Uma comissão que investiga a criptomoeda Libra, promovida pelo presidente argentino Javier Milei no início do ano, chegou a um relatório final sobre o caso nesta terça-feira (18).
Segundo a mídia local, eles descreveram a Libra como uma “suposta fraude”, atribuíram responsabilidade direta a Javier Milei e, além disso, também apontaram que o Poder Judiciário barrou medidas decisivas para a investigação.
O relatório também nota que a Libra não foi um caso isolado, também citando a promoção da criptomoeda KIP Protocol, bem como das plataformas Vulcano e CoinX.
Como exemplo, antes mesmo de ser eleito presidente, Milei foi acusado de promover uma suposta pirâmide financeira em 2022, a CoinX, citada acima.
A empresa prometia ganhos de 8% ao mês em relação ao dólar (96% ao ano). A publicação ainda pode ser encontrada no Instagram do agora presidente argentino.
Relembrando o caso Libra na Argentina
Em fevereiro deste ano, Javier Milei publicava em suas redes sociais uma promoção para uma criptomoeda chamada Libra. A postagem, já deletada, afirmava que o projeto se dedicava a “incentivar o crescimento da economia argentina”.
A criptomoeda chegou a atingir um valor de mercado de US$ 4,5 bilhões, mas então perdeu 89% de seu valor em instantes e deixou investidores com prejuízos gigantescos.
Mais tarde, o presidente argentino foi acusado, novamente, de promover um golpe. Em sua justificativa, Milei afirmou que não havia arma apontada para a cabeça de ninguém, ou seja, que cada pessoa investiu por escolha própria.
As acusações também recaíram sobre Karina Milei, irmã do presidente. Isso porque o desenvolvedor da Libra, Hayden Mark Dayves, disse publicamente ter dado dinheiro a ela no passado.
Charles Hoskinson, fundador da Cardano (ADA), afirmou que a equipe de Milei cobrava dinheiro para facilitar reuniões com o presidente argentino, aumentando as suspeitas de corrupção no governo.
Comissão argentina descreve Libra como “suposta fraude” e parte para cima de Milei
Dando sequência as investigações, uma comissão especial determinou que a Libra é uma suposta fraude e Milei, que disputará as próximas eleições, possui responsabilidade direta sobre o caso.
“O Presidente teria promovido um empreendimento privado. Usou sua investidura para benefícios privados”, disse o deputado argentino Maximiliano Ferraro.
Juan Marino, outro deputado, foi além e descreveu o caso como “uma fraude planejada”, notando que relatórios técnicos apontaram que 80% das carteiras perderam dinheiro enquanto um grupo seleto lucrou milhões.
O caso foi descrito como um “rug pull” (puxão de tapete, em tradução direta), onde os criadores de um projeto despejam todas suas moedas após um marketing agressivo e deixam todos os outros investidores no prejuízo.
Segundo a mídia local, deputados estão apresentando novos documentos sobre possíveis pagamentos indiretos a funcionários públicos por carteiras investigadas no caso, que também está sendo investigado nos EUA.
O deputado Nicolás Mayoraz, do partido de Milei, afirmou que o caso é um “delírio” da oposição.
“A Justiça lhes negou o uso da força pública porque não é sua função”, comentou Mayoraz. “A Câmara deixa um ensinamento que esta comissão deve aprender: o magistrado deve preservar as garantias que podem ser violadas. Vocês estão violando garantias constitucionais.”