A popularização do bitcoin e de outras criptomoedas trouxe inúmeros benefícios à economia mundial e à população. Menores custos de transação, agilidade e estimulo à inovação financeira são alguns deles, como apontou o economista Fernando Ulrich no livro Bitcoin, A Moeda na Era Digital, publicado em 2014.
Por outro lado, a difusão das “criptos” também deu espaço para possíveis golpes – que não devem ser creditados à tecnologia da moeda, mas sim aos mal-intencionados -, dúvidas de alguns investidores, que desconhecem o funcionamento do mercado, e muitas reclamações contra empresas da área.
Segundo levantamento do Reclame Aqui feito com exclusividade para o Livecoins, a quantidade de reclamações contra grupos que trabalham com bitcoins aumentou 530% neste ano na comparação com 2018. Foram 29.895 queixas entre janeiro e outubro de 2019 ante 4.747 no ano passado.
O número registrado neste ano chega a ser 135% maior do que a soma das reclamações feitas em 2018, 2017 e 2016. Nesses três anos, o total foi de 12.708 queixas.
ANO | NÚMERO DE RECLAMAÇÕES |
2016 | 219 |
2017 | 7.742 |
2018 | 4.747 |
2019* | 29.895* |
*entre janeiro e outubro
A pesquisa constatou queixas feitas nas páginas de 53 empresas brasileiras que atuam com criptomoedas. Entre as citadas estão Bitcoin Banco, Negocie Coins e Tem Btc, todas pertencentes ao Grupo Bitcoin Banco; Unick Forex; Atlas Quantum e Investimento Bitcoin, além de outras.
A Unick Forex é líder de reclamações. Na página da empresa, apontada pela Polícia Federal como uma pirâmide financeira, há 18.539 queixas. Desse total, 80% foram feitas neste ano. “Unick não me paga desde julho”, “fiquei no prejuízo” e “não devolvem meu dinheiro” são alguns exemplos.
As queixas contra as empresas de Claudio Oliveira, presidente do Grupo Bitcoin Banco – que desde maio não libera saques para investidores -, somam 2. 211 reclamações, sendo que quase 80% foram feitas neste ano. “Quero meu dinheiro de volta” e “sumiram com o dinheiro dos clientes” são algumas frases usadas pelos lesados.
A Atlas Quantum, empresa que está com problemas para liberar saques desde agosto – mês em que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) impediu a empresa de ofertar investimentos em bitcoins – tem 2.311 reclamações. Só nos últimos seis meses foram 1.805.
Já a página da Investimento Bitcoin, que em setembro mudou o nome para Investimento Brasil, tem 650 reclamações na plataforma, sendo que 93% foram feitas nos últimos seis meses deste ano. A CVM apontou que a empresa tem características típicas de pirâmide financeira.
Importante lembrar que nem todas as empresas listadas registram problemas com a liberação de saques ou têm pendências com a Justiça. Algumas das reclamações dizem respeito a problemas com logins, questões técnicas ou demora no atendimento.
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