Um relatório publicado pela Sensity revela que o Brasil é um dos principais alvos de golpes envolvendo deepfake. A técnica usa inteligência artificial para criar vídeos falsos, tendo inúmeros casos de uso nas mãos dos golpistas.
Dentre eles está a manipulação de vídeos de pessoas famosas, onde nomes como Elon Musk e Justin Trudeau promovem falsos investimentos em criptomoedas. Somado ao hack de contas verificadas em diversas plataformas, como YouTube e Twitter, esses golpes reúnem milhares de espectadores.
No entanto, os golpistas também estão usando essas ferramentas de IA para driblar verificações de identidade, conhecidas pela sigla KYC. Ou seja, as vítimas não podem fazer muito nesses casos.
Elon Musk é o principal nome usado em deepfakes
Um dos motivos apontados pela Sensity para o crescimento desses golpes é a evolução da inteligência artificial, permitindo que até mesmo golpistas sem experiência em edição de vídeo consigam resultados que enganem os espectadores.
“O golpe envolve geralmente o uso de anúncios em redes sociais e notícias falsas, explorando uma combinação de algoritmos de deepfake de sincronização labial (Lip Sync) e clonagem de voz para replicar perfeitamente figuras públicas conhecidas, como Elon Musk, alegando que elas apoiam ou lucraram com a plataforma”, destaca a Sensity.
“Esses endossos são inteiramente fictícios e projetados para atrair vítimas desavisadas a investir dinheiro em plataformas que não oferecem nada em troca.”
No total, o relatório aponta para a existência de 2.290 ferramentas de IA para mudança de rosto, sincronização labial e reencenação facial. Além disso, existem outros 1.018 programas para geração e clonagem de voz por IA.
O Brasil aparece com um “número extremamente alto de golpes deepfake circulando nas redes sociais e redes de anúncios”. De qualquer forma, o gráfico deixa nítido que isso é um problema global.
Segundo o estudo, o foco dos golpistas está nos setores de trading (35,6%), varejo (15,4%), jogos de azar (14,4%), subsídios públicos (12,5%), saúde (9,6%), namoro (6,7%) e criptomoedas (5,8%).
Embora sejam encontrados em plataformas públicas, esses golpes também conseguem ser mais específicos. Como exemplo, golpistas já usaram o rosto e a voz de um executivo da Binance para enganar equipes de projetos de criptomoedas sobre listagens na corretora.
Ferramenta está sendo usada para enganar verificações de identidade
Outro uso ainda mais preocupante desses deepfakes está ligado a verificação de identidade (KYC, na sigla inglesa). Segundo a Sensity, existem ao menos 47 ferramentas voltadas para esse fim no mercado.
O Brasil aparece novamente como um dos principais alvos. O foco dos golpistas está nos setores de fintech (38%), criptomoedas (18%), trading (15%), pagamentos (14%), jogos de azar (11%) e telecomunicação (4%).
“Deepfakes nos sistemas de verificação de identidade biométrica online estão sendo utilizados em ataques sofisticados em tempo real, que envolvem a injeção de imagens faciais manipuladas em transmissões ao vivo de câmeras.”
Em relatório especial sobre o tema, a Sensity destaca que deepfakes conseguem ter 86% de aprovação, enquanto o número fica em apenas 17,3% em métodos tradicionais para burlar verificações de identidade.
No início do ano, um jornalista conseguiu realizar KYC em uma corretora de criptomoedas usando uma dessas ferramentas.
Por fim, a inteligência artificial foi uma das grandes tecnologias apresentadas nos últimos anos. No entanto, empresas precisarão implementar novos protocolos de segurança para barrar seu uso por criminosos.