Ex-líder do Facebook diz que criptomoeda de Zuckerberg foi “morta politicamente”

A ideia de uma stablecoin liderada por uma gigante tecnológica como o Facebook gerou alarme entre reguladores globais. Um relatório do Grupo de Trabalho do Presidente sobre Mercados Financeiros, divulgado em novembro de 2021, alertou para o risco de concentração excessiva de poder econômico caso uma empresa como o Facebook controlasse uma parte do sistema financeiro.

O projeto de criptomoeda do Facebook, inicialmente conhecido como Libra e posteriormente rebatizado como Diem, chegou ao fim sob pressão política, de acordo com David Marcus, ex-líder do projeto.

Em uma postagem no X (antigo Twitter), Marcus classificou o fim do projeto como uma “matança política” orquestrada nos bastidores, sem base legal ou regulatória.

O projeto, vendido ao Silvergate Bank em janeiro de 2022, foi oficialmente encerrado um ano depois, quando o banco abandonou o investimento. Apesar de esforços para apaziguar reguladores, incluindo o apoio limitado de alguns membros do Federal Reserve, Marcus revelou que a oposição da Secretária do Tesouro, Janet Yellen, foi decisiva para o fim da moeda digital.

Em reuniões com o presidente do Fed, Jerome Powell, Yellen teria demonstrado preocupações sobre possíveis repercussões políticas, levando o Federal Reserve a desencorajar bancos participantes de avançarem com o projeto.

“Apesar de dois anos de trabalho ininterrupto e mudanças para atender às exigências de legisladores e reguladores, tudo terminou quando o Fed organizou chamadas com bancos participantes para desencorajar a continuidade do projeto”, escreveu Marcus. Ele destacou que essa ação marcou o ponto final do Diem, com a declaração: “E assim, de repente, acabou.”

O impacto político e econômico

A ideia de uma stablecoin liderada por uma gigante tecnológica como o Facebook gerou alarme entre reguladores globais. Um relatório do Grupo de Trabalho do Presidente sobre Mercados Financeiros, divulgado em novembro de 2021, alertou para o risco de concentração excessiva de poder econômico caso uma empresa como o Facebook controlasse uma parte do sistema financeiro.

“Essa combinação poderia criar desequilíbrios e ameaçar a estabilidade financeira”, destacou o documento.

Destino dos ex-funcionários

Com o fim do projeto, muitos de seus antigos integrantes se juntaram a novas iniciativas blockchain. Entre elas estão as plataformas Aptos e Sui, que utilizam a linguagem de programação Move, desenvolvida originalmente para a Diem.

Enquanto isso, David Marcus segue no mercado de criptomoedas, agora à frente da Lightspark, uma startup voltada à expansão da rede Lightning do Bitcoin.

O fim da Diem é um exemplo dos desafios políticos e regulatórios enfrentados por projetos de criptomoedas ligados a grandes empresas tecnológicas, revelando a complexidade de equilibrar inovação financeira e preocupações governamentais sobre concentração de poder econômico.

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