um cidadão chinês acusado de liderar uma das maiores organizações criminosas da Ásia. Os eventos mostram a rivalidade entre as duas maiores economias do mundo.
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