Nos últimos dias a ONG Bitcoin Argentina organizou um evento importante no país, convidando uma série de especialistas para debates. Alguns economistas que foram convidados do evento na Argentina desconfiam que o Bitcoin possa ser uma moeda de uso comum hoje.
Na visão dos economistas, o Bitcoin é uma tecnologia interessante e tem potencial. Alguns, entretanto, acreditam que a moeda digital seja mais um investimento do que uma divisa. Ao criar o Bitcoin, Satoshi Nakamoto idealizou a primeira moeda digital da internet.
Nos últimos anos, a tecnologia despertou interesse de muitas pessoas, que correram para adquirir frações dessa moeda. Isso porque, ao ser negociado em corretoras de criptomoedas, o Bitcoin registrou uma imensa valorização. Alguns comércios, não apenas eletrônicos, já aceitam o Bitcoin como meio de pagamento, em vários países.
O Bitcoin foi criado para ser a primeira moeda digital que funciona pela internet. Dessa forma, não existem notas nem moedas metálicas que representam essa tecnologia, que só funciona por carteiras digitais.
Entretanto, o debate do Bitcoin ser uma moeda (“dinheiro”), é algo que tem tomado tempo da comunidade nos últimos anos. Isso porque, para cumprir às três funções de dinheiro, o Bitcoin deve reservar valor, ser um bom meio de troca e unidade de conta.
Nos últimos dias, a ONG Bitcoin Argentina promoveu o evento Descentralize AR, que teve vários debates interessantes. Um dos painéis, que encerrou o primeiro dia do evento (30/07), foi o Debate dos Economistas sobre Bitcoin.
Na apresentação, com profissionais de diversas linhas da economia, o que foi destaque é a função de dinheiro do Bitcoin. Para a economista Diana Montino, o Bitcoin é mais um investimento que uma moeda, apesar de ser interessante. De acordo com Montino, o Bitcoin não cumpre nenhuma das funções do dinheiro, nem mesmo a reserva de valor.
A opinião de Montino foi compartilhada por Agustín Etchebarne, economista diretor da Fundación Libertad y Progreso. Para Agustín, o Bitcoin tem um preço muito volátil para ser considerado uma reserva de valor. Com isso, o economista apontou que dificilmente o Bitcoin pode ter uma unidade de conta, além de não ter sido utilizado em larga escala como meio de pagamentos até hoje.
No debate, foi unânime entre os economistas que a volatilidade do Bitcoin é o principal problema da sua narrativa. Esse comportamento poderia levar ao entendimento que o Bitcoin é um ativo especulativo, na visão dos economistas.
Para Iván Carrino, mestre em Economia Austríaca, os fãs do Bitcoin gostam quando a moeda valoriza muito em poucas horas. Ao mesmo tempo, essa comunidade espera que o Bitcoin seja uma moeda, mas Iván acredita que sem estabilidade de preços, dificilmente será uma moeda.
Contudo, os especialistas lembraram que a moeda fiduciária, como o Peso Argentino e Real Brasileiro, por exemplo, também são voláteis. Os valores dessas moedas também sofrem flutuações cambiais, com a diferença de não serem tão abruptas como visto no Bitcoin.
Um ex-diretor do Banco Central da Argentina, que também participou do evento, afirma que o Bitcoin é um ativo, devendo ser regulamentado em vários países em breve. Essa regulamentação aproximará o Bitcoin das fintechs, ou seja, no entendimento do G20, o Bitcoin é um meio de pagamento.
Os economistas acreditam que, apesar de hoje não ser uma boa moeda, o Bitcoin tem potencial. Dessa forma, até que tenha uma estabilização em seu valor, a moeda digital pode coexistir com as moedas fiduciárias.
Neste domingo, o preço do Bitcoin, que chegou a alcançar U$ 12 mil, despencou para U$ 11100. Com queda de 4% em 24 horas, o preço do Bitcoin em relação ao dólar reforça a narrativa compartilhada pelos economistas da Argentina de alta volatilidade.
Cabe o destaque que, em relação ao peso argentino, o Bitcoin registrou uma nova alta histórica nesse final de semana. Ou seja, a valorização do Bitcoin em relação ao peso superou o topo passado, podendo chamar atenção dos argentinos para a moeda digital.
A Argentina tem sofrido com alta inflação de sua moeda, que corrói o poder de compra da população. Aliás, a inflação não é o principal problema do Peso, que também sofre uma severa desvalorização cambial frente ao dólar. De acordo com o TradingEconomics, a cotação de 72 pesos por 1 dólar é a pior da história do país sul-americano. No Brasil, o preço do Dólar ainda é de R$ 5,22.
Comentários