Quantas vezes escutamos o termo “banco de dados descentralizado”, ou, regulação através do consenso? No entanto, quase ninguém se pergunta o que é descentralização. Aceitamos o termo técnico, pois, comparado com o sistema tradicional, as criptomoedas são uma verdadeira revolução.
No Bitcoin não existe uma entidade ou pequeno grupo essencial para a operação, e tampouco conseguem censurar ou reverter transações. O sistema funciona 24 horas, e qualquer um pode auditar a quantidade de moedas em circulação, enviar suas próprias transações, e validar todo o histórico de movimentações de forma independente.
Já na Bolsa de Valores e os Bancos Centrais, é na base da “confiança”, e o usuário, por mais influente que seja, depende de terceiros para movimentar e armazenar seus ativos.
É algo utópico e teórico, uma ausência total de poder ou influência na coordenação do sistema. Qualquer participante do sistema possui a mesma capacidade, conhecimento, habilidade técnica, e capacidade de interferir no funcionamento da rede. É óbvio que isso não existe.
Além disso, descentralização não é um fim, e sim um meio. O objetivo do Bitcoin é dificultar ao máximo que um pequeno grupo, por mais poderoso que seja, tome controle da rede. Nesse caso, estamos falando em realizar transações não autorizadas ou censurar participantes.
No Bitcoin existem os mineradores, entidades que colocam suas poderosas máquinas especializadas para encontrar a solução do código que une o novo bloco de dados à sequência blockchain existente.
De fato, se um grupo com poder (hashrate) suficiente se unir, é capaz de gerar dados contendo transações inválidas. Dessa forma, cabe aos próprios usuários se coordenarem para ignorar essa sequência de transações.
Além disso, a maioria dos usuários não possui o software (node) para validar as transações por conta própria. Mesmo dentre os entusiastas que o fazem, muitos não possuem conhecimento técnico para validar o código-fonte ou participar dos debates técnicos.
Sim. Descentralização é uma escala, que vai de 0 a 99, mas nunca chega a 100. Em última instância, quem “manda” no Bitcoin são os usuários, e isso ficou provado na disputa da solução de escalabilidade, o aumento da capacidade de processamento da rede.
Em resumo, os usuários foram contra o aumento do tamanho do bloco, algo que era apoiado por 80% dos mineradores, além de grandes exchanges e custodiantes. O movimento ficou conhecido como NO2X, e o lado perdedor ficou com a moeda-clone Bitcoin Cash (BCH).
Enfim, só se entende o valor da descentralização quando o projeto sofre um grande ataque coordenado. É isso que torna o Bitcoin tão valioso, a resiliência a ataques.
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