O presidente do Banco Central da Argentina (BCRA) afirmou que espera regulamentar o Bitcoin em breve, principalmente na interseção com o mercado de câmbio e sistema de pagamento local.
Como tecnologia, o banco central já deixou claro que não confia no Bitcoin, após um alerta feito para investidores da Argentina nos últimos meses. E apesar das negativas do governo, há uma preocupação com a entrada de mais argentinos nesse setor.
A empresa Mercado Livre, por exemplo, comprou Bitcoin como reserva de valor após ter problemas com o câmbio do país onde tem sede. De fato, a situação cambial da Argentina é complicada, com uma enorme desvalorização em relação ao Dólar.
Além disso, a alta inflação do país pressiona a população que perde cada vez mais seu poder de compra, com uma moeda, o Peso argentino, cada vez mais fraco.
Presidente do Banco Central da Argentina: “vamos regulamentar a interseção do Bitcoin com o mercado de câmbio”
A agência nacional de notícias da Argentina, Télam digital, noticiou uma fala do presidente do BCRA, Miguel Ángel Pesce, na última terça-feira (10). Em um evento organizado pelo Instituto Argentino de Executivos de Finanças (IAEF), ele acabou falando sobre o Bitcoin.
“O presidente do Banco Central (BCRA), Miguel Pesce, garantiu hoje [10/08/2021] que a instituição está trabalhando para alertar investidores pouco sofisticados sobre os riscos de se investir em criptomoedas como o Bitcoin e que, além do uso transacional que pode ser dado a esses instrumentos, quer evitar ser vinculado ao mercado de câmbio.”
Na sua fala, ele afirmou que o Bitcoin não é um ativo financeiro. Em sua opinião, como o BTC não tem nenhum lastro e nem pode gerar rentabilidade, deve-se evitar que investidores se exponham a essa tecnologia.
Para Miguel, o Bitcoin foi criado para retirar do estado o poder de emitir o dinheiro, devendo então ser regulamentado em breve.
“Bitcoin foi criado como um mecanismo de transação substituto para o dinheiro onde o Estado não desempenhava um papel”.
Como seu preço de mercado sobe, o presidente do BCRA afirmou que investidores ficam confusos com a tecnologia. Assim, há o medo que o Bitcoin se misture ao mercado de câmbio argentino, devendo o banco central ser a entidade responsável pela criação de regras ao setor.
Situação do Bitcoin no país pode ficar complicada
A Argentina é um dos países sul-americanos que receberam alguma proposta de regulamentação do Bitcoin nos últimos meses. Uma delas é a proposta de pagamento de salários em Bitcoin para assalariados, que pode ser feita em comum acordo entre funcionários com seus chefes, caso legalizada.
Mesmo assim, há circulando dois projetos de criação de criptomoedas estáveis no país, que podem servir para fazer frente ao Bitcoin. Uma delas seria lastreada no Lítio, com a pública intenção de “acabar” com a principal criptomoeda.
Fora as concorrentes e a atual pressão por regulamentação, o Banco Central da Argentina planeja lançar até o mês de novembro próximo um sistema de pagamentos instantâneos similar ao PIX brasileiro, mas chamado de Transfer 3.0.
Nos últimos dias, o Grupo Dietrich, importante empresa e com concessionárias da Volkswagen e Ford no país, anunciou que irá aceitar o Bitcoin como meio de pagamento pela reserva dos carros 0 km.
Com a nova possibilidade, um cliente já até realizou o pagamento por um Volkswagen Nivus Confort, pagamentos intermediados em parceria com uma startup cripto local.
Dessa forma, a pressão o governo coloca várias armas na mira do Bitcoin, em uma tentativa de conter a adoção no país.