Durante uma conferência sobre CBDCs e moedas digitais, realizada nesta terça-feira (27), Christine Lagarde mostrou-se preocupada com o futuro dos bancos centrais. Segundo a presidente do Banco Central Europeu, a ampla adoção das criptomoedas é um risco.
No mesmo evento, Jerome Powell do Fed também discursou sobre o tema. Para o presidente do banco central americano, o inverno das criptomoedas está dando um tempo extra para que reguladores criem leis, estando estas em execução quando a próxima onda chegar.
Lagarde já afirmou que as criptomoedas são inúteis e que uma moeda digital de um banco central (CBDC) poderia romper a demanda por tais produtos. Portanto, a presidente do BCE parece não saber que o maior apelo de moedas como o Bitcoin é a sua oferta controlada pela matemática, enquanto Ethereum se transformou em uma loja de aplicativos descentralizados.
Presidente do BCE teme que a era dos bancos centrais esteja ameaçada
Desde a criação do Bitcoin em 2009, o setor privado evoluiu significativamente em relação ao dinheiro. Além do próprio Bitcoin, maior revolução financeira dos últimos tempos, também podemos citar o avanço das stablecoins, do setor de DeFi e também de produtos oferecidos por corretoras.
Sendo assim, Christine Lagarde acredita que esta evolução está ameaçando o reinado dos bancos centrais. Afinal, hoje a maneira mais fácil de adquirir exposição do dólar é através da compra de stablecoins, além disso, criptomoedas descentralizadas não possuem nenhuma ligação com tais bancos e estas já são usadas por mais de 10% da população em alguns países.
“Nós, banqueiros centrais, temos operado como âncora monetária em relação aos bancos comerciais e ao dinheiro privado. Se não estivermos nesse jogo, se não estivermos envolvidos em experimentar, inovar ou em CBDC, corremos o risco de perder o papel de âncora que desempenhamos por muitas décadas”.
Seguindo, como se não tivéssemos presenciado nenhuma crise por conta das políticas monetárias dos próprios bancos centrais, Lagarde comenta que a falta de um banco central para controlar a economia de um país é um grande perigo.
“Temos exemplos históricos de períodos em que a âncora monetária do banco central não estava lá, precipitando crise após crise. Esse certamente foi o caso na época do sistema bancário livre no século XIX. Queremos voltar àqueles dias? Provavelmente não.”
Por fim, a grande demanda por criptomoedas nos últimos está acelerando tanto o trabalho de reguladores quanto dos bancos centrais.
Sendo assim, podemos esperar leis mais rígidas enquanto o governo lança suas próprias moedas, consideradas como o último grau na invasão da privacidade de seus cidadãos.