A FX Trading Corporation atuou em vários países, mas tem sido acusada de operar um golpe com Bitcoin no Brasil. Vários clientes antigos do negócio já procuram delegacias de polícia para denunciar o suposto esquema, que prometia até 2,5% de rendimentos por dia.
Certamente, as altas promessas de rendimentos com Bitcoin atraíram uma grande quantidade de investidores. Muitos acreditavam na solidez do negócio, que se apresentava como “Global”.
Philip Wook Han, de 37 anos foi o principal divulgador do golpe no Brasil, ele também é o suposto criador da empresa. Desde o final de 2019, muitos clientes buscam reaver seus investimentos no negócio após as promessas milagrosas, típicas de esquemas de pirâmide financeira, não terem sido cumpridas.
Possível golpe usando a imagem do Bitcoin, FX Trading acumula inquéritos em delegacias de polícia de São Paulo
Ainda que o maior “piramideiro” dos EUA, o famoso Charles Ponzi, tenha morrido no Brasil, era impensável que deixaria um legado no país tão ruim. Este “modelo de negócios”, altamente perigoso e que certamente ataca famílias brasileiras nos últimos anos, tem causado enormes problemas na economia popular local.
O ano de 2019, por exemplo, foi um ano chave para os negócios que usavam a imagem do Bitcoin. Vários ruíram com a ajuda da polícia federal, como Indeal e Unick Forex, outros já foram investigados pela CVM, como a Midas Trend e até a FX Trading.
Essa última é apontada como um suposto esquema de pirâmide financeira por ex-investidores. Há suspeitas inclusive que o negócio teria captado cerca de R$ 1 bilhão dos brasileiros, com promessas de rendimentos diárias.
De acordo com a Folha de São Paulo, a FX Trading Corporation abordava seus clientes se passando por pessoas de confiança. Além disso, patrocinava eventos em locais sofisticados, com Philip Wook Han comumente mostrando uma vida de luxo em redes sociais e frases de efeito. Em conversa com a Folha, Han nega qualquer ligação com a empresa.
“Quem não conseguir U$ 50 mil (R$ 287 mil) por dia é um fracassado”, teria dito Han, de acordo com a Folha
Investidor colocou R$ 145 mil na FX Trading 20 dias antes de negócio ruir
Em conversa com a Folha, o investidor Ubirajara afirmou que colocou R$ 145 mil na FX Trading. O dinheiro aportado na empresa teria rendimentos espetaculares, contudo, após 20 dias, a FX fechou e o sonho se tornou pesadelo.
O homem ficou ainda mais indignado quando, sem honrar com as dívidas causadas pela FX Trading, a empresa foi reiniciada. Com o fim da FX, surgiu a F2 Trading, que recomeçou o negócio praticamente ignorando quem investiu na primeira versão do possível golpe.
A FX Trading não possuía nenhuma autorização para captar investidores no Brasil, o que levou a CVM a interromper suas atividades em maio de 2019. Cabe o destaque que o mercado Forex é proibido no Brasil, e a FX Trading captava clientes para investimentos também nesse setor.
Ao receber cartão vermelho no Brasil, a empresa expandiu seus negócios para Europa, México, entre outros. Autoridades destes países já enviaram alertas ao mercado de investidores contra a empresa como, por exemplo, a Espanha. No fim de 2019, investidores mexicanos também afirmaram em redes sociais problemas ao tentar acessar a plataforma da F2 Trading.
Ex-investidor afirmou que é uma quadrilha bem organizada
Em entrevista para a Folha de São Paulo, um cliente da empresa afirmou que a FX Trading seria uma quadrilha bem organizada. De acordo com o ex-investidor, como não conseguiu seu dinheiro com os donos, registrou BO contra o líder que o apresentou ao negócio.
A Folha relatou que entre os clientes entrevistados há uma sensação de impunidade, e muitos acreditam que não receberão seu dinheiro de volta. Para o promotor que cuida do caso, foi prometido o que era impossível entregar, logo, é um claro crime contra a economia popular.
Ambas as empresas FX e F2 Trading são investigadas pela CVM no Brasil e em outros países. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo se manifestou, apontando que há três inquéritos policiais abertos contra as empresas, com suspeitas de estelionato, organização criminosa e crime contra economia popular.
Pelo Reclame Aqui, reclamações apontam os problemas vividos por alguns clientes da FX Trading. As reclamações relatam problemas em saques, registradas no último ano de diferentes cidades do Brasil. Cabe o destaque que nesta quarta (20), faz exatamente um ano desde que a CVM emitiu nota contra a FX Trading, mas os problemas perduram.
Os advogados que defendem Philip Han afirmaram para a Folha de São Paulo que ele era mais um investidor da empresa e não teria ligação com os sócios. Han teria sido contratado para dar palestras motivacionais aos investidores do grupo e também não tem tido acesso as suas contas, assim como os demais clientes, segundo seus advogados.