Em painel realizado no último dia 17, Campos Neto revelou que tanto o Drex quanto o Pix poderão receber atualizações para que cidadãos usem o serviço offline, ou seja, sem depender do acesso à internet.
Na conversa, o presidente do Banco Central do Brasil também falou sobre os desafios da inflação, criação de moedas únicas entre países, uso de inteligência artificial e outros pontos.
“Os pagamentos estão sendo digitalizados, o dinheiro em espécie vai perdendo importância ao longo do tempo.”
Drex e Pix poderão funcionar sem internet, diz presidente do BC
Hoje uma das maiores limitações das moedas digitais é a dependência da internet. Conforme citado em uma pergunta direcionada a Campos Neto, alguns locais não possuem acesso a essa tecnologia, o que poderia afetar a democracia financeira. Em resposta, o presidente do BC afirmou que eles já estão desenvolvendo uma solução para isso.
“Quando a gente fez o Pix, eu fiquei um pouco frustado porque eu achei que, quando a gente desenhou o Pix e jogou pros bancos trabalharem com o negócio, os bancos iam fazer o offline”, comentou Campos Neto. “Porque é relativamente fácil.”
Seguindo, o presidente do BC comenta que hoje as pessoas andam com um troco na carteira para pagar por coisas pequenas. “Você pode fazer isso de forma digital, tira do online, coloca no offline”, explicou Neto, notando que o limite seria pequeno.
“Mesmo sem sinal [de internet] você conseguiria pagar com offline via celular. Não precisa ter Wi-Fi. A gente achou que alguns bancos iam fazer isso naturalmente, mas não fizeram.”
Em defesa dos bancos, Neto aponta que esse era um desenvolvimento caro e que havia outras prioridades já que eles estavam sobrecarregados.
“A gente ta carregando numa ideia de ter o offline, não só para o Drex, eu acho que você pode ter o offline no Pix também”, comentou Neto. “Você pode ter uma carteira digital dentro do seu celular, onde você deposita um dinheiro offline e pode fazer aqueles pagamentos offline, contanto que seu celular tenha bateria, mas não precisa ter sinal [de internet]. A gente está testando alguns modelos assim.”
Continuando, o presidente do BC também revela algumas fraquezas do atual modelo de segurança, como o uso de biometria facial. Segundo Neto, essas tecnologias tendem a ficar mais vulneráveis com o tempo. “A biometria precisa ser uma coisa muito forte, então a gente também está trabalhando nisso”, finalizou.
Países não precisam mais de moeda comum, alerta Campos Neto
Em outro trecho da conversa, Campos Neto fala sobre a possível criação de moedas em comum entre países. Segundo o presidente do Banco Central, a tecnologia permitiu que essa ideia fosse deixada no passado.
“Sempre tive envolvido em momentos onde queriam criar uma moeda única da América do Sul, moeda única com a Argentina”, iniciou o presidente do BC. “No final das contas, se a gente parar e pensar o que a literatura oferece de vantagem em termos comerciais por você ter moedas únicas, a digitalização faz isso para você, sem você precisar abrir mão da liberdade da política monetária.”
Explicando seu comentário, Neto aponta que se vários países tiverem moedas digitais conectadas em tempo real, você atingiu o benefício que teria em ter uma zona de moeda única.
“Vai ser um trabalho grande do Brasil no G20. A gente quer abraçar esse negócio de criar uma plataforma de ligar os diversos sistemas de pagamento, porque cada lugar do mundo está desenvolvendo um sistema de pagamento. O que a gente não conseguiu ainda é ligar um no outro.”
Seguindo, Neto também nota que a tecnologia está evoluindo rapidamente. Como exemplo, cita que hoje é possível realizar conexões entre sistemas com ou sem blockchain. “Isso não existia há dois anos”, comentou, também citando para o uso de pools de liquidez em forma de token.
O vídeo completo pode ser assistido na íntegra abaixo, onde o presidente do Banco Central do Brasil também fala sobre outros aspectos da nossa economia.