Staking é excelente, para os fundadores e pré-investidores

Staking, receber moedas para validar transações, é feito para enriquecer quem já possui uma grande posição.

Como as altcoins sem mineração sobrevivem? A verdade é que nem todos estão preocupados com o risco de conluio entre validadores, nem fazem questão de analisar toda série histórica por conta própria.

Há pessoas que não olham a fatura do cartão de crédito, e outras que se sentem mais “protegidas” na poupança. O “homo economicus” não existe. Ninguém anda por aí analisando riscos e tomando decisões igual a robôs.

Sabendo disso, as operadoras de celular e internet aproveitam para enfiar itens adicionais na fatura, enquanto os bancos celebram cada cliente que entra no cheque especial.

Qual a relação de criptos com esse “bug” humano?

Simples: os fundadores de shitcoins escolhem nichos atualmente impossíveis de se descentralizar. Nisso, criam um teatro de fantoches para fingir haver baixa influência dos principais atores, além de ausência de risco.

É bem provável que estejam batendo sua carteira diariamente, e você nem se dá conta. Eles conseguem incluir transações prioritárias nos blocos, congelar a rede impedindo envios para exchanges, e acima de tudo, viver da inflação.

Justamente por não exigir a Prova-de-Trabalho, as shitcoins, incluindo Ethereum (ETH), premiaram fundadores, amigos e pré-investidores. Acredite se quiser, a maioria reserva uma parte para marketing e desenvolvimento.

Para piorar, as shitcoins sem mineração tradicional precisam remunerar os validadores. Adivinhe quem paga a conta? Lógico, o detentor trouxa, que não perde tempo analisando isso, e pensa que “estão todos no mesmo barco”.

Não, o pequeno holder e os amigos do Vitalik não estão no mesmo barco. Por terem fabricado moedas de graça no início da vida do projeto, possuem grandes quantidades para fazer stake.

Ou seja, a inflação não afeta esses “senhores do engenho”, pois são os maiores beneficiários desse esquema.

Ok, pouco me importa isso. Staking é ou não arriscado?

Enquanto o grupelho de amigos do fundador estiver se beneficiando da brincadeira, o sistema semi-centralizado é “seguro”. O problema é o rouba-monte, pois as shitcoins competem pelo mesmo mercado de serviços utilizando blockchains federadas, controladas por um grupo.

O Bitcoin não vai entrar nessa briga tão cedo, pois isso só é possível na segunda camada, e a própria Ethereum já admite isso.

Desse modo, a briga das finanças descentralizadas, NFT e demais aplicações de smart contracts é uma batalha em aberto. Vai vencer quem fizer o melhor teatro de descentralização, remunerando o ecossistema e financiando projetos para inflar na largada.

Minha dica é: shitcoins devem ser analisadas como ações de empresas. Há um grupo no controle responsável pelas regras, desenvolvimento, e expansão.

Em suma, moedas sem mineração sobrevivem por competir com um sistema centralizado muito ruins de corretoras, galerias de arte, e bolsas de valores.

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Marcel Pechman
Marcel Pechman
Marcel Pechman é trader e analista de criptomoedas desde 2017. Atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Além de YouTuber em seu canal RadarBTC, foi reconhecido em diversas premiações como um dos maiores interlocutores do Bitcoin do país. Maximalista convicto, acredita na falência da moeda fiduciária, aquela emitida por governos.

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