Uma das muitas preocupações dos reguladores com as criptomoedas é o como elas podem ser usadas para financiar atividades ilícitas, como ataques terroristas. De acordo com um recente relatório da ONU, o número de ataques financiados com criptomoedas quadruplicou este ano.
Svetlana Martynova, diretora jurídica sênior do Comitê de Combate ao Terrorismo das Nações Unidas, disse que há alguns anos 5% dos ataques terroristas eram vistos como financiados por criptomoedas ou vinculados a ativos digitais, agora o número chegou a 20%.
No entanto, vale a pena ressaltar que Martynova usa termos como “acreditamos” e “possivelmente”, sem dar informações concretas sobre os dados de terrorismo financiado com criptomoedas.
Moedas fiduciárias ainda são a principal forma de financiamento de grupos terroristas
Em uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas no Hotel Taj Mahal Palace, em Mumbai, um dos locais do ataque de 26 de novembro de 2008, Martynova reconheceu que, apesar da preocupação com as criptomoedas, as moedas fiduciárias ainda são a principal forma de financiamento de grupos terroristas.
“No que diz respeito à movimentação de fundos, os especialistas concordam que transferências de dinheiro e outras transferências continuam sendo os métodos predominantes usados por terroristas. Mas houve também um aumento na sua utilização em combinação com novos métodos de pagamento.”, afirmou.
Segundo ela, esses métodos não incluem apenas criptomoedas, mas também sistemas de pagamentos com celular e até financiamento coletivo.
A diretora jurídica afirmou que a combinação de transações, pagamentos, crowdfunding e blockchain às vezes representam uma trilha de dinheiro complexa para os investigadores financeiros seguirem. “Alguns desses produtos podem permitir transferências anônimas de fundos entre fronteiras.”
Com isso, muitos acreditam ser preciso ter ainda mais controle de informações relacionados com criptomoedas.
A Força-Tarefa de Ação Financeira, GAFI, disse que as autoridades precisam acelerar as verificações das identidades dos usuários de criptomoedas e que apenas 11 das 98 jurisdições pesquisadas estão aplicando e supervisionando a medida determinada pela entidade.
Na contramão, recentemente um ex-diretor do FBI afirmou que, na verdade, é bem mais fácil rastrear o caminho do dinheiro pela blockchain (afinal, ela é transparente), o que facilitaria para as autoridades notarem quando grupos terroristas são realmente financiados por criptomoedas.