O Fórum Econômico Mundial (WEF) lançou um extenso documento, dividido em oito partes, sobre moedas digitais. Seu foco está tanto em moedas públicas quanto privadas, citando a importância desta tecnologia para a sociedade.
O documento contou com a ajuda de mais de 85 membros do Consórcio de Governança de Moeda Digital do WEF. Dentre os contribuintes estão dois brasileiros, Aristides A. C. Neto e Rafael S. de Almeida, ambos do Banco Central do Brasil. Além de representantes de grandes instituições como Visa, Mastercard, Ripple, PayPal, Accenture, UNICEF, entre outros.
Após doze anos da criação do Bitcoin, agora governos precisam correr contra o tempo para se atualizar não apenas sobre regulamentação de criptomoedas, bem como rever as suas políticas monetárias. Afinal, com cada vez mais opções de escolha, as moedas fiduciárias não estão perdendo seu poder de compra, como também sua credibilidade e, por fim, seu uso.
Três temas e oito documentos
O documento lançado pelo FEM está dividido em três temas: Opções regulatórias, Proposta de valor para os que não tem acesso, e Opções tecnológicas.
O primeiro tema — opções regulatórias — , dividido em três partes, aborda o papel do setor público e a cooperação público-privado na expansão da era das moedas digitais. Seguido por áreas cinzentas na regulação destes ativos e, o teceiro documento trata sobre a proteção ao consumidor.
O segundo tema — proposta de valor — é o mais curto, dividido em apenas dois documentos que abordam a inclusão financeira das stablecoins e também o uso de moedas digitais para auxílios internacionais.
Já o terceiro e último tema — opções tecnológicas — está dividido em três seções. Opções de confiabilidade e privacidade para CBDCs, interoperabilidade e, por fim, considerações tecnológicas sobre CBDCs.
Bitcoin era o vilão, agora é o futuro
Por muito tempo, tanto governos quanto bancos e outras instituições, criticaram o Bitcoin em vários aspectos, como financeiro e tecnológico. Embora alguns líderes ainda façam tais críticas, outros estão tentando adequar-se a esta nova tecnologia, que já tem mais de uma década.
“A forma como os líderes globais dos setores público e privado desenvolvem, coordenam e regulamentam essas moedas digitais terá implicações profundas na capacidade da sociedade de aproveitar seus benefícios e evitar os riscos potencialmente significativos que eles introduzem.”, aponta a introdução da série de documentos do FME.
Note que estes documentos não são diretrizes globais e sim um material de consulta, tanto para governos quanto empresas, para obterem um melhor entendimento sobre o papel e funcionamento das moedas digitais e então tomarem as melhores escolhas.
Esta nova era de conectividade financeira global poderá ser marcada pelo desparecimento de várias moedas nacionais conforme os cidadãos possuirão maior poder de escolha, bem como poderemos ver o surgimento de inúmeras moedas privadas.
Tudo isso acontecerá com ou sem a participação de governos e bancos, agora cabe a eles decidir quais ações serão tomadas. Embora improvável, espera-se que esta concorrência global faça com que governos adotem melhores medidas monetárias, caso contrário continuarão perdendo espaço para moedas como o Bitcoin.