Sendo um ativo novo, com pouco mais de 13 anos, o Bitcoin está começando a enfrentar seus primeiros testes de reação a eventos catastróficos. Como exemplo, temos a pandemia, bem como a recente tensão entre a Rússia e Ucrânia que, muito além da queda do Bitcoin, podem dar início a uma guerra.
Conforme é difícil saber o andamento das conversas entre os dois países, muitos mercado estão estressados assim como aconteceu no início das restrições da pandemia.
Além das bolsas, obviamente as movimentações de tropas militares russas e o envolvimento dos EUA estão mexendo com o preço do Bitcoin, com queda de 16% na semana.
Mais um teste para o Bitcoin
Em seu primeiro grande teste, podemos concluir que o Bitcoin teve um bom desempenho. Enquanto governos imprimiam dinheiro como resposta à pandemia, preocupando seus cidadãos com uma inflação crescente, o Bitcoin teve um de seus melhores desempenhos, chegando aos 69 mil dólares.
Entretanto, vale notar que durante o começo da pandemia o ativo enfrentou períodos sombrios. Em especial, podemos citar o início de março de 2020, onde o bitcoin derreteu cerca de 60% em poucos dias.
Agora com um potencial conflito entre a Rússia e Ucrânia — e com os EUA e outros países prontos para tomar ações —, o Bitcoin já está vivendo seu próximo teste, desta vez em meio a um mercado de baixa que já dura mais de três meses.
Períodos de guerra e inflação
Além do estresse nas cadeias de produção e abastecimento, conflitos e guerras também são marcados por períodos de alta inflação.
Afinal, além de sanções entre países e perda de mão de obra, governos tendem a esquecer da economia, injetando cada vez mais dinheiro para financiar tais operações.
Na imagem abaixo podemos ver países que enfrentaram hiperinflação durante as duas primeiras guerras, período onde ignoraram a falta de lastro de seu dinheiro, bem como após o fim do padrão ouro em 1971, quando as moedas fiduciárias passaram a não ter lastro algum.
Portanto, embora ninguém queira uma guerra, é difícil não imaginar que o BTC seja uma proteção contra tais eventos no longo prazo, como aconteceu com o ouro na República de Weimar (Alemanha).
Sanções à Rússia
Sendo um ativo sem bandeira, assim como o ouro, o Bitcoin pode ser usado por ambos lados deste conflito. Curiosamente a Rússia aprovou um conceito que trata o Bitcoin como moeda no início deste mês, bem como a Ucrânia, país com a maior porcentagem de usuários, também o legalizou uma semana depois.
Em relações às sanções econômicas à Rússia, já iniciadas pelo Reino Unido e aguardando outras por parte dos EUA, Japão e países da União Europeia, não será surpresa caso a Rússia decida usar o Bitcoin para contorná-las.
Antes mesmo desta tensão com a Ucrânia, a Rússia já se mostrava incomodada com o domínio dos EUA, afirmando que o país “usa sua moeda nacional como uma arma econômica em escala internacional.”
Além disso, Vladimir Putin já afirmou ser muito cedo para falar sobre criptomoedas no comércio de recursos. Entretanto, o relógio segue correndo e seu uso não parece questão de “se” e sim “quando”.
Portanto, ainda que o Bitcoin esteja sofrendo com a incerteza das proporções que este conflito pode chegar, é preferível ter um ativo apolítico na carteira do que alguma moeda fiduciária, estas últimas mais suscetíveis a morrer.
Em comparação ao ouro, outra proteção para tais eventos, é válido relembrar as vantagens do Bitcoin. Além de ser facilmente armazenado e transportado, o BTC também possui um mercado mundial líquido, permitindo transações 24/7 para qualquer lado do mundo em minutos.