A Nigéria retirou as acusações contra Tigran Gambaryan nesta quarta-feira (23), liberando o executivo da Binance da prisão. Gambaryan estava preso desde fevereiro, quando viajou ao país africano para conversar com autoridades em nome da corretora.
Ao longo dos meses, o executivo passou a se queixar de problemas de saúde, incluindo uma hérnia de disco e malária. Em vídeos, Gambaryan sempre aparecia em uma cadeira de rodas ou então com uma muleta, apresentando dificuldade para caminhar sozinho.
Apesar da soltura de Gambaryan, a Nigéria continuará seu caso contra a Binance. O governo está acusando a corretora de lavagem de dinheiro.
Nigéria abandona caso contra executivo da Binance
Dois executivos da Binance viajaram para a Nigéria para conversar com os governantes locais e tratar questões regulatórias em fevereiro deste ano. Ambos foram presos e o governo exigiu o pagamento de R$ 50 bilhões em multas.
Um deles, Nadeem Anjarwalla, conseguiu fugir em março após sair da prisão para rezar. No entanto, Tigran Gambaryan continuou preso por cerca de 8 meses, boa parte desse tempo em uma cela subterrânea sem nenhum conforto.
Em uma das audiências, Gambaryan chegou a desmaiar, sendo levado ao hospital. Em outras, o executivo aparenta estar com um estado de saúde preocupante, o que levou tanto sua família quanto a Binance a pedirem ajuda do governo americano para libertá-lo.
Parecendo colocar um fim a essa longa história, um tribunal nigeriano ordenou a libertação do executivo nesta quarta-feira (23). As informações são da Reuters.
“Retiramos as acusações de lavagem de dinheiro contra Tigran Gambaryan para permitir que ele receba tratamento médico fora do país”, disse Ekele Ihenacho, advogado da Comissão de Crimes Econômicos e Financeiros da Nigéria (EFCC).
Seu julgamento foi antecipado devido aos motivos de saúde mencionados acima. De qualquer forma, o caso contra a Binance continua. A corretora nega as acusações.
Executivo passou mais tempo na prisão do que fundador da Binance
Como comparação, Changpeng Zhao, fundador e ex-CEO da Binance, ficou preso por apenas quatro meses nos EUA, ou seja, metade do tempo em que Gambaryan ficou detido na Nigéria.
Outra diferença é que Zhao comandava a empresa, justificando sua condenação. Já Gambaryan era apenas um funcionário, sem nenhum poder de decisão na corretora que justificasse sua prisão.
Dado isso, embora o executivo tenha sido libertado, é possível que ele tenha motivos para buscar seus direitos e tentar processar o governo nigeriano. Antes de se juntar à Binance, Gambaryan trabalhou por 10 anos como agente da Receita Federal dos EUA.