O mundo das criptomoedas tem visto uma série de inovações com a chamada Web3, e uma que tem chamado a atenção é a plataforma Friend.tech. Em um período muito curto desde o lançamento de sua versão beta em 10 de agosto, a plataforma acumulou mais de 100 mil cadastros, conforme revelado por um banco de dados vazado no início da semana.
Para os que não estão antenados no mercado de criptomoedas, o Friend.tech não é apenas mais um aplicativo de mídia social. É uma fusão das funcionalidades das redes sociais com os princípios fundamentais das criptomoedas.
O slogan da plataforma, “o mercado para seus amigos”, oferece uma visão do que esperar. A ideia básica é permitir que os usuários monetizem suas interações, tomando como base um conceito semelhante ao de “memecoins” dos influenciadores do Twitter.
O que é o Friend Tech?
O Friend.tech pode ser resumido como uma rede social descentralizada que paga usuários para usá-la. Similar ao BlueSky e outras plataformas emergentes, o Friend.tech mantém um ar de mistério ao exigir códigos de convite para novos usuários.
Tal estratégia não só alimenta a curiosidade, mas também cria um senso de exclusividade entre os usuários já inscritos.
O cerne da plataforma gira em torno de bate-papos em grupo privados, lembrando o popular aplicativo Telegram. No entanto, o Friend.tech tem um diferencial: para ter acesso a um chat privado, os usuários não apenas precisam de um convite, mas também têm que comprar ações do proprietário desse chat.
Se decidirem partir, há a opção de vender essas ações, instaurando um mercado onde a demanda e popularidade de um usuário influenciam diretamente seu valor.
E para adicionar uma camada adicional de incentivo, a plataforma entrelaça mecanismos de recompensa em cripto. Por meio de compartilhamentos de taxas e airdrops, os usuários são constantemente incentivados a permanecer ativos e engajados.
Essa estratégia já rendeu frutos, com influenciadores de criptomoedas relatando ganhos significativos.
Como é possível perceber, ganhar dinheiro é o ponto-chave da rede social — e o Friend.tech já está atraindo milhões. Só nas últimas 24 horas, a plataforma registrou mais de US$ 1,04 milhão em taxas de transação, gerando pouco mais de US$ 709.000 em receita.
Mas a plataforma também tem atraído criticas, com alguns sugerindo que ela opera, na verdade, um esquema Ponzi.
Friend.tech é um golpe de pirâmide?
Apesar da meteórica ascensão do Friend.tech, ele não está isento de críticos. Surgiram preocupações quanto à ausência de uma política de privacidade concreta. Além disso, os usuários são obrigados a depositar Ethereum no momento de cadastro.
Relatos de uma interface instável, juntamente com um roteiro operacional um tanto nebuloso, adicionam-se à lista de preocupações crescentes.
A plataforma também levanta dúvidas em termos de suas provisões de segurança e liquidez, especialmente porque facilita que os usuários saquem das ações das quais lucram.
Para aqueles familiarizados com o mundo cripto, o Friend.tech pode parecer uma reminiscência de outra plataforma — BitClout, que mais tarde mudou sua marca para DeSo.
Funcionando como uma rede social centrada em cripto, o DeSo permitiu que os usuários comercializassem tokens baseados na reputação individual.
Embora tenha sido lançado em meio a grande expectativa em 2021, o entusiasmo logo diminuiu, culminando em controvérsias legais, pois o app foi acusado de inscrever usuários sem obter seu consentimento.
O fundador da friend.tech, @0xRacerAlt, não é um desconhecido no mundo dos “experimentos sociais”. Além do FT, ele também é responsável pelo lançamento de projetos como TweetDAO e Stealcam.
Ambos os projetos, prometendo experiências sociais inovadoras, foram descontinuados após apenas alguns meses. Tais ações levantam dúvidas sobre a longevidade e seriedade da friend.tech.
A promessa de friend.tech de permitir que os usuários comprem “ações” de outras contas não parece ter um valor intrínseco sólido. A interação proposta, apesar de inovadora, não oferece benefícios tangíveis ou incentivos econômicos claros para os criadores, tornando a retenção de usuários um desafio.
Mais preocupante ainda, a estrutura de preços da friend.tech segue uma função quadrática, distante dos princípios básicos de oferta e demanda. Isso significa que os preços podem aumentar exponencialmente com a demanda, mas também podem cair da mesma forma.
Essa estrutura, que depende da entrada constante de novos usuários para se sustentar, tem todas as características de um esquema Ponzi.
Como criar conta no Friend.Tech
Para se inscrever no Friend.Tech, você precisará começar visitando o site www.friend.tech em um telefone celular. A página fornecerá instruções para baixar o aplicativo para o telefone Android ou iPhone.
Depois de baixar o aplicativo:
- Você precisará de um código de convite de um amigo ou outro usuário para começar. Há muitos sendo postados no Twitter e no Reddit.
- Depois de se inscrever com o código, você precisará vincular sua conta do Twitter. Como resultado, o Friend.Tech recebe permissões para sua conta do Twitter, que recomendamos revogar em suas configurações do Twitter.
- A última etapa é ter Ethereum em sua carteira Friend.Tech. Eles exigem que você deposite pelo menos 0,01 ETH e os fundos devem ser transferidos de uma carteira na blockchain da Base.
Atualmente o Friend.Tech não tem uma versão WEB, mas é possível usar um truque no Chrome que permite o acesso da rede social no navegador.
Para fazê-lo, basta ir nas ferramentas de desenvolvedor e escolher o agente Nexos, emulando o Android no computador, conforme explica o vídeo abaixo.
Por fim, é importante que os usuários se aproximem de plataformas como a friend.tech com uma dose saudável de ceticismo. Enquanto alguns podem lucrar imensamente ao entrar cedo, muitos podem acabar perdendo tudo.
A prudência e a devida diligência são, portanto, mais essenciais do que nunca neste mercado em constante mudança.