Há quem acredite que os maiores precursores e catalisadores do movimento libertário no Brasil foram pessoas como Daniel Fraga, Raphael Lima (Ideias Radicais) ou até mesmo Paulo Kogos. Ledo engano… O verdadeiro “boom” na escalada das pautas libertarias se deu durante os dois últimos anos de mandato de nossa querida presidenta Dilma Rousseff.
Em meio à inflação de dois dígitos, perda de credibilidade das entidades estatais, alto nível de incerteza jurídica, política e saudações à mandioca, foi criado um ambiente fértil à propagação das ideias de pró-liberdade e anti-Estado.
China e Bitcoin
Uma dinâmica semelhante pode ser observada na relação entre o PCC (Partido comunista chinês) e o Bitcoin.
A China, coberta por políticas de demasiado intervencionismo e autoritarismo como o desenvolvimento baseado em ideias keynesianas, o controle massivo de saída de capital e a desvalorização da moeda local (Yuan), também tem se mostrado um ambiente fértil à adoção de criptomoedas por parte da população que visa defender seu poder de compra e o pouco que resta de suas liberdades individuais.
Esse conflito de interesses entre governo e população já gerou diversos ataques ao ecossistema das criptos e ao bitcoin em si por parte do Partido Comunista Chinês. Dentre eles, o mais recente: Proibição da mineração de bitcoin em toda a China.
A caçada aos mineradores nos últimos meses resultou em uma queda na força computacional do Bitcoin em mais de 50%, saindo de 180 mil TH/s para 84,7 mil TH/s, fortalecendo narrativas do tipo espiral da morte no Bitcoin (quando o preço do Bitcoin e a recompensa por minerá-lo cai, levando à saída de mineradores do ecossistema, proporcionando mais quedas no preço e assim entrando em um loop que levaria ao colapso total da rede).
A falácia da espiral da morte do bitcoin apresenta inconsistências em diversos aspectos. Mas, o ponto chave para entender que isso não passa de FUD (Medo, incerteza e dúvida), é o processo de reajuste da dificuldade de mineração.
A cada 2 semanas, aproximadamente, ocorre um reajuste na dificuldade de mineração. Esse reajuste é feito levando em consideração o tempo médio de descoberta de cada novo bloco que, caso seja superior a 10 minutos, o reajuste será para baixo e, caso seja inferior a 10 minutos, o reajuste será para cima.
Dessa forma, é mantido os incentivos à mineração, ao mesmo tempo em que os mineradores ineficientes na atividade são filtrados e a segurança na rede é mantida.
O Bitcoin, a cada ciclo, se assemelha mais à Hidra de Lerna que se fortalece a medida em que sofre um novo dano. Ao longo dos seus anos de vida, o Bitcoin já sofreu diversos testes de fogo e, após cada um deles, tem se provado mais forte e resiliente.
Um dos fatores que gerava certo nível de fragilidade e incerteza no mundo cripto era excesso de mineradores na China (mais de 60% da força total). Mas, com a retirada desses mineradores, a rede começa a se tornar ainda mais descentralizada, tornando-se assim ainda mais resiliente aos próximos ataques (que com certeza virão).
Com a saída e realocação de tantos mineradores a rede deve estar uma bagunça, certo? Taxas altíssimas e filas enormes para realização de novas transações…
Na verdade, não! A rede continua funcionando a pleno vapor. Uma breve olhada no Mempool nos mostra a quantidade de transações que estão aguardando para serem confirmadas, onde os patamares de congestionamento se mostram nas mínimas históricas.
Da mesma forma se comportam as taxas por transação que se encontram nos patamares mínimos, reafirmando que está barato os custos de utilização da rede e que não há a necessidade de grandes períodos de espera.
Baseado nos fatos aqui descritos, livres de qualquer dúvida, podemos afirmar que o último ataque à rede, por parte da China, só nos trouxe mais segurança, descentralização e confiança no Bitcoin.