A China está intensificando suas medidas contra a mineração de criptomoedas, destacando um esforço renovado para eliminar as atividades de mineração no país. A Comissão Municipal de Desenvolvimento e Reforma de Pequim, em colaboração com outros 11 departamentos, divulgou um plano revisado que visa a “conservação de energia” em um “nível e qualidade mais elevados”.
Conforme comunicado oficial do governo chinês, o esforço não é isolado, refletindo uma tendência mais ampla na China contra a mineração de criptomoedas, que foi formalmente banida em setembro de 2021, quando o país declarou ilegais todas as transações financeiras envolvendo criptomoedas.
A ação veio em um momento crítico, com o banco central da China testando sua própria moeda digital, o yuan digital, e o país enfrentando uma crise de energia sem precedentes.
Pequim enfatizou a necessidade de retificar e monitorar rigorosamente as atividades de mineração de criptomoedas para “assegurar a eficiência energética” e alinhar com suas “metas climáticas”.
O governo chinês tem como objetivo alcançar a neutralidade de carbono até 2060, e a mineração de criptomoedas, particularmente a mineração de Bitcoin, tem sido criticada por obstruir esses objetivos devido ao seu alto consumo de energia.
Beijing, China, requires strengthening the monitoring and analysis of cryptocurrency mining activities in 2024 and resolutely cracking down on cryptocurrency-related mining activities in Beijing in accordance with laws and regulations. https://t.co/uY6eUTc3Vx
— Wu Blockchain (@WuBlockchain) February 4, 2024
Tolerância zero para mineração de criptomoedas
O porta-voz do governo, Meng Wei, descreveu a mineração de Bitcoin como “extremamente prejudicial”, prometendo uma fiscalização mais rigorosa das atividades de mineração.
O governo chinês identifica claramente a mineração de criptomoedas como uma área necessitando de uma “limpeza absoluta”, indicando uma política de tolerância zero para operações de mineração que desafiam o governo.
Esta posição reflete a postura nacional da China contra a mineração de criptomoedas, vista anteriormente em proibições e regulamentações rigorosas impostas ao setor.
Os argumentos da China são vários, abrangendo desde preocupações com a segurança energética até o alinhamento com objetivos de neutralidade de carbono.
Pequim, como capital, lidera pelo exemplo, adotando uma postura estrita contra práticas consideradas prejudiciais ao meio ambiente e à estabilidade energética da região.
Enquanto isso, em outras partes do mundo, como nos Estados Unidos, verificações de “emergência” sobre o uso de energia por atividades de mineração de criptomoedas foram iniciadas para enfrentar as demandas de energia durante o inverno.
A Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA) solicitou um estudo sobre instalações de mineração de criptomoedas, citando que a mineração de Bitcoin causou aumento na conta de luz.
O debate em torno da decisão da China de reprimir a mineração de criptomoedas, particularmente o Bitcoin, envolve várias facetas, incluindo de controle estatal.
Uma perspectiva crítica sugere que, por trás de supostas preocupações com a conservação de energia e metas ambientais, o governo chinês quer, na verdade, manter um alto grau de controle sobre o sistema financeiro e, por extensão, sobre seus cidadãos.
Este ponto de vista argumenta que a proibição da mineração de criptomoedas é parcialmente motivada por um desejo de limitar a liberdade financeira dos cidadãos chineses.
A China, vale lembrar, tem um histórico de regulamentação rigorosa sobre o seu setor financeiro, com o governo mantendo um controle apertado sobre o fluxo de capital e as transações financeiras.
Criptomoedas, por natureza, desafiam esse controle devido à sua descentralização e à capacidade de permitir transações anônimas. Ao proibir a mineração de criptomoedas, o governo chinês pode estar buscando prevenir um sistema financeiro paralelo que escapa ao seu controle regulatório e de vigilância.
Enquanto isso, a China tem trabalhado no desenvolvimento de sua própria moeda digital de banco central (CBDC), o yuan digital. Ao eliminar a concorrência das criptomoedas descentralizadas, o governo pode facilitar a adoção de sua CBDC, que oferecerá ao Estado capacidades sem precedentes de vigilância e controle sobre as transações financeiras.