Em uma matéria investigativa especial, a Reuters voltou a atacar a Binance nesta segunda-feira (17). Apesar da investigação apontar estratégias da Binance para fugir da rígida regulamentação americana, sugerindo que a corretora não está limpa, o preço da Binance Coin (BNB) nem sequer se moveu.
Em outras palavras, o mercado não deu muita importância ao ataque. Afinal, o mesmo parece um resumo sobre tudo que já foi dito sobre a Binance, cuja parte mais interessante está relacionada ao “documento de Tai Chi”, já explorado pela Forbes ainda em 2020.
Contudo, o CEO da Binance fez questão de responder rapidamente à Reuters. Em nota publicada no site oficial da corretora, Changpeng Zhao mostrou-se mais incomodado com a exposição de seu filho, com a co-fundadora da Binance (Yi He), do que com as acusações em si.
O que a Reuters publicou sobre a Binance?
Em uma extensa matéria com quase 4.500 palavras, a Reuters explica como a Binance se mantém longe dos holofotes da SEC até hoje. Em suma, aponta a criação da Binance.US, uma espécie de subsidiária para atender americanos — e atrair atenção das autoridades — enquanto a Binance global seguiria livre.
Uma das diferenças entre elas seria a quantidade de criptomoedas negociadas, limitando algumas nos EUA por conta da legislação, bem como a exigência de KYC — padrão implementado pela Binance global apenas no último ano.
Seguindo, a Reuters também ilustra que a Binance possui 73 empresas locais em diferentes países, incluindo uma no Brasil. Como destaque, cita que a maioria delas é controlada por Changpeng Zhao, apontando que tal influência causou a saída de dois executivos da Binance.US.
O texto segue, apontando que Zhao teria até mesmo ignorado o pedido de um funcionário para utilizar o aplicativo Slack, afirmando que ele entregaria seus dados para “qualquer agência dos EUA em uma bandeja de prata”.
Apesar da tentativa do ataque à Binance, o preço do BNB não se moveu após a publicação da matéria pela Reuters. Hoje, o BNB é o maior termômetro da saúde da corretora, afinal seu valor é principalmente dependente dos volumes da Binance, conforme seu maior caso de uso está relacionado a obtenção de desconto nas taxas de negociação.
Changpeng Zhao responde à Reuters
Do outro lado, o CEO da Binance parecia estar pronto para digitar uma resposta à Reuters. Afinal, jornalistas haviam entrado em contato com a corretora na segunda-feira passada (10) com uma série de perguntas.
Além disso, os jornalistas eram os mesmos que acusaram a Binance de ajudar traficantes a lavar R$ 11 bilhões e também de afirmar que a corretora estava descumprindo sanções. Ou seja, Changpeng Zhao já sabia que o próximo artigo seguiria a mesma linha de acusações.
Apesar de ter respondido a todos pontos, sobre conformidade jurídica e estilo de liderança, Zhao mostrou-se mais incomodado com a exposição de seu filho pela Reuters.
“Esses são temas justificáveis que tenho o prazer de abordar. O que é inédito desta vez é que eles baixaram ainda mais o nível e cruzaram a linha para um território indefensável. Eles sinalizaram a intenção de escrever sobre meus filhos.”
Another flagrantly inaccurate ‘report’ on Binance from the usual suspects.
We felt they crossed a serious line. Threatened to doxx my family. So the team agreed not to engage.
Read my response below, along with more details about how I lead Binance. https://t.co/dF9djlryDg
— CZ 🔶 Binance (@cz_binance) October 17, 2022
Na matéria, a Reuters afirma que o empresário possui um filho com Yi He, co-fundadora da Binance, uma informação sem relação ao tema da reportagem.
Por fim, é sabido que os EUA estão investigando todas corretoras de criptomoedas, incluindo a Binance.
Na semana passada, a Bittrex foi multada em R$ 276 milhões por não manter um programa de KYC entre 2014 e 2018, por exemplo. Outra gigante, a BitMEX foi investigada pelo mesmo motivo em 2020, levando a prisão de seus executivos.
Portanto, é possível que a Binance também seja multada em algum momento, afinal a corretora não exigiu KYC por muitos anos, permitindo seu uso por americanos. Entretanto, é difícil imaginar que o valor de uma potencial multa faça a mesma perder seu posto de maior corretora do mundo.