Desde domingo, dia 18 de agosto, tem circulado a informação de que a identidade e o destino dos 980.000 bitcoins pertencentes ao seu criador, Satoshi Nakamoto seriam revelados. A suposta revelação foi anunciada no site da empresa Satoshi Nakamoto Renaissance Holdings e seria publicada em três partes. No domingo, saiu a parte I, seguida pelas partes II e III.
E QUE RUFEM OS TAMBORES
Vale adiantar que o anúncio tem sido recebido com o ceticismo. Mas com um montante equivalente a mais de R$ 42 bilhões em bitcoins, o verdadeiro Satoshi Nakamoto teria condições de sobra para influenciar o mercado mundial de criptomoedas. Essa quantia teria sido o resultado da fase de testes “rodando” o processo de “mineração”, nos primeiros dias da criptomoeda. Veja um simulador de mineração aqui.
Prenda a respiração….. Bilal Khalid seria Satoshi Nakamoto. Natural do Paquistão, ele mora no Reino Unido, mas mudou de nome. Hoje Bilal atende pelo nome Sir James Bilal Khalid Caan.
Mas pra qualquer pessoa que já ouviu falar em criptografia assimétrica, a simples assinatura digital acompanhada da chave pública seria suficiente para acabar com o mistério. Ao invés disso o suposto inventor do bitcoin postou uma imagem mostrando o registro do domínio bitcoin<ponto>org em seu nome. No entanto, o registro aparece datado no dia 18 de agosto de 2008, o que, segundo ele seria prova “irrefutável”.
VER PRA CRER
Já que ficou devendo a verificação da identidade, vamos para o que interessa: onde estão os BTC$ 980.000? Por que não foram movimentados até hoje? Qual é o plano do Sir James daqui pra frente? Ou melhor, Satoshi Nakamoto?
Para saber mais sobre as alegações o leitor é convidado a ler os três artigos intitulados “minha revelação – parte I” e a parte II e III, estes dois postados de uma só vez, ontem segunda-feira. O texto traz uma narrativa atraente, cheia de detalhes técnicos, numerologia e até uma relação profissional íntima com um dos co-autores do Bitcoin, Hal Finney.
Hal Finney é conhecido por sua participação no projeto de desenvolvimento da moeda digital e ser a primeira pessoa a possuir bitcoins. Ele também teve participações no desenvolvimento de programas para criptografia de mensagens e na criação do algoritmo “Proof of Work”. O algoritmo de prova de trabalho é peça fundamental nas redes Blockchain porque permitem que a inclusão dos blocos aconteça sem a necessidade de agente coordenador central.
Ativista atuante, Hal fez parte do movimento cypherpunks, ao qual muitos atribuem a autoria da criptomoeda bitcoin.
Mais adiante no texto, a realidade bate à porta quando o paradeiro dos BTC$ 980.000 é revelado. Segundo Sir James, depois dos primeiros testes com a mineração, ele teria transferido o arquivo wallet.dat (carteira digital) contendo os bitcoins para um computador usado que acabara de adquirir. Alega ainda ter apagado o arquivo existente no laptop original, como de costume, sem deixar nenhum rastro pra trás. Na época, a rede Bitcoin tinha dificuldade 1, e um simples laptop poderia rodar um “full node”. Ou seja, ASICs não eram requisito para minerar bitcoins.
Mas para surpresa do suposto Satoshi Nakamoto, numa certa manhã de 2010, ao ligar o tal “novo” laptop usado nada além de uma tela preta apareceu na frente dele. E assim a fortuna hoje bilionária teria desaparecido.
GOLPE DE RP
No início desta semana, a agência de propaganda e marketing Ivy McLemore & Associates (IM&A) firma com mais de 20 anos de atuação, anunciou que havia sido contratada pela Satoshi Nakamoto Renaissance Holdings para “assistir o plano da nova empresa revolucionária de fornecer tecnologias superiores de blockchain para ajudar a transformar a vida das pessoas”.
“Estamos falando de alguns dos mais acompanhados e comentados avanços na tecnologia blockchain desde que Satoshi Nakamoto publicou seu whitepaper ‘Bitcoin: um sistema de dinheiro eletrônico peer-to-peer’, em 2008”, afirmou o presidente da IM & A Ivy McLemore.
“O foco de nossos esforços de marketing digital e relações públicas para o nosso mais novo cliente será a criação e distribuição de conteúdo perspicaz e instigante que atraia e envolva investidores, forneça valor geral e construa a confiança do público.”
Realidade ou ficção, o fato é que a identidade do inventor do bitcoin é um segredo guardado ao melhor estilo cypherpunks. E o dia que for revelado (e comprovado), juntamente com os 980.000 de bitcoins, será um dia para registrar na história da tecnologia. Vamos aguardar atentos.