O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou que o dólar americano continuará sendo a moeda de referência global, enquanto as criptomoedas são vistas principalmente como veículos de investimento. A afirmação foi feita por Kristalina Georgieva, diretora do FMI, em entrevista ao Yahoo Finance nesta terça-feira (16).
Segundo ela, as criptomoedas são uma classe de ativos, não exatamente dinheiro no sentido convencional. “É mais parecido com um fundo de gerenciamento de dinheiro”, afirmou.
Georgieva argumentou que tal distinção é crucial em um momento em que o setor de criptomoedas experimenta tanto altos quanto baixos intensos, marcados pelas trajetórias de empresas como FTX.
“Enquanto isso, o dólar americano mantém sua posição dominante, apoiado pela força da economia dos EUA e a profundidade dos seus mercados de capitais.”
“Bitcoin não é dinheiro”
Os novos ETFs de Bitcoin, que começaram a ser negociados na última quinta-feira (11), representam uma mudança para a indústria cripto. Pela primeira vez, investidores médios poderão ganhar exposição à criptomoeda mais popular do mundo sem a necessidade de possuí-la diretamente.
Essa abertura, segundo especialistas do setor, é apenas um passo ao longo do caminho para a aceitação mais ampla das criptomoedas.
Falando sobre o assunto, o FMI mantém uma postura cautelosa. Georgieva não vê o dia em que as criptomoedas, como o Bitcoin, poderiam rivalizar com o dólar americano em termos de estatura. Segundo ela, esse cenário, se existir, está tão distante no futuro que não é prático discuti-lo no momento.
“Olha, este dia, se existir, está tão distante que acho que não é muito útil falar sobre isso. Por que o dólar é hoje uma moeda dominante? Por causa do tamanho da economia dos EUA e, mais importante, da profundidade dos mercados de capitais nos EUA”, argumentou.
“Não tenho pressa em transformar meus dólares em outra moeda, mas isso não significa que você não deva”
Ao expressar sua postura pessoal de não querer converter seus dólares em outra moeda, Georgieva reforçou sua confiança contínua na estabilidade do dólar americano. No entanto, ela não descarta a importância da diversificação de investimentos, incluindo criptomoedas como o Bitcoin.
Ela reconhece o Bitcoin como uma forma emergente de ativo, mas mantém uma perspectiva negativa sobre as criptomoedas rivalizando com o dólar americano em termos de dominância global.
Sua abordagem sugere que, embora a diversificação seja um componente chave de uma estratégia de investimento bem-sucedida, ela não vê o Bitcoin, no estado atual, como uma ameaça significativa ao status quo financeiro global.
“Eu não tenho pressa em transformar meus dólares em outra moeda. Isso não significa que você não deva, você sabe, diversificar. Mas, eu não me preocuparia muito com o bitcoin rivalizando com o dólar. Há coisas que me fazem perder o sono — essa não é uma delas.” concluiu.
No contexto regulatório, Georgieva já defendeu a necessidade de mais regulamentações para as criptomoedas e até sugeriu que a proibição desses ativos deveria ser uma opção considerada, caso a regulamentação falhe ou seja muito lenta de ser implementada.
Georgieva também já expressou preocupações sobre como a adoção generalizada das criptomoedas poderia minar a estabilidade financeira dos países, enfraquecendo a capacidade dos bancos centrais de gerenciar taxas de juros e fluxos de capital, além de dificultar a coleta de impostos.
A diretora do FMI ainda afirmou que a alta adoção de criptomoedas poderia comprometer a estabilidade macrofinanceira e enfatizou a importância da coordenação global em políticas cripto.
Ela, por fim, reiterou que o FMI não está buscando retornar a um mundo pré-cripto ou esmagar a inovação, mas prefere estabelecer supervisão em torno do ecossistema.