Aproveitando a repercussão das falas de Sam Bankman-Fried da FTX, Vitalik Buterin aproveitou este domingo (30) para também expressar sua opinião sobre a regulamentação das criptomoedas.
Como destaque, o fundador do Ethereum afirmou estar feliz pelo atraso de diversos ETFs. Sua justificativa é que o setor ainda não está maduro o suficiente para receber ainda mais atenção.
Indo além, o desenvolvedor também compartilhou uma conversa com Brian Armstrong da Coinbase, publicada há dois meses, onde falou sobre temas como mixers. Colocando sua fala em contexto, é preciso lembrar que Buterin usou o Tornado Cash para enviar doações à Ucrânia, mas tal ferramenta foi sancionada pelos EUA e um de seus desenvolvedores foi preso na Holanda.
“Isso deve facilitar sua vida do ponto de vista da conformidade”, destacou Buterin após sugerir funcionalidades para um mixer para entregar anonimato, mas, ao mesmo tempo, dificultar a vida dos hackers que buscam apagar o rastro de criptomoedas roubadas.
Ecossistema das criptomoedas ainda não está maduro, aponta fundador do Ethereum
Sem medo de sua opinião não ser bem recebida por seus seguidores, Vitalik Buterin também afirmou que a indústria de criptomoedas ainda não está madura. Ou seja, o fundador do Ethereum acredita que ainda é cedo para que as criptos sejam oferecidas para grandes players.
“Outra opinião minha, talvez controversa, é que não acho que deveríamos estar buscando entusiasticamente um grande capital institucional a toda velocidade. Na verdade, estou meio feliz que muitos ETFs estão atrasados. O ecossistema precisa de tempo para amadurecer antes de recebermos ainda mais atenção.”
Seguindo, aponta que é melhor a indústria ter liberdade para trabalhar, mesmo que isso signifique ficar fora de certos mercados, do que ter uma regulamentação que permita o acesso das criptomoedas ao público geral, mas que interfira em como o setor funciona.
Outro ponto debatido pelo criador do Ethereum foi a regulamentação do DeFi, tema mais polêmico na abordagem de SBF da FTX na semanada passada.
Para Buterin, a verificação de identidade em projetos como corretoras descentralizadas seria apenas um incômodo ao usuário comum, sem resolver nenhum problema.
“A ideia de “KYC em frontends de DeFi” não me parece muito pertinente: incomodaria os usuários, mas não faria nada contra os hackers. Os hackers já escrevem códigos personalizados para interagir com os contratos. As corretoras [centralizadas] são claramente um lugar muito mais sensato para fazer KYC, e isso já está acontecendo.”
The "KYC on defi frontends" idea does not seem very pointful to me: it would annoy users but do nothing against hackers. Hackers write custom code to interact with contracts already. Exchanges are clearly a much more sensible place to do the KYC, and that's happening already.
— vitalik.eth (@VitalikButerin) October 30, 2022
Nas respostas aparecem alguns outros gigantes da indústria. O próprio CEO da FTX, nome que deu início a toda essa discussão, achou os pontos de Buterin “bastante razoáveis”. Já Changpeng Zhao da Binance apenas concordou com tudo, respondendo com um emoji de joinha.
Deu palpite em tudo, mas não falou sobre o Ethereum
Quando o assunto é regulamentação, um dos maiores debates envolve a classificação das criptomoedas.
Em suma, tanto reguladores quanto investidores tentam descobrir se determinada criptomoeda é uma commodity ou então uma security. Ou seja, se é uma mercadoria como ouro e trigo ou se é um valor mobiliário como ações de uma empresa.
Sendo a segunda maior do mercado, valendo mais de R$ 1 trilhão, o Ethereum também está nesta discussão. Enquanto o presidente da SEC acredita que o ETH seja uma security, o presidente da CFTC afirma que o ETH é apenas uma mercadoria, assim como o Bitcoin.
Por fim, Vitalik Buterin passou longe desse assunto, talvez não querendo chamar atenção para si. De qualquer forma, é possível que este seja o tópico de maior impacto para o futuro de diversos projetos que hoje trabalham dentro do Ethereum.