Uma possível pirâmide financeira cruzou oceanos para abordar investidores no Brasil e Venezuela com altas promessas de rendimentos. Afirmando possuir sede em Hong Kong, a empresa afirma render até 19% por mês.
Para gerar os altos rendimentos para os possíveis investidores, a empresa alega ter uma sólida operação de mineração de criptomoedas. Contudo, mesmo com site, em redes sociais não há nenhuma imagem, mesmo que ilustrativa, de uma máquina de mineração.
Dessa forma, um site especializado na denúncia de esquemas de pirâmides financeiras fez uma análise sobre o negócio, apontando ser um ponzi. No Brasil, uma das principais empresas a ter acusações de operar um esquema de pirâmide com mineração é a Minerworld, que foi destaque na Record na última semana.
Pirâmide que promete rendimentos mensais com mineração ataca no Brasil e Venezuela
Os brasileiros têm sido um alvo constante de esquemas de pirâmide nos últimos anos. Considerando os mais famosos dos últimos anos, Telexfree, BBOM, Boi Gordo, todos tiveram como semelhança o prejuízo para inúmeras pessoas, que ao acreditar, perderam dinheiro de uma vida.
Com a popularização do Bitcoin, entretanto, as moedas digitais passaram a ter a imagem vinculada a pirâmides financeiras. Sendo um mercado novo, os líderes e fundadores de esquemas fraudulentos aproveitaram a onda de valorização do Bitcoin para criar e divulgar negócios suspeitos, com promessas de rendimentos garantidas.
Em 2019, vários negócios de pirâmide grandes começaram a ruir no país, sendo 2020 mais um ano ruim para criar pirâmides com Bitcoin no Brasil. Isso porque, as polícias civis e federal têm encerrado uma série de esquemas pelo Brasil. Mesmo assim, pirâmides estrangeiras já começam a mirar o país para ofertar negócios suspeitos.
Uma delas é a Miny, que de acordo com o portal de análises de negócios suspeitos BehindMLM é certamente um ponzi. Tendo sido criada em 2019, a Miny oferece ganhos mensais ao seus investidores, entre 10 e 19%, dependendo de qual foi o aporte inicial.
O fundador do negócio, que em sites da empresa é chamado de Thomas Norberg, afirma ser de origem russa. Em análise sobre o negócio, o BehindMLM aponta que Thomas existe apenas nos documentos da empresa, ou seja, pode nem ser uma pessoa real.
Sede em Hong Kong? Bônus sobre afiliados? Padrão mostra semelhança com esquemas de pirâmide
Um dos detalhes que chamou atenção da Miny é que ela afirma ter um token próprio. Este token seria usado para pagar os filiados, assim como os rendimentos diários e mensais prometidos.
Os clientes que são convidados a investir na empresa devem enviar dólar, Bitcoin, Ethereum ou Litecoin para a possível pirâmide. Ao enviar uma moeda para a carteira da empresa, os rendimentos teoricamente começam a acontecer, com a mineração de criptomoedas.
Os ganhos dependem de qual valor é investido, quando mais se investe, mais são as promessas de rendimentos. Para obter um lucro garantido de 19% ao mês, porcentagem surreal em investimentos de risco, um interessado deve aportar pelo menos U$ 15 mil, ou R$ 75 mil.
Afirmando ter sua sede em Hong Kong, com um fundador russo, a Miny atualmente recebe tráfego de três países principalmente: Venezuela (15%), Rússia (10%) e Brasil (8%). Ao entrar no site da empresa, várias propostas são oferecidas, mas como destaca o BehindMLM, esquemas ponzi não costumam durar muito tempo, pois dependem da entrada de novos investidores.
Portanto, mesmo que a “evidência” da mineração fosse fornecida (normalmente nas mídias sociais), isso não faria sentido. Atualmente, a única fonte verificável de receita que entra no Miny é o novo investimento. O novo investimento é armazenado pela Miny e usado para atender a solicitações de retirada de troca interna. Usar novos investimentos para pagar afiliados existentes faz de Miny um esquema de Ponzi.
Recentemente, o Livecoins destacou que a Mining-Up era outra possível pirâmide estrangeria a atacar no Brasil. Contudo, as promessas de rendimentos garantidas, seja com mineração, bot de arbitragem/trade, normalmente terminam em lástima.