O programa da TV Assembleia de Minas Gerais, Via Justiça, conversou com um juiz sobre os golpes com criptomoedas que tem crescido no Brasil em 2021.
No estado de Minas Gerais mesmo, o cenário tem sido preocupante com algumas pirâmides financeiras oferecendo rendimentos fixos para a população, com a imagem das criptomoedas como o Bitcoin, por exemplo.
Um dos casos mais recentes que foi encerrado na capital Belo Horizonte foi da Medina Bank, que ficou famosa pelo líder se passar por “Jesus Cristo” ao captar investimentos.
Esse é claro é apenas um caso isolado, mas já mostra a audácia dos líderes de golpes quando querem convencer suas vítimas.
Juiz de Minas Gerais falou sobre crescimento dos golpes com criptomoedas em programa de TV
O programa Via Justiça é uma parceria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais com a Amagis (Associação dos Magistrados Mineiros), realizando debates semanais sobre diversos assuntos.
E na última conversa com o programa semanal foram convidados Bernardo Bicalho, presidente da Comissão de Falência e Recuperação Judicial da OAB/MG, e o juiz auxiliar Fernando Lamego Sleumer, da comarca de Belo Horizonte.
Na sua participação, o juiz comentou sobre o surgimento do Bitcoin tem relação com a crise no sistema bancário mundial, em 2008. Na época, a população mundial passou a desconfiar dos bancos, sendo a criptomoeda uma ideia de sistema autônomo aos bancos centrais.
O juiz Sleumer lembrou que essa é uma moeda com uso da criptografia que faz parte da sua essência e é utilizada como meio de pagamento desde 2010 quando duas pizzas foram adquiridas.
Já o advogado Bernardo comentou sobre o crescimento dos golpes no mercado de criptomoedas visto que os investidores estão buscando alternativas para maximizar seus lucros com a política de baixo a taxa de juros praticada pelos bancos centrais.
Para o advogado esse mercado ainda é nebuloso visto que não há regulamentação no Brasil nem pelo banco central e nem pela CVM. Bicalho declarou também que o principal golpe com o uso das criptomoedas hoje é o de oferecer juros fixos para os clientes, como tem sido praticadas por pirâmides financeiras.
“Um alerta a todos: muito cuidado com super valorizações e super retornos financeiros, toda a dinâmica deste golpe traz como cenário de fundo aspectos de demonstrações de riqueza principalmente em redes sociais como forma de chancelar aquilo que se propõe.”
O juiz complementou a visão do advogado dizendo que a mecânica do golpe envolve dois aspectos: a ganância e o tempo. Ele lembrou que quando a proposta é apresentada e uma resposta é exigida com pouco tempo, já é um ponto para se desconfiar.
O juiz Fernando ainda disse que o crescimento das criptomoedas foi muito rápido nos últimos meses com a presença até de bilionários como Elon Musk. Questionado se o setor é seguro, o juiz disse que os investidores devem tomar cuidado e que alguns produtos lançados em bolsas são mais interessantes para que as pessoas conheçam o mercado.
Bitcoin é o mais anárquico e descentralizado de todos, ao contrário das outras criptomoedas
Para o juiz Fernando Sleumer, os iniciantes dessas tecnologias devem buscar conhecer os fundamentos do Bitcoin antes de investir, visto que os erros em transações são irreversíveis.
Durante a explicação dos fundamentos da tecnologia, o juiz lembrou que apenas o Bitcoin é verdadeiramente descentralizado, ao contrário de outras criptomoedas.
“Então é um sistema descentralizado, o Bitcoin inclusive é considerado o sistema mais anárquico de todos porque ele não tem regulamentação governamental nenhuma e ele é totalmente descentralizado ao contrário de outras criptomoedas que já existem ou que estão em fase final de desenvolvimento como a do Facebook, por exemplo.”
Este programa foi ao ar na última quarta-feira (6), mostrando que o judiciário segue atento aos detalhes do Bitcoin no Brasil, assim como o crescimento dos golpes com a imagem da moeda no país.