Os sócios de uma agência de marketing digital de Iúna, município do Espírito Santo com cerca de 30 mil habitantes, querem desfazer uma sociedade de seis anos.
O motivo é o seguinte: um deles perdeu os bitcoins da empresa – avaliados em R$ 200 mil – em uma pirâmide financeira que dizia investir em criptomoedas.
Uma ação pedindo a dissolução parcial de sociedade mais indenização por danos materiais e morais foi ajuizada na Justiça do estado por dois sócios do negócio.
Entenda a história
De acordo com processo que corre na 1ª Vara de Iúna, três empresários montaram uma agência de marketing digital no final de 2014. O capital social é de R$ 45 mil.
Como a empresa era nova – e os donos não conseguiam empréstimos bancários para expandir o negócio -, eles resolveram pegar dinheiro emprestado de pessoas físicas.
Com a grana de terceiros em mãos, um dos sócios sugeriu aplicar o montante em bitcoins.
Segundo o processo, ficou acertado que o sócio com conhecimento em criptomoedas cuidaria da administração da wallet criada para movimentar os ativos digitais.
Cadê os bitcoins?
Com a valorização dos bitcoins, os empresários que entraram com ação na Justiça pediram para o terceiro sócio vender as criptomoedas.
Disseram acreditar que, dessa forma, poderiam pagar os empréstimos e ainda ficar com os lucros.
Entretanto, segundos os autos do processo, o sócio que cuidava dos bitcoins se recusou a prestar contas sobre a movimentação dos ativos digitais. Além disso, começou a agir de forma estranha.
Depois de certa pressão, ele acabou confessando que havia vendido todas as criptomoedas da sociedade para fazer aplicação pessoal na pirâmide financeira MMM Brasil.
Nos autos, os sócios disseram que a “conduta desleal e desonesta do sócio inviabilizou os esperados rendimentos com a valorização dos bitcoins”, bem como “atravancou o desenvolvimento da sua atividade empresarial”.
O que disse a Justiça?
O juiz Akel de Andrade Lima, responsável pelo caso, indefiriu – ao menos por ora – a dissolução da sociedade. Isso porque essa decisão diz respeito ao mérito da disputa judicial, que só pode ser decidido depois de ampla defesa.
Apesar disso, o magistrado falou que a atitude do empresário quebrou a confiança entre os sócios.
Andrade Lima ainda determinou que o empresário que perdeu os bitcoins forneça à empresa a senha do site institucional da agência. Não ficou claro na decisão se o empresário processado estava impedindo que seus sócios acessassem o portal da empresa.
Pirâmide MMM Brasil deu golpe de US$ 4,3 mi
A MMM Brasil é um esquema ponzi criado no início da década de 90 pelo russo Sergey Mavrodi, morto no início de 2018. O golpe gerou prejuízo de US$ 4,3 milhões para 10 mil investidores.
A pirâmide financeira, segundo denúncia feita pelo GAP (Grupo Anti-Ponzi), chegou ao Brasil no final de 2015, com promessas de rendimentos de até 50% sobre o valor aportado.
No final do ano passado, um internauta acusou um youtuber brasileiro de ter usado de sua influência para fazê-lo investir dinheiro na MMM Brasil.
Um bispo também ajudou a promover o esquema ponzi aqui no país.