Em uma pacata cidade dos Estados Unidos, a tranquilidade do cotidiano está sendo abalada por um novo e controverso vizinho: uma mineradora de Bitcoin. A operação ‘barulhenta’ tem gerado um conflito entre a empresa e os moradores locais, que veem a mineração como uma ameaça tanto à sua qualidade de vida quanto à segurança nacional.
Desde a chegada da mineradora no local, os moradores da cidade de DeWitt, no estado de Arkansas, têm reclamado de um barulho constante, tão perturbador que foi parar na justiça.
“É como viver ao lado de uma fábrica que nunca fecha”, desabafou um morador local. Em resposta, o Tribunal do Quórum do Condado de Arkansas tentou impor limites mais rígidos de ruído, mas a empresa não aceitou as regras de braços cruzados.
Os equipamentos da empresa, conhecidos como ASICs, usam ventiladores para resfriar milhares de módulos que realizam cálculos complexos para minerar bitcoins, e com cerca de 3000 desses hardwares, o barulho passou a incomodar a vizinhança.
A mineradora de Bitcoin chamada Jones Digital conseguiu uma liminar, alegando que os novos limites de ruído eram discriminatórios e violavam a Lei 851, que proíbe a discriminação contra data centers e mineradores de criptomoedas.
O juiz do caso então decidiu a favor da empresa, frustrando os esforços dos moradores e das autoridades locais.
Moradores querem fechar mineradora de Bitcoin
As preocupações dos moradores vão além do barulho dito como “infernal”. Há medo de danos ambientais e impactos na saúde, com suspeitas de que a mineradora possa liberar poluentes.
“Os ruídos altos que podem prejudicar a audição e afugentar aves aquáticas”, dizem os moradores.
No entanto, uma inspeção realizada pelo Departamento de Qualidade Ambiental do Arkansas não encontrou evidências de danos. “Nossos filhos brincam aqui, nossas famílias vivem aqui; precisamos ter certeza de que estão seguros”, diz um morador preocupado.
A questão da segurança nacional também entrou em cena com alegações de que a empresa é de propriedade estrangeira e poderia servir a interesses não alinhados com os dos EUA.
“Para alguém que nem mora dentro dos Estados Unidos vir sugar nossos recursos para lucrar com os homens e mulheres trabalhadores deste condado e deste estado… isso não vai dar certo. É hora de acabar com isso e se livrar disso…”, disse outro.
Representantes políticos locais levantaram preocupações sobre a possibilidade de as criptomoedas mineradas serem usadas por organizações criminosas e terroristas.
Os moradores, apoiados por um Comitê que promete Proteger o Condado de Arkansas, estão se mobilizando. Eles buscam apoio de outros condados e apelaram ao governador do estado para uma sessão especial para revisar a Lei 851.
“Não vamos ficar parados enquanto nossa comunidade é desconsiderada”, afirma Jackie Johnson, líder comunitária.
O caso vai além de um simples conflito de vizinhança. Ele toca em questões complexas de inovação tecnológica, impacto ambiental, e o papel da legislação em proteger os interesses econômicos e qualidade de vida dos cidadãos.
A batalha legal agora foi encaminhada para um Tribunal Federal, e a comunidade de DeWitt espera que a mineradora seja fechada.
Caso você esteja curioso, no vídeo abaixo é possível ouvir o barulho dos equipamentos: