Brasileiros enviam Bitcoin à lua na frente de Elon Musk

Iniciativa pioneira planeja próximos passos para avançar no uso de Bitcoin com rádios amadores. Voluntários podem procurar idealizadores para participar do projeto.

Os bitcoiners, desenvolvedores e entusiastas do rádio amadorismo, Márcio Gandra, Rafael Silveira, Narcélio Filho, André Alvarenga (Broker Cripto) e Paulo Jr. realizaram, no dia 24 de abril, um experimento para lá de inusitado. Eles retransmitiram, em código morse, o hexa decimal de um arquivo PSBT, de uma transação multi assinada de Bitcoin, para ser assinada em outro estado do país e replicada na rede para ser minerada.

Até aí, seria apenas uma transmissão comum de rádio longa distância, se não fosse por uma particularidade: os dados terem rebatido em superfície lunar e ser refratado de volta à terra. Técnica conhecida no rádio amadorismo como E.M.E (Earth – Moon – Earth) ou “Moon Bounce”.

A data escolhida para o evento levou em conta um evento que ocorre apenas 2 vezes ao ano, “Lua Rosa”, época em que ela está mais próxima da terra, favorecendo o sucesso da técnica. Para a emissão foram usados rádios de alta potência com amplificador linear, além de antenas direcionais de alta sensibilidade e ganho.

A transação enviada do P2P André Alvarenga para Narcélio Filho precisava de 2 assinaturas para ser completada, os dois signatários da transação: Rafael Silveira e Paulo Jr. estavam distantes a 600 km, sendo impossível a transmissão direta em linha reta com o equipamento utilizado, mas totalmente possível se tivessem como “espelho” o astro lunar.

Márcio Gandra. Fundador da Gyme.Run
Márcio Gandra. Fundador da Gyme.Run

Com três meses de preparação, Bitcoin bateu na lua e voltou

Para realizar o feito foram preciso 3 meses de preparação intensa. Desde a prova e obtenção da licença para rádio amadorismo, passando por estudos de eletrônica, ondas de rádio, aquisição de equipamentos, construção de antenas até a codificação, descodificação, recepção e transmissão em código morse, num experimento conhecido como “Moon Bouce” ou reflexão lunar.

Transação de Bitcoin por ondas de rádio sai de Belo Horizonte e vai até Campinas
Transação de Bitcoin por ondas de rádio sai de Belo Horizonte e vai até Campinas

A transação foi enviada de Belo Horizonte para a cidade de Macacos-MG, onde recebeu a primeira assinatura e, em seguida, foi ouvida pelo rádio amador Paulo Jr. em Campinas-SP distante mais de 500 km do local de origem.

Com o arquivo de áudio em mãos, foi possível codificar novamente o morse para hexadecimal, em seguida, do hexa para binário novamente, e processar o arquivo PSBT na carteira Electrum, fechando a última assinatura pendente, tudo isso utilizando softwares online disponíveis gratuitamente.

Próximo experimento de Bitcoin para a lua será transmitido ao vivo

O próximo experimento, que será transmitido ao vivo, realizará um pagamento (invoice) da Lightning Network do estado de Minas Gerais para a região Amazônica, dessa vez utilizando satélites de rádio amadorismo em órbita para transmitir o sinal em modo digital, obtendo assim uma transmissão rápida e precisa, sem a necessidade de decupar em partes como foi no experimento com o código morse utilizando a lua.

“Dada as condições mais limitadas da primeira transmissão, o morse em hexadecimal foi transmitido em partes, agrupados e recodificados para binário num arquivo PSBT. Ao utilizar os satélites de radio amadorismo, existem centenas em órbita, a transação poderá ser enviada sem interrupções e imediatamente em modo analógico e digital via JS8Call.

Outro fator, que foi um desafio para o experimento, é o fato de que um 1.5º de variação na posição da antena, era suficiente para interromper a transmissão. Uma conversa longa por exemplo, seria algo impossível, apenas pequenos tiros de informação codificada são possíveis sem equipamentos sofisticados e enormes antenas parabólicas.”, pontua Gandra.

Transmissão em Hexa.
Transmissão em Hexa.

Sobrou até uma provocação a Elon Musk, CEO da SpaceX, como parte do experimento

O experimento fez parte de 2 projetos: O lançamento do projeto Satoshi.radio.br, um grupo de rádio amadores localizados em diversas cidades no mundo que servirão como ‘listeners & broadcasters’ de transações de Bitcoin via rádio, para ampliar a liberdade e entrar em conflito o controle e censura que vivemos atualmente, segundo seus idealizados.

Segundo os criadores do projeto, Márcio Gandra e Rafael Oliveira, os LABS, como são chamados os participantes (sigla para listeners and broadcasters), utilizarão um software próprio que identificará as transações de Bitcoin, farão sua conversão e replicação na rede de forma automática.

Transação registrada.
Transação registrada.

https://blockchain.coinmarketcap.com/tx/bitcoin/e9a2b9fbd3f8d9e95381bb41766e213b53eb908869b0c361adac4741f46b7e82

Todo rádio amador registrado que tiver conhecimentos em criptomoedas poderão se juntar de forma voluntária e sem fins lucrativos ao projeto, que será mantido por doações de seus membros e futuros participantes.

O grupo pretende, também, criar um NFT com os áudios e arquivos desse registro histórico como parte do financiamento da aquisição de estruturas maiores e mais potentes para expandir o projeto da Satoshi.Radio.

https://www.instagram.com/p/CMJLjcZn2ne/

Além disso, o grupo fez uma segunda transmissão tocando o solo lunar provocando Elon Musk, onde se dizia: “Eu sou o primeiro bitcoin a chegar à lua. Elon, nós fizemos isso primeiro!”, para mostrar que não é preciso ser nenhum bilionário excêntrico para romper os limites da terra em busca da liberdade.

Criptógrafo Nick Szabo foi uma das inspirações do projeto de brasileiros que enviaram Bitcoin para à lua

Nick Szabo, sendo considerado por alguns até como o criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, foi um dos inspiradores do grupo de rádio amador brasileiro. A iniciativa espera incentivar mais pesquisas de envio de Bitcoin com uso de rádio amador.

“Satoshi.radio.br propõe alternativas muito mais interessantes de comunicação e envio de criptomoedas por distâncias continentais, usando satélites de comunicação públicos e educacionais que orbitam o espaço. Isso, sem comprometer sua segurança e anonimato.

A motivação está por trás da ideia de que, embora a internet possa e esteja sendo controlada e censurada, não é a única ferramenta a ser empregada no envio de transações e comunicações Bitcoin de um lado do globo para outro no planeta.”, declara o manifesto do grupo brasileiro.

Quem tiver a intenção de se tornar uma estação de envio de Bitcoins encontrará no site  várias dicas do grupo, ou ainda enviar um e-mail para bitcoin@satoshi.radio.br, sendo o contato disponível para falar com os voluntários do projeto.

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Gustavo Bertolucci
Gustavo Bertoluccihttps://github.com/gusbertol
Graduado em Análise de Dados e BI, interessado em novas tecnologias, fintechs e criptomoedas. Autor no portal de notícias Livecoins desde 2018.

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