Em documento de 49 páginas publicado nesta quinta-feira (16), o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) mostra preocupação com a ascensão do setor de Finanças Descentralizadas (DeFi).
Notando que os mercados de criptomoedas estão evoluindo rapidamente, a ponto de ameaçar a estabilidade financeira global, o FSB fez questão de apontar que o DeFi é um destes pilares.
“Até o momento, o DeFi é principalmente auto-referencial, o que significa que seus produtos e serviços interagem com outros produtos e serviços DeFi, e não com o sistema financeiro tradicional (TradFi) e a economia real, mas os participantes do TradFi estão começando a entrar no mercado”, resumiu o FSB.
Como exemplo, Arthur Hayes, fundador da corretora BitMEX, recentemente se tornou a maior baleia de uma criptomoeda de DeFi, a GMX. Ou seja, seu investimento de milhões é um reflexo do apetite do mercado por tais produtos.
Quebras no DeFi podem contagiar outros mercados
Assim como tantos outros reguladores, o FSB também usa o crash da criptomoeda Terra (LUNA) e a falência da corretora FTX como exemplos a serem evitados. As perdas de investidores nestes dois casos foi de bilhões de dólares.
“Como mostraram o colapso da TerraUSD/Luna e a subsequente falência da FTX, as perdas resultantes devido ao colapso de tais esquemas podem corroer a confiança e a riqueza do investidor, com efeitos indiretos potencialmente amplos.”
Através de gráficos, é notado o tamanho do ecossistema DeFi, em forte queda desde o último trimestre de 2022, mas que segue amplamente utilizado por corretoras descentralizadas e serviços de empréstimos. Já na imagem à esquerda, o FSB mostra o colapso da stablecoin TerraUSD (UST).
Outras gigantes mencionadas no relatório são a Celsius e a Three Arrows Capital, ambas abaladas pelo crash da LUNA e sua stablecoin, a UST.
FSB quer evitar novos contágios entre DeFi e outros mercados
Embora note que o sistema tradicional não esteja tão exposto ao DeFi, já tendo passado por “testes de estresse”, o FSB mostra-se preocupado com o crescimento destes mercados descentralizados.
“Uma abordagem prospectiva para as implicações de estabilidade financeira do DeFi parece justificada, pois o tamanho do DeFi e/ou seus vínculos com o TradFi (sistema tradicional) podem crescer com o tempo, aumentando o potencial de contágio.”
Portanto, ainda que pareça uma tarefa árdua devido à natureza decentralizada do DeFi, o cão de guarda do G20 parece estar pronto para regular este mercado. Uma alternativa mais fácil seria mirar em players centralizados, evitando, por exemplo, que corretoras oferecem a negociação de tais tokens ou que fundos invistam em tais projetos.
Por fim, o relatório do FSB é mais uma amostra que reguladores globais estão tentando encontrar soluções para frear o desenvolvimento livre do setor de criptomoedas.