Após um sequestro de um empresário que trabalha com Bitcoin em Recife (PE), ocorrido em março de 2021, a Polícia Civil de Pernambuco deflagrou na última semana a segunda fase da Operação Dirty Money II.
Segundo o delegado responsável pelas buscas, Paulo Berenguer, em conversa com O Globo, os criminosos teriam negociado os valores do resgate do empresário em criptomoedas com parentes da vítima.
Como os parentes pagaram a quantia exigida e só depois entraram em contato com a Polícia Civil, nenhum valor foi recuperado ainda.
Assim, a PC-PE cumpriu nove mandados de prisão preventiva na última semana, em Recife e São Paulo, além de unidades prisionais. Desses, apenas um suspeito estaria em liberdade, com os demais já na prisão em caráter temporário que foi convertido em preventiva.
O sequestro do empresário ligado ao mercado de criptomoedas chamou atenção das autoridades. Isso porque, entre os sequestradores havia um ex-estagiário da Caixa Econômica Federal, ou seja, o perfil da vítima batia com os perfis dos sequestradores, que seriam pessoas com conhecimento de mercado financeiro, apontou o delegado que investigou o caso.
Criminosos que realizaram sequestro de empresário do Bitcoin facilitaram as investigações com sequência de erros
Em conversa com O Globo, o delegado Paulo Berenguer destacou que a prisão dos suspeitos foi facilitada, visto que eles cometeram sequências de erros na execução do sequestro cometido contra o empresário do Bitcoin em Recife. O nome do empresário, assim como dos sequestradores, não foram divulgados pelas autoridades.
Dois erros cometidos foram destacados pelo delegado, sendo um o aluguel de um quarto em prédio e o outro o empréstimo de um carro, ambos pagos com PIX. Dessa forma, foi fácil identificar a identidade dos criminosos.
O carro alugado, por exemplo, tinha um sistema de GPS, que ajudou os policiais a identificar o trajeto percorrido pelos criminosos. Funcionários do prédio alugado também foram cúmplices na ação, tendo recebido R$ 7 mil para facilitar a entrada dos criminosos com a vítima no local.
O desfecho do crime, com a segunda fase da Operação Dirty Money II, aconteceu na última quinta-feira (27/05).
As investigações ainda apontam que os bandidos levavam uma vida de luxo, fruto dos sequestros envolvendo criptomoedas. Os investigadores acreditam que, após receberem um valor em moeda digital, essas eram vendidas abaixo da cotação na deep web.
Essa não é a primeira vez que uma pessoa é sequestrada no Brasil e o resgate é solicitado em criptomoedas. Isso porque, em setembro de 2020, a Polícia do Ceará desarticulou um sequestro que pedia Bitcoin pelo resgate de uma mulher, que chegou até a ser abandonada no cativeiro após 12 horas em posse dos sequestradores.